Como realizar a procissão com o evangelho de maneira mistagógica - Parte IV
Publicado em: 27/06/2019


Olá amigos e amigas!

Como é bom estarmos juntos para mais uma reflexão da nossa Sagrada Liturgia.

Hoje vamos continuar refletido COMO REALIZAR A PROCISSÃO COM O EVANGELHO DE MANEIRA MISTAGÓGICA. Faremos a Parte IV

BEIJO DO EVANGELIÁRIO

Após a proclamação do Evangelho o padre (bispo) beija o Evangeliário.

É um costume que vem da tradição da sinagoga, quando se beijava os rolos da Tora após a leitura. É um gesto de amor e de veneração para com a Palavra de Cristo.

Conclui todos os gestos de homenagem e veneração que usamos com o Evangeliário. Beijamos aquilo que é mais valioso e normalmente pela relação que temos com alguma pessoa querida. No livro se honra aquilo cuja palavra contém: o Cristo. A Ele é a quem se expressa, por meio de um beijo, o amor e a estima.

O padre (bispo) beija o livro em nome de todos, pois é ele quem preside a celebração. Pode abençoar o povo com o Evangeliário (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 175).

ESTAR DE PÉ

Todos ouvem o Evangelho em pé (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 62; Ordo Lectionum Missae - Elenconto das Leituras na Missa, 23).

É sinal de vigilância e também simboliza a nossa condição de ressuscitados com Cristo, gesto de respeito ao Evangelho, de homenagem a Cristo que fala: “os presentes voltam-se para o ambão, manifestando uma especial reverência ao Evangelho de Cristo” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 133).

É a pessoa humana como um todo que aclama: corpo - coração – mente.

Posição de prontidão, do soldado que vigia. Estamos prontos para ouvir a mensagem maior da fé, levando ao mundo inteiro: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todo criatura” (Marcos 16,15).

Estamos prontos para vivê-la no cotidiano. Estamos prontos no limite da exigência, a dar a vida por Aquele que anunciou a mensagem, como milhões e milhões de mártires ao longo dos séculos de cristianismo.

Ouvimos de pé, na posição de respeito e delicadeza, como nos levantamos diante de uma pessoa respeitável pela idade, pela dignidade, pela amizade. A proclamação do Evangelho merece atenção e acolhida. É um presente em palavra e vida que Jesus nos deixou.

Ouvimos de pé como expressão de liberdade, de consciência, de compromisso com o que ouvimos. Não é algo que vem de fora, como uma palavra arbitrária, dita por alguém que manda, mas que vem do interior da própria pessoa.

PREPARAÇÃO DO MINISTRO QUE VAI PROCLAMAR O EVANGELHO

A bênção ou a oração mostram a importância desta leitura.

Por que só os ordenados podem fazer a proclamação do Evangelho? Porque a ordenação tornou a pessoa “um sinal do Cristo”. É uma forma se significar ou expressar mediante um sinal, que quando na celebração se proclama o evangelho é o Cristo mesmo que fala (Sacrosanctum Concilium, 07; Instrução Geral sobre o Missal Romano, 55). Vai emprestar a voz a Cristo na proclamação do seu Evangelho, e isto é muito importante, por isso quem vai proclamar este mistério não se dirige para o ambão, mas antes inclina-se diante do altar, que é o “sinal de Cristo” e se reconhece indigno de fazê-lo, e suplica a assistência divina, com a oração: “Purifica-me Senhor...”. Se for diácono (ou presbítero na missa presidida pelo bispo) se inclina diante do presidente e pede a bênção em voz baixa: “Dai-me a tua bênção”. O presidente responde: “Que o Senhor...” E faz sobre ele o sinal da cruz: “Em nome do Pai, e do Filho...”. E ele responde: “Amém”.

Os documentos da Igreja dizem que muitos destes sinais que analisamos “não são obrigatórios”, mas “muito convenientes”, pois a riqueza do sinal expressa simbolicamente a presença do Senhor e o anúncio do Evangelho que não se pode perder. Não devemos transformar a liturgia em puro verbalismo, não podemos despojá-la de sua “exuberância celebrativo-ritual”. Aos poucos vão tirando os seus sinais como se tiram os ramos de uma árvore. Foram podando os ramos! O perigo é sobrar só o tronco, onde não há mais galhos, nem beleza, nem vida!

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto