Como realizar a Procissão das Oferendas da Celebração Eucarísica de modo Mistagógico
Publicado em: 05/09/2019


COMO REALIZAR A PROCISSÃO DAS OFERENDAS DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DE MODO MISTAGÓGICO

Parte VII

Olá amigos e amigas!

Como é bom estamos juntos para refletir sobre a nossa Sagrada Liturgia.

Depois de refletirmos sobre o que a Igreja tem a dizer sobre a Procissão das oferendas na celebração Eucarística, vamos agora então refletir: COMO REALIZAR A PROCISSÃO DAS OFERENDAS DA CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DE MODO MISTAGÓGICO. Faremos a Parte VII.

A PROCISSÃO DAS OFERENDAS

Ao trazerem o pão e o vinho os cristãos pretendem significar sua participação nos frutos da Eucaristia. É a expressão do sacerdócio dos fiéis (sacerdócio comum= batismo).

Não pode ser reduzida a um transporte, simples ou mais solene, do pão e, do vinho e da água para a refeição eucarística. Temos que lembrar o seguinte:

  • gesto de partilha da vida e dos bens que sustentam a vida entre os irmãos;
  • recorda a todos a vontade expressa de Jesus em estabelecer o Reino de Deus;
  • se faz com alegria e satisfação (festa semanal).

É um momento significativo, pois levamos para o altar o pão e o vinho que vão ser transformados em Corpo e Sangue do Senhor. As oferendas precisam aparecer de forma clara e digna.

Temos que ter consciência do que levamos, para ser feito com toda a dignidade, com a consciência de quem carrega a matéria para o sacrifício eucarístico, com ar de alegria, fé, esperança, entusiasmo...

A procissão deve ser visível a toda a comunidade. Se as cestas para a coleta vão entrar, logo em seguida, deixar um espaço para que possa aparecer o pão e o vinho.

Deve haver a participação da assembléia, não deve ser realizada por membros da equipe de liturgia. Dê oportunidades para que outras pessoas possam participar. Tenham a certeza que ficarão muito alegres e agradecidas por este momento.

Poderá haver participação especial de fiéis: primeira eucaristia, crisma, bodas, dia das mães, pais, das crianças...

Nunca deve participar desta procissão objetos que são estranhos a ela: lavabo, corporal, sininho...

Em certas celebrações comemorativas ou para ressaltar algum aspecto da comunidade o Doc. 43, da CNBB, no número 293, diz que outros objetos podem entrar. Nos sinais que entram está a nossa participação no sacrifício eucarístico, e também o sinal da oferenda da nossa própria vida, a fim de que, unida a Cristo, transforme-se em oferenda agradável ao Pai. É sinal de nossa gratidão, de nossa disponibilidade de colocar a nossa vida a serviço de Deus e dos irmãos.

Lembrem-se que os sinais entram ANTES  do pão e do vinho. As matérias para o sacrifício (pão-vinho) sempre entram por último.

Ofertar, oferecer, dar, parece ser um dado antropológico muito profundo, tem a ver com doar, que é essencial ao ser humano. Temos necessidade disso. Percebemos como isto nos satisfaz profundamente, enquanto que o gesto contrário, de guardar tudo para nós mesmos acaba nos frustrando.

No caso específico da Celebração Eucarística, ofertamos ao Senhor, a Deus, ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Mas não o fazemos por nós mesmos, por nossas forças e méritos, nem por nosso intermédio, ou seja, não nos aproximamos sozinhos, mas sim com o próprio Jesus. É Ele quem faz a oferta ao Pai. Ele se entregou a si mesmo até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8), sendo capaz da doação total, por amor a seu povo e a cada um de nós. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos (cf. Jo 15, 13).

Por isso, ao nos aproximarmos do altar, em procissão, trazendo o pão e o vinho, colocamos tudo nas mãos de Cristo, que os une a seu gesto de entrega, de doação, de oferta e faz deles assim uma hóstia (vítima) santa. É uma ação ritual específica, que nos vem da tradição e que deve ser desenvolvida numa dimensão mistagógica. Em primeiro lugar, porque só assim mergulharemos de fato e inteiros na grandeza do Mistério que celebramos e, não menos importante, porque essa é a única forma de passarmos da aparência ao coração.

A procissão transmite um profundo significado de que nosso mundo é realmente levado diante de Deus, de forma consciente. O caminhar para o altar é o caminhar de toda a assembléia (subjetivar a objetividade do rito). Faz presente também, por antecipação, o futuro melhor, a sociedade nova que Deus prometeu, que aguardamos e preparamos, em mutirões, associações, cooperativas.

Podemos perceber que o gesto de trazer o pão e o vinho reveste-se de importâncias maiores, devido a tantos significados subjetivos que, muitas vezes, na objetividade do rito, deixa passar despercebido.

Não se aconselha levar o cálice na procissão das oferendas já com vinho dentro. Pois haverá a preparação do altar, onde é derramado o vinho e a água no cálice, como parte da preparação do cálice.

Devemos nos lembrar de que não é a apresentação das oferendas que realiza o sacrifício, mas o memorial da Ceia, que se dá na Oração Eucarística. Pois antes de dar graças, o Senhor tomou o pão e o vinho.

Os vasos sagrados onde são levados o pão e o vinho precisam ser dignos, (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 327-333), pois através deles se expressa o sacramento que celebramos, recordam verdadeiramente a função que cumprem.

A procissão das oferendas e da comunhão tem estreita relação entre si e marcam um duplo movimento do pão e do vinho: da nave para o altar (oferendas), do altar a nave (comunhão). Levam os dons de Deus: o pão e o vinho, e recebem novo dom de Deus: Corpo e Sangue de Cristo.

Existem dois modos de realizar a procissão:

a-) da credência até o altar;

b-) de um determinado lugar da Igreja (nave) até o altar.

A patena que deve ser levada para o altar deve conter o pão do sacerdote e outros pães que serão distribuídos aos fiéis (IGMR 333).

De tudo o que foi colocado acima podemos perguntar:

De que forma as pessoas (ministros) conduzem o pão e o vinho até o altar?

Que gestos rituais são realizados por aqueles que, em nosso nome, transportam até o altar a matéria para o sacrifício eucarístico?

As pessoas que são “escolhidas” ou chamadas para exercer este ministério em uma celebração, possuem consciência de tudo que vai subjetivamente embutido nos dons, nas matérias objetivas que apresentamos ao Senhor?

O gesto externo realizado durante este momento ritual, revela um sentido teológico e traz em seu bojo uma atitude espiritual interior, para que, de fato, possa atingir, de modo mistagógico a cada celebrante?

Desculpem, hoje a reflexão ficou muito longa!

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto