Maria: Mãe do Senhor ou Ídolo? - Parte II
Publicado em: 30/04/2020


Olá amigos e amigas!

Mais uma vez estamos aqui para refletirmos sobre na nossa Sagrada Liturgia.

Hoje queremos dar continuidade à reflexão que iniciamos na semana passada: MARIA: MÃE DO SENHOR OU ÍDOLO? Faremos a Parte II.

O que diz a Igreja a este respeito?

Duas coisas:

1. O CULTO A MARIA NÃO É O MESMO CULTO DADO A DEUS-TODO PODEROSO.

“Este culto, tal como existiu sempre na Igreja é de todo singular, mas difere essencialmente do culto de adoração que é prestado ao Verbo encarnado e do mesmo modo ao Pai e ao Espírito Santo e muito contribui para ele” (Lumen Gentium – sobre a Igreja, 66).

A Deus prestamos um culto de adoração, a Maria um culto de veneração. A honra prestada a uma imagem é uma “veneração respeitosa” e não uma adoração, que só compete a Deus.

2. A IMAGEM NOS LEVA A DEUS.

O Catecismo da Igreja Católica nos números 1159-1161 e 2129-2132 vai falar sobre a honra que prestamos a uma imagem. Vai dizer que “O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro mandamento que proíbe os ídolos. De fato, a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original, e quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada. A honra prestada às santas imagens é uma ‘veneração respeitosa’, e não uma adoração, que só compete a Deus” (CIC, 2132).

Santo Tomás de Aquino nos diz: “O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem” (Suma Teológica 2-2,81,ad 3).

São Damasceno também nos diz: “Antigamente Deus, que não tem corpo nem aparência, não podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora, que se mostrou na carne e viveu com os homens, posso fazer uma imagem daquilo que vi de Deus. Com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor” (Imagem 1, 16-93).

A imagem sacra representa principalmente o Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível. É a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova maneira de entender as imagens sacras.

Além do mais, a imagem sacra transcreve a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela palavra. Imagem e Palavra iluminam-se mutuamente.

Todos os sinais de celebração litúrgica são relativos a Cristo. As imagens dos Santos e da Santa Mãe de Deus significam o Cristo que é glorificado neles.

Não posso ficar parado na imagem sacra, mas ela me remete a Cristo. É como um vidro da janela. Quando olho não contemplo o vidro, mas o belo jardim que está além do vidro. Assim é a imagem sacra: leva-me a contemplar o Cristo.

Foi contra os iconoclastas que eram hereges que, sobretudo, nos séculos VIII e IX, negavam a legitimidade do culto às imagens, que o Concílio Ecumênico de Nicéia (787) falou do culto às imagens sacras não só de Cristo, como também da Mãe de Deus, dos Anjos e de todos os Santos.

“A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus” (Concílio de Nicéia. DS 600-96).

A contemplação das imagens sagradas, associada à meditação da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se exprima, em seguida, na vida nova dos fiéis.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto