Maria na Liturgia - Parte I
Publicado em: 09/07/2020


A liturgia, com sua força atualizante, frequentemente coloca diante de nossos olhos a figura de Maria de Nazaré, que se “consagrou totalmente como serva do Senhor, à pessoa e à obra do seu Filho, servindo sob ele com ele ao mistério da redenção” (Lumen Gentium 56).

Por isso, sobretudo nos atos litúrgicos, a Mãe de Cristo brilha como modelo de virtude e de fiel cooperadora na obra da salvação. 

A liturgia usa vários termos para expressar a exemplaridade de Nossa Senhora: Modelo, especialmente quando quer sublinhar a sua santidade e propô-la à imitação dos cristãos como fiel serva do Senhor e perfeita discípula de Cristo; Virgem, Esposa, Mãe, quando deseja indicar que a vida e a condição existencial de Maria prefiguram a vida da Igreja e servem de guia no caminho da fé e no seguimento do Senhor; Imagem, quando procura sublinhar que em Maria, já perfeitamente configurada ao seu Filho, a Igreja “contempla com alegria, como numa imagem puríssima, aquilo que ela mesma anseia e espera ser” (Sacrosanctum Concilium 103).

Por isso, a Igreja, na Sagrada Liturgia, convida os fiéis a imitarem Nossa Senhora, sobretudo na fé e obediência com as quais ela aderiu amorosamente ao projeto salvífico de Deus. Em especial, os hinos e os textos eucológicos (litúrgicos) mostram uma rica e esplêndida série de virtudes que a Igreja, em sua secular experiência de oração e de contemplação, descobriu na Mãe de Cristo.

A exemplaridade de Nossa Senhora, que emerge do próprio ato litúrgico, induz os fiéis a configurarem-se com a Mãe para melhor configurarem-se com o Filho.

Leva-nos também a celebrar os mistérios de Cristo com os mesmos sentimentos e atitudes com que a Virgem esteve ao lado do Filho no nascimento e na epifania, na morte e ressurreição. Isto é: impulsiona-nos a conservar cuidadosamente a Palavra de Deus e a meditá-la amorosamente; louvar a Deus com alegria e dar-lhe graças com júbilo; a servir fielmente a Deus e aos irmãos e irmãs e oferecer generosamente até a vida por eles; a orar ao Senhor com confiança; a ser misericordiosos e humildes; a observar a lei do Senhor e fazer a sua vontade; a amar a Deus em tudo e acima de tudo; a velar na expectativa do Senhor que vem.

Mas é preciso levar a sério a Liturgia, celebrá-la com profundidade espiritual, vencer o formalismo e o rubricismo, e superar a tentação da teatralização do exibicionismo. Em vez disso, precisamos nos capacitar para fazer da Liturgia a fonte da vida espiritual dos fiéis e do ano litúrgico um itinerário de vida espiritual, com a inspiração e o auxílio de Maria e de todas as testemunhas da fé.