5º Domingo da Páscoa
Publicado em: 22/04/2016


Em Cristo, morto e ressuscitado, revela-se a misericórdia do pai que consola, perdoa e da esperança”

 

Leituras: Atos 14, 21b-27; Salmo 144 (145), 8-9.10-11.12-13ab (R/ cf. 1); Apocalipse 21, 1-5a; e João 13, 31-33a.34-35.

 

COR LITÚRGICA: BRANCO OU DOURADO

Animador: O Senhor ressuscitou! Aleluia! Nesta páscoa semanal, Jesus nos convida a viver o verdadeiro amor, que é o bem do próximo, o respeito e a dignidade. Esse amor constrói a paz, perdoa sempre e cria comunidade. Devemos estar sempre atentos ao mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

 

1. Situando-nos

Celebramos hoje o domingo do mandamento novo: o mandamento do amor. O amor deve ser a “carteira de identidade” do discípulo de Cristo. Este amor supõe a entrega total, em serviço e doação, de nossa vida a Deus e aos irmãos e irmãs.

Jesus despede-se de seus discípulos e deixa-lhes em testamento o “mandamento novo”: “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. É nessa entrega radical da vida que se cumpre a vocação cristã e que se dá testemunho, no mundo, do amor materno e paterno de Deus.

No tempo Pascal, a igreja vivendo o novo mandamento, é convidada a portar-se como Cristo Ressuscitado, porque está imbuída do seu Espírito. Com razão, Tertuliano chamava atenção para o fato de que estes cinquenta dias que se estendem, desde a Vigília Pascal, chama-se “Pentecostes”, pois este Espírito, que é amor, foi derramado no coração dos fiéis. E para estes, durante este tempo, não cabe nenhuma atitude ou gesto de tristeza.

 

2. Recordando a Palavra

No Evangelho, Jesus se despede dos discípulos. Neta despedida, o evangelista João, ao usar a expressão: “Agora foi glorificado o Filho do Homem” (Jo 13,31), traz presente toda a vida e a missão de Jesus. A glorificação de Jesus está relacionada com a revelação, a fidelidade ao projeto de Deus por meio da realização do Mistério Pascal. Esta manifestação se dá a partir de sinais e da adesão de Jesus à vontade do Pai.

No antigo testamento, fenômenos da natureza, por exemplo, fogo, trovões, relâmpagos, simbolizam a gloria de Deus. Jesus, entretanto, sendo um ser humano, manifesta a glória por meio do amor. Para Jesus a glorificação não passa pelas coisas grandiosas, mas por sua encarnação. Ele entrega livremente sua vida por amor e fidelidade ao Pai.

Deste modo, ao despedir dos discípulos, Jesus pede: “Filhinhos(...) eu vos dou um novo mandamento amai-vos uns aos outros” (Jo 13,33ª.34a). O ato de Jesus chamar os discípulos de ‘Filhinhos’ revela o afeto e o carinho que tem pelos seus. É este amor pleno, incomensurável que Jesus pede veementemente. Essa é a marca registrada da vivência e do seguimento a nosso Senhor.

Portanto, o que identifica o discipulado de Jesus é a prática do amor. O amor Ágape, isto é, aquele vivido gratuitamente. É justamente este amor gratuito que deve permear a vida dos discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,35). Somente o amor mútuo de um para com o outro, revelará o verdadeiro agir do cristão.

A 1ª leitura (Atos dos apóstolos) destaca a dimensão de ir ao mundo para criar um mundo novo, para construir, pela dinâmica misericordiosa do Mandamento Novo, uma terra nova e um céu novo. Um modo de nos alertar que não é possível mudar a terra e a humanidade com a força da violência, mas somente com o amor traduzido em misericórdia, que sempre é fraterno e gratuito, como contemplamos na vida de Jesus.

Esta leitura traz presente a conclusão da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Na volta da viagem, eles passam pelas comunidades, encorajando os novos seguidores de Jesus, os que iam aderindo ao projeto de Deus revelado por Jesus Cristo. Vão “encorajando os discípulos a permanecerem firmes na fé” (At 14,22).

Os missionários sabiam que acreditar em Jesus e trabalhar pelo Reino significava passar por muitas tribulações. Fazer parte do Reino e torná-lo realidade no mundo supõe enfrentar conflitos que vêm da realidade de pecado existente no mundo. Pelo fato de passar pela cruz, Jesus é o exemplo para aqueles que passaram pelas tribulações. A fidelidade ao projeto, mesmo com tribulações, traz alegria.

Ao visitar as comunidades, Paulo e Barnabé designaram anciãos para cuidá-las (At 14,23). O bom andamento das comunidades exige o bom desempenho dos seus ministérios e serviços. Ao concluir a viagem missionária, “reuniram a comunidade. Contaram-lhe tudo o que Deus fizera por meio deles” (At 14,27). Transparece aqui o espírito da graça de Deus, que ia despertando novos seguidores de Jesus.

O Livro do Apocalipse retoma, de certa forma, a profecia de Isaias 65,17: “Novos céus e nova terra”. Mas amplia sua dimensão para todos os povos e culturas. O projeto de Deus, de construir um mundo novo, quer englobar a todos. Em Jesus Cristo, essa proposta se tornou realidade. Através d’Ele podemos vivenciar a presença do Deus vivo, que armou sua no meio de nós.

Assim, também em Jesus Cristo, deu-se um novo êxodo que possibilitou uma nova libertação. Os sinais da libertação do povo serão a fim das lagrimas, da morte, do luto e da dor (Ap 21,4). Aqueles que acreditarem e permanecerem fiéis, resistindo ao projeto de morte, provarão essa vida nova.

 

3. Atualizando a Palavra

A glorificação de Jesus foi a revelação plena do projeto de Deus. Ela realizou-se em Jesus na condição de humano, que entregou totalmente sua vida na realização da vontade do Pai. Este gesto de entrega de Jesus nos ensina a viver nossa humanidade como Ele viveu, ou seja, no serviço, doando a vida para a construção do Reino.

Realizamos essa missão através da vivência do mandamento que Ele deixou: o Amor. Este é o sinal, o termômetro para verificar se nossas comunidades estão sendo fiéis ao projeto de Jesus. É preciso olhar nossa prática para perceber se estamos ou não concretizando a vontade do Pai.

O amor é feito de gestos concretos. É amando nossos irmãos e irmãs, na vivência da partilha, do perdão, da fraternidade e da solidariedade, que demonstramos nossa fidelidade ao amor de Deus. Essa prática é que vai tornar visível o testemunho que cristo nos convida a dar.

Paulo nos ensina a importância de encorajar as pessoas que vão aderindo à fé em Jesus Cristo, especialmente as lideranças, que têm a missão de garantir a animação das comunidades, no caminho de Jesus. Como Igreja, temos a tarefa de criar comunhão através do apoio mútuo, constituindo um povo de irmãos. As visitas pastorais realizadas pelos agentes querem ser um elo de animação, diante dos desafios enfrentados pelas comunidades. Elas vêm confirmar a fé das comunidades, incentivando-as a permanecer fiéis à prática evangélica.

Um outro aspecto para a homilia e que alimenta a esperança de todos, ouvimos a estupenda visão de São João: um novo céu e uma nova terra e, em seguida, a Cidade Santa que desce de junto a Deus tudo é novo, transformado em bondade, em beleza, em verdade; não há mais lamento, nem luto... Tal é a ação do Espirito Santo: ele traz-nos a novidade de Deus; vem a nós e faz novas todas as coisas. Ainda, a visão de São João nos lembra que todos estamos a caminho para a Jerusalém celeste, a novidade definitiva para nós e para toda a realidade, o dia feliz em que poderemos ver o rosto misericordiosos do Senhor, poderemos estar para sempre com Ele, no seu amor.

Em que sentido o mandamento do amor é novo, se já existia desde o Antigo Testamento? A resposta vem na segunda parte: “Como eu vos amei. ” Desse modo, o amor que Cristo nos ensina é completamente novo, pois com seu exemplo mostrou que é gratuito e universal. Assim apresenta-nos um novo tipo de sociedade, baseada no amor.

A comunidade cristã se apresenta hoje como alternativa, como proposta nova para todas as sociedades “antiquadas” deste mundo, ainda baseadas na competição, no domínio, no poder. A história nos mostra que o ódio, a vingança, as buscas do poder só geraram morte, opressão. É preciso mudar esse quadro e Jesus nos aponta o caminho. O amor é a grande lei, o sinal dos que seguem a Jesus: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. ”

Para as comunidades do Discípulo Amado, também chegará a hora. Para cada discípulo ou discípula, o encontro com Jesus acontece numa hora marcante e inesquecível (João 1,39). Mas, o suspense, que existiu entre Jesus e o mundo, continuará a existir entre a comunidade e o mundo. Para a comunidade chegará uma hora semelhante à de Jesus (João 16,2). Esta hora significa perseguições e morte (João 16,4). Diante do exemplo deixado por Jesus, as comunidades chegarão, através desta hora, à alegria que vem de Deus (João 16,21-22).

Deixemo-nos guiar por Ele, deixemos que a ação misericordiosa de Deus nos torne homens e mulheres novos, animados por seu amor. Como seria belo se cada um de vós pudesse, ao fim do dia, dizer: Hoje, em casa, no trabalho, no transito, guiado por Deus, realizei um gesto de amor em favor de um colega, dos meus pais, de um idoso, de uma criança, de um mendigo.

 

4. Ligando a Palavra com ação eucarística

A Oração do Dia calca no coração da assembleia a liberdade e a herança que provém do Senhor por meio de uma súplica a Deus que nos configurou homens e mulheres novos ao nos tratar como filhos e filhas. Esta liberdade e herança, com a qual somos impelidos a progredir na vida, tem sua síntese no amor de Cristo que nos une e reúne (Cf. Aclamação da Assembleia à saudação apostólica: “Bendito seja Deus que nos reuniu ano amor de Cristo) e no Rito do abraço da Paz (“O amor de Cristo nos uniu”). A Eucaristia é celebrada para que os fieis abracem a nova dia.

Na verdade, para que façam a páscoa da antiga à nova, conforme a oração depois da comunhão (Cf. Oração depois da comunhão em que se diz: “fazei passar da antiga à nova vida aqueles a quem concedestes a comunhão com os vossos mistérios”). Porém esta vida nova se dá em Cristo, quer dizer, à medida que Deus permanece em nós e sua glória se faz notar como ocorreu em Jesus, quando da sua paixão e cruz. Por essa razão, a oração que fecha o rito da comunhão começa suplicando: “Ó Deus de bondade, permanecei junto ao vosso povo”.

Segundo o testemunho patrístico, a reunião eucarística era precedida da experiência do amor fraterno e este era o fruto mais genuíno da celebração. Por isso, muito nos alenta a fala do Papa Clemente Romano, no final do século primeiro:

“Todos alimentáveis sentimentos de humildades, sem arrogância, mais dispostos a obedecer do que a mandar, mais felizes em dar do que em receber. Satisfeitos com as provisões que Cristo vos dava e atentos às suas palavras, vós as guardáveis cuidadosamente em seu coração, trazendo os seus sentimentos diante dos vossos olhos. Deste modo, a todos era concedida uma paz profunda e esplendia e um desejo insaciável de fazer o bem, pela abundante efusão do Espírito Santo. Cheios de um santo desejo, e com alegria, estendíeis as vossas mãos para Deus todo-poderoso, implorando a sua misericórdia, quando involuntariamente cometíeis algum pecado. Combatíeis, dia e noite, pela comunidade dos irmãos, a fim de conseguir, graças a essa misericórdia e sentir comuns, a salvação de todos os eleitos” (Clemente Romano - Carta aos Coríntios);

“Éreis sinceros, simples e sem malícia para com os outros. Abomináveis toda revolta e todo o cisma, choráveis os pecados do próximo, consideráveis vossas as suas necessidades. Éreis incansáveis em toda espécie de bem-fazer, sempre prontos para toda boa obra. Adornados por uma vida cheia de virtude e digna de veneração, tudo fazíeis no temor de Deus. Os mandamentos e preceitos do Senhor estavam inscritos no vosso coração” (Clemente Romano - Carta aos Coríntios)

Na liturgia experimentamos o amor de Deus, percebemos sua presença. Deste modo, aprendemos também a reconhecê-lo em nossa vida cotidiana. Na liturgia, a experiência do amor de Deus se converte em alegria e esperança. Somos chamados a amar-nos uns aos outros como Cristo nos amou. Só o amor pode transformar o mundo. A fonte deste amor é o próprio Cristo que recebemos no banquete eucarístico.

 

Preces dos fiéis

Presidente: Nem sempre somos capazes de amor como Jesus pede, por isso certos de nossa fraqueza, peçamos a Deus que venha em nosso socorro.

1. Senhor, que a Igreja seja sempre sinal de unidade e comunhão entre todos. Peçamos:

Todos: (cantado) Dai-nos ó Pai, vosso Espírito de amor, Vosso Espírito de amor.

2. Senhor, que os governantes se esforcem mais para oferecer melhoria digna na saúde para todos. Peçamos:

3. Senhor, para que no meio de nossa comunidade possa haver mais respeito, compreensão e amor. Peçamos:

4. Senhor, que nossos jovens possam participar melhor do projeto de Cristo. Peçamos:

5. Senhor, que nossos dizimistas sejam recompensados pela doação consciente e generosa que fazem para a nossa comunidade. Peçamos:

(Outras intenções)

Presidente: Senhor, sabemos da tua bondade e do teu amor por cada um de nós, por isso recorremos a Ti com nossos pedidos na certeza de sermos atendidos. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

 

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Ó Deus, que, pelo sublime diálogo deste sacrifício, nos fazeis participar de vossa única e suprema divindade, concedei que, conhecendo vossa verdade lhe sejamos fiéis por toda a vida. Por Cristo, nosso Senhor. Todos: Amém.

 

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus de bondade, permanecei junto ao vosso povo e fazei passar da antiga à nova vida aqueles a quem concedestes a comunhão nos vossos mistérios. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

 

AVISOS.

 

BÊNÇÃO FINAL:

Presidente: O Senhor esteja convosco. Aleluia. Aleluia.

Todos: Ele está no meio de nós. Aleluia. Aleluia.

Presidente: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso Pai, Filho e Espírito Santo.

Todos: Amém. Aleluia. Aleluia.

Presidente: Vamos em paz e que o Senhor vos acompanhe.

Todos: Graças a Deus, Aleluia, Aleluia!