Francisco: o apelo pela paz aos jovens, futuros agentes de transformação
Publicado em: 16/09/2020


O Papa Francisco em visita ao Panamá, em 2019, por ocasião da JMJ  (AFP or licensors)

No prefácio da mais recente obra publicada pela Livraria Editora Vaticana, intitulada “Por um saber sobre a paz”, organizada por Gilfredo Marengo, o Papa Francisco se dirige especialmente aos jovens que pretendem se especializar em Ciências da Paz, tornando-se “agentes de paz”. O gosto pelo estudo, afirma o Pontífice, deve ser acompanhado por um coração inspirado no Evangelho, capaz de compartilhar as esperanças e as ansiedades dos homens de hoje imersos num clima de guerra e de violência no mundo.

Andressa Collet, Eugenio Bonanata - Vatican News

“Por que em um mundo onde a globalização quebrou tantas fronteiras, onde todos – se diz - estamos interligados, se continua a praticar a violência nas relações entre os indivíduos e as comunidades?”, questiona o Papa Francisco ao assinar o prefácio da mais recente obra publicada pela Livraria Editora Vaticana (LEV), intitulada “Por um saber sobre a paz” ("Per un saper della pace", em língua original).

“Por que quem é diferente de nós muitas vezes nos assusta de tal forma de assumirmos uma atitude defensiva e desconfiada que com muita frequência se torna uma agressão hostil?”, indaga ainda o Pontífice no texto inédito que introduz o livro - em língua italiana - organizado por Gilfredo Marengo, vice-presidente e professor ordinário de Antropologia Teológica do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família.

“Por que os governos dos Estados acreditam que demonstrar a sua força, mesmo com atos de guerra, pode dar-lhes maior credibilidade aos olhos dos cidadãos e aumentar o consenso de que desfrutam?”. São todas questões que antecipam o pensamento do Papa Francisco na obra, ao encorajar a cooperação entre a Igreja e as universidades, investindo nas jovens gerações para um mundo sem guerras e violências. O Pontífice explica no prefácio a importância de contribuir na formação de agentes de paz, ao recordar sua recente decisão de instituir um ciclo de estudos em Ciências da Paz na Pontifícia Universidade Lateranense, de Roma. O próprio livro propõe uma série de contribuições, a maioria delas provenientes de um seminário de estudos realizado em 2019 na própria instituição.

O prefácio do Papa Francisco

O ponto de partida é uma dimensão particular da "Igreja em saída" que se reflete na colaboração com o mundo acadêmico. Francisco escreve que "a Igreja é chamada a se comprometer com a solução de problemas relativos à paz, à concórdia, ao meio ambiente, à defesa da vida, aos direitos humanos e civis". E, nesse caminho, prossegue o Papa, "o mundo universitário tem um papel central” já que simboliza “aquele humanismo integral que precisa ser continuamente renovado e enriquecido".

Nesse horizonte se destaca, então, um novo desafio acadêmico interdisciplinar baseado num diálogo fecundo entre filosofia, teologia, direito e história. Francisco se diz estar confiante "que um aprofundamento rigoroso dessas linhas de pesquisa, alimentadas também pelas contribuições das ciências humanas, será capaz de fomentar o crescimento de um 'saber sobre a paz' para realmente formar preciosos agentes de paz, prontos a se colocar em jogo nas mais diversas áreas da vida das nossas sociedades".

O kit de formação

Mas o que é preciso para se especializar nesse campo? O Papa indica:

“Um bom agente de paz deve ser capaz de amadurecer um olhar sobre o mundo e a história que não caia em um 'excesso de diagnóstico', que nem sempre é acompanhado de propostas resolutas e realmente aplicáveis. Trata-se, de fato, de ir além de uma abordagem puramente sociológica que tenha a pretensão de abraçar toda a realidade de forma neutra e asséptica.”

O estudo inspirado no Evangelho

Francisco, portanto, nos convida a manter o olhar sobre o contexto sem negligenciar os aspectos práticos, quando indica: "quem pretende se tornar um especialista em Ciências da Paz precisa aprender a estar atento aos sinais dos tempos: o gosto pela pesquisa científica e pelo estudo deve ser acompanhado por um coração capaz de compartilhar as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje a fim de saber realizar um verdadeiro discernimento evangélico”.

Ao se dirigir às pessoas potencialmente interessadas, o Papa dá uma outra indicação. "Envolver-se nesses percursos de formação", esclarece ele, "poderá ser uma ajuda válida para muitos jovens descobrirem que a vocação leiga é, antes de tudo, a caridade na família e a caridade social ou política". Esse, então, adverte o Pontífice, "é um compromisso concreto a partir da fé para a construção de uma nova sociedade".

Os livros da LEV podem ser adquiridos através de contato on-line na página: www.libreriaeditricevaticana.va.