22º Domingo do Tempo Comum
Publicado em: 25/08/2016


“Quem se eleva será humilhado e quem se humilha, será elevado”

 

Leituras: Eclesiástico 3, 19-21.30-31; Salmo 67 (68), 4-5ac. 6-7ab.10-11; Carta aos Hebreus 12, 18-19.22-24a; Lucas 14, 1.7-14.

 

COR LITÚRGICA: VERDE

Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus, a liturgia nos propõe uma reflexão sobre alguns valores que acompanham o grande desafio para viver o “Reino de Deus”: a humildade, a gratuidade, o amor desinteressado. Ao mesmo tempo fala da atitude daqueles que conduzem suas vidas em pura ambição, de luta por poder e superioridade em relação aos outros, e que não chegam a lugar algum. Lembremos hoje da vocação para os mistérios e serviços na comunidade e de um modo especial de todos nossos queridos e queridas catequistas.

1. Situando-nos brevemente

No caminho para Jerusalém, Jesus continua a ensinar. Como hóspede na casa de um chefe dos fariseus, em dia de sábado, observa que as pessoas buscavam os melhores lugares à mesa. Jesus as convida a deixarem de lado a arrogância e a autossuficiência e a acolherem a misericórdia, a compaixão e a gratuidade.

Os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos têm lugar à mesa do Reino. Como Jesus, todo discípulo (a) é convocado a ser pobre com os pobres, companheiro dos pecadores e excluídos. Hoje, a Igreja no Brasil recorda com carinho as (os) catequistas. São milhares de mulheres e homens que se dedicam ao ministério do anúncio e da iniciação à vida cristã. Agradeçamos ao Senhor pela vida e doação dessas pessoas corajosas.

2. Recordando a Palavra

No Evangelho, Jesus está participando de uma refeição, em dia de sábado, na casa de um homem importante do grupo dos fariseus (cf. 14,1). Trata-se, provavelmente, de uma refeição realizada aos sábados, após o serviço religioso na sinagoga.

O sábado era um dia sagrado, em que o povo recordava a criação do mundo e lembrava a libertação da opressão no Egito. O povo fazia a leitura dos profetas, da Lei e rezava salmos de louvor e agradecimento. Jesus cura um homem doente, em dia de sábado (cf. 14, 2-6), mas a liturgia salta esse milagre, pois quer acentuar a humildade e a gratuidade. A igualdade da mesa transforma a situação dos doentes, dos excluídos, tornando-os participantes da sala do bem-estar da vida, não mais espectadores do lado de fora.

“Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares” (14,7). Sua finalidade, porém, não é colocar em questão a refeição, o banquete, mas as normas que o regem. Ele observa que as pessoas estavam preocupadas em buscar privilégios e honras. Em 20,46, Jesus critica os que “gostam dos primeiros assentos nas sinagogas e dos lugares de honra nos banquetes”. O objetivo de Jesus é constituir uma sociedade nova, a partir de uma base que promova progressivamente: “Amigo, vem mais para cima” (14,10).

A fidelidade ao projeto de Deus, revelado nas palavras e gestos solidários de Jesus, leva a superar as desigualdades, a competição social. No Antigo Testamento, já se aconselhava a não buscar os primeiros lugares (cf. Pr 25, 6-7). Jesus relaciona essa mensagem com as exigências para participar do Reino, sendo necessário tornar-se humilde, pequeno, evitando considerar-se justo.

A verdadeira grandeza é a que temos diante de Deus. Ele assegura a cada pessoa o lugar no banquete de seu Reino. A Boa-Nova de Jesus inverte a escala de valores da sociedade. “Quando tu fores convidado, vai sentar-se no último lugar, (...) porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha, será elevado” (14,10-11). As relações e os papeis são redimensionados a partir do Evangelho. O primeiro é aquele que serve, o maior é o último (cf. 22, 24-27).

Prosseguindo o ensinamento sobre os valores autênticos a seguir, Jesus afirma: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos” (14,12). Essas quatro categorias de convidados mostram o que normalmente ocorre na sociedade. Ao convidar as pessoas que podem retribuir, as relações sociais transformam-se em intercâmbio de favores.

A proposta de Jesus inverte essa ordem: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos!” (14,13). Conforme 2Sm 5,8 e Lv 21, 18-23, os cegos, os aleijados não podiam participar do culto no Templo. As quatro categorias referidas não têm como retribuir; não estão presas a nenhum sistema e revelam assim o sentido da gratuidade.

À medida que as pessoas se comprometem com os valores do Reino, libertam-se, fazem a experiência do desprendimento e da gratuidade. Então são felizes, bem-aventuradas (cf. 14,14). A felicidade e a bem-aventurança é a esperança na ressurreição, prometida a quem serve por amor, como Jesus. Todas as pessoas são chamadas a participar do banquete da vida plena, da festa do Reino. É necessário acolher convite de Jesus, tornando-se pequeno para participar desse banquete de vida e salvação.

A primeira leitura é do livro do Eclesiástico. Ensina a viver com sabedoria, na confiança em Deus e na humildade de coração. Apresenta a humildade como força espiritual para conquistar o afeto, o amor das pessoas, mais do que valiosos presentes. Quanto maior é alguém, mais deve se fazer pequeno e assim encontra graça diante de Deus.

Os mistérios de Deus são revelados aos humildes, não aos orgulhosos. A verdadeira humildade consiste no reconhecimento de que só Deus é poderoso e bom. A misericórdia do Senhor é grande e nada faltará aos que confiam em sua graça e salvação. A verdadeira humildade possibilita colocar a vida a serviço dos irmãos com generosidade.

O Salmo responsorial é o 67 (68). O salmista convida a louvar e exaltar a Deus, pois Ele é Pai dos órfãos, protetor das viúvas, ou seja, de todo o povo necessitado. Agradeçamos a esse nosso Deus, que cria um mundo justo, e está sempre presente e atuante na vida e na caminhada de nosso povo.

A segunda leitura, que pertence à Carta aos Hebreus, lida a partir do v. 14, exorta: “Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. O texto de hoje ressalta que a meta última da vida cristã é a comunhão com Deus.

Ao longo da história, o povo experimentou a comunhão de formas diferentes. No deserto, o povo fez a experiência de um Deus próximo, libertador, que caminhava com ele. No Sinai (cf.. Ex 19; Dt 4,11), a comunhão com Deus era mais distante. Por meio da vida, morte e ressurreição de Jesus, o povo aproximou-se do monte Sião, da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste (cf. 12,22).

Jesus revelou a presença de Deus de um modo acessível a toda a humanidade. Com Jesus, aprendemos a nos aproximar de Deus como de um Pai, de forma confiante, assumindo atitudes de amor ao próximo.

3. Atualizando a Palavra

Jesus compara o Reino de Deus a um banquete, a uma ceia de comunhão. Deus quer todas as pessoas sentadas à mesa que Ele mesmo prepara e serve (cf. 12,37). Em Jesus de Nazaré, Deus se fez servo para nos ensinar o caminho do serviço humilde e gratuito como o caminho da felicidade. Jesus foi o primeiro a praticar o que nos ensinou. Quem quiser ser o primeiro deve ser o servidor de todos.

Somos chamados a acolher todas as pessoas, especialmente as mais necessitadas, como Jesus que acolhe os pobres, aqueles que têm defeitos físicos, que ficam do lado de fora, tidos como impuros e pecadores. Jesus torna-se companheiro dos pecados e excluídos, senta-se à mesa, come do mesmo pão (cf. 7,36-50). Ele procura incluir todas as pessoas no banquete do Reino, no banquete da vida, dizendo: “Amigo, vem mais para cima!”.

Entre os seres humanos não deve haver primeiro lugar, pois o primeiro lugar é Deus. Essa verdade assumida e praticada na convivência humana gera a paz e a felicidade. Transforma-se assim em norma de vida, capaz de guiar as pessoas ao serviço mútuo e ao amor humilde, uns para com os outros, como Jesus.

Na entrega gratuita por amor, livre de interesses egoístas, está a verdadeira grandeza de quem se dispõe a seguir o projeto de Deus revelado por Jesus. Quem se torna pequeno experimenta a graça e a misericórdia de Deus.

Como criaturas humanas, glorificamos a Deus na humildade e no serviço gratuito ao próximo. A mensagem de Jesus aponta para o Reino, o novo modo de ser comunidade solidária e fraterna. Com Jesus, aprendemos que a melhor forma de agradar a Deus, de viver em comunhão com Ele é estarmos sempre disponíveis para servir os irmãos com generosidade.

Jesus nos ensina a viver em atitude permanente de serviço em favor dos últimos, dos mais pobres, dos que estão à margem, rejeitados por todos. Ele não proíbe festas, gostar de amigos, familiares, vizinhos, mas para seguir com fidelidade o projeto de Deus é necessário fazer opção pelas pessoas excluídas do banquete da vida.

O Documento de Aparecida, ao tratar sobre a opção pelos pobres, afirma: “É necessária uma atitude permanente que se manifesta em opções e gestos concretos, e evite toda atitude paternalista. Solicita-se dedicarmos tempo aos pobres, prestar a eles amável atenção, escutá-los com interesse, acompanha-los nos momentos difíceis, escolhê-los para compartilhar horas, semanas ou anos e nossa vida, e procurando, a partir deles, a transformação de sua situação. Não podemos esquecer as palavras: ‘Quando deres um banquete, convida os pobres, os inválidos, os coxos e os cegos’ (Lc 14,13)” (DAp, n.397, p.179).

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Somos convidados para o banquete nupcial do Cordeiro. Ele nos convoca de todos os cantos, nos reúne e faz de nós um só corpo. A nossa reunião deve ser sinal verdadeiro de Cristo, que se esvaziando de si mesmo, se fez pobre entre os pobres, rebaixando-se até a humilhante morte de cruz. Para isso, precisamos da graça divina que suplicamos na oração: “Deus do universo, fonte de todo bem, derramai em nossos corações o vosso amor e estreitai os laços que nos unem convosco para alimentar em nós o que é bom e guardar com solicitude o que nos destes” (Oração do Dia).

A Eucaristia e as demais celebrações da Igreja precisam ser lugar de inclusão e sinal do Reino para todos. A prece de dedicação do ritual de dedicação de Igreja reza: “Aqui (nesta igreja) os pobres encontram misericórdia, e todos os homens se revistam da dignidade de vossos filhos, até que, exultantes, chegue, àquela Jerusalém celeste”.

Nesta casa-igreja, onde, ao redor da mesa do altar, celebramos o memorial da Páscoa e nos alimentamos no banquete da Palavra e do corpo de Cristo, não deve faltar lugar para ninguém, não deve haver excluídos. E mais, se a exclusão não é devida no espaço físico, com mais razão não deve ter lugar no espaço da comunidade viva. Que nossa celebração seja um símbolo de comunhão fraterna, imagem da Igreja habitante nos céus.

Preces dos fiéis

Presidente: Ninguém é tão autossuficiente que não tenha nunca necessitado de uma ajuda gratuita. Diante de Deus, todos são necessitados, por isso a Ele entregamos nossos pedidos.

1. Senhor, que a Igreja, servida com humildade, anuncie a Boa-Nova da salvação a todos os povos e nações. Peçamos:

Todos: Dai-nos, Senhor, a graça da humildade.

2. Senhor, que os governantes exerçam suas tarefas com humildade em prol do bem comum. Peçamos:

3. Senhor, dê coragem, fortaleza e perseverança aos cristãos que são discriminados e perseguidos. Peçamos:

4. Senhor, que sua Palavra penetre os nossos corações e nos encoraje a servir aos mais necessitados. Peçamos:

5. Senhor, ampare e abençoe todos nossos leigos, que com amor prestam serviços à nossa comunidade. Peçamos:

6. Senhor, que nossos dizimistas possam contar sempre com o teu amparo e proteção. Peçamos:

(Outras intenções)

Presidente: Senhor, atenda nossos pedidos e ajude-nos a praticar o que enobrece as pessoas, para termos a alegria da gratuidade. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém!

ORAÇÃO DAS OFERENDAS:

Presidente: Ó Deus, o sacrifício que vamos oferecer nos traga sempre a graça da salvação, e vosso poder leve à plenitude o que realizamos nesta liturgia. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém!

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Restaurados à vossa mesa pelo pão da vida, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da caridade fortifique os nossos corações e nos leve a vos servir em nossos irmãos e irmãs. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém!

AGENDA DO BISPO DIOCESANO:

DIA 26 DE AGOSTO – sexta-feira: atendimento na residência episcopal – 09h00; Crisma – Santa Ana – Limeira – Padre Antônio Ramildo.

DIA 27 DE AGOSTO – sábado: Almoço com Anselm Grun – 12h15 – Padre Paulo Sérgio – Padre Marcos Daniel; Abertura da Palestra Anselm Grun – 16h00 – São Benedito – Limeira.

DIA 28 DE AGOSTO – domingo: Missa – Catedral – visita da imagem do profeta Elias – Ordem Terceira do Carmo, às 10h00.

DIA 29/30/31/agosto e 01/Set. - Retiro do clero de Limeira em Itaici, município de Indaiatuba, SP.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA

Benção dos Leigos

Presidente: Olhai, ó Deus pelos nossos leigos e leigas, que fortalecidos com o Batismo e a Eucaristia possam ser sinais da salvação e da paz. Guiai, Senhor, com vossa mão, os seus passos e fortalecei-lhes o ânimo com a força de vossa graça, para que não se deixem abater pelo trabalho e pela fadiga. Infundi o Espírito Santo em seus corações, para que, dando-se inteiramente a todos, possam conduzir para vós, ó Pai, muitos filhos que deem louvor sem fim na Igreja. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém

Bênção Final

Presidente: Concedei, ó Deus, aos seus filhos e filhas a sua proteção e a graça da humildade em suas vidas.

Todos: Amém

Presidente: (Abençoa e despede a todos)