25º Domingo do Tempo Comum
Publicado em: 16/09/2016


“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”

Leituras: Amós 6, 1.4-7; Salmo 112 (113); Primeira Carta a Timóteo 2, 1-8; Lucas 16, 1-13.

COR LITÚRGICA: VERDE

Animador: Nesta Eucaristia, Jesus nos mostra que o acúmulo de bens não faz nenhum sentido em seu Reino. De nada adianta acumular bens e nos perder. Precisamos usar nossos bens para ajudar o próximo, conquistar bens que duram para sempre, essa é a grande missão de todo cristão.

1. Situando-nos brevemente

A liturgia desse domingo traz ao centro da reflexão um tema bastante polêmico: como administrar de forma evangélica os bens materiais. Talvez ao sair da celebração hoje, alguém pode protestar, pois o assunto dinheiro e dos bens ou riquezas em geral mexe com todos. E incomoda! O dinheiro dá um certo bem-estar no início. Porém, ninguém se salva com o dinheiro.

Por isso Jesus dirige-se aos discípulos e os exorta a fazerem tudo o que é possível para a salvação: é preciso sagacidade e esperteza para não ser enredado pelo culto ao dinheiro. A salvação oferecida por Cristo é uma realidade tão grandiosa que merece todo o empenho humano para garanti-la. Por ser tão grande, se a abraçarmos não há mais espaço para outras realidades em nossa vida. Optar pelo Reino é a verdadeira esperteza! Usemos as coisas que passam, apenas para alcançar as que não passam.

2. Recordando a Palavra

A primeira leitura nos traz a profecia de Amós. Neste período, governava em Israel Jeroboão II (787-747 a. C). Tanto no reinado do Norte como no Sul havia estabilidade política e prosperidade econômica. A riqueza, porém, não está bem distribuída. Problema que não parece ser privilégio nosso! As abissais diferenças econômicas provocam intoleráveis injustiças.

O pior é que esta corrompida sociedade multiplicava seus cultos e sacrifício. Nas festas da lua nova e do sábado, era interrompido o comércio, para recordar a saída do Egito e do descanso sabático de Deus, mas segundo o profeta, elas perderam seu sentido.

A segunda leitura, da primeira Carta a Timóteo, afirma que a comunidade cristã é uma comunidade de oração. A oração deve superar, transpor os limites pequenos do próprio grupo. Deve ser universal. Frisa o autor que se deve orar pelos que governam e ocupam altos cargos, a fim de que estes também colaborem com o bem de todos. Isto numa época em que os governantes não eram favoráveis ao cristianismo nascente.

O Evangelho traz a parábola do administrador infiel e alguns ensinamentos decorrentes. Depois de contar o que fez o administrador infiel, os ouvintes esperavam que Jesus haveria de concluir com uma palavra de desaprovação. Pegou-os totalmente de surpresa o fato de Jesus, em vez disso, louvar o fraudulento.

Vocês estão indignados? Aprendam do caso! Vocês estão na mesma situação deste administrador que via a faca no pescoço e a ameaça de ruína à sua existência, só que a crise que ameaça vocês, e dentro da qual já estão, é incomparavelmente mais terrível. “Este homem foi ‘atinado’ (v.8a), isto é, ele percebeu bem a situação crítica. Não deixou as coisas correrem, agiu no último minuto, antes de cair sobre ele o julgamento ameaçador, de fato inescrupulosa e fraudulentamente. Jesus não o poupa, mas isto não interessa no momento, ele agiu ousada, decidida e atinadamente, ajeitando-se a novos meios de vida. Ser atinado, é esta a exigência da hora também para vocês! Tudo está em jogo!” (JEREMIAS, Joachim. As Parábolas de Jesus. São Paulo: Paulus Editora, 2004).

Esta parábola não é uma canonização da corrupção. Louva a habilidade gerencial de quem caiu na desgraça e quer assegurar seu futuro. Elogia o empenho por saber afrontar uma situação nova. O cristão deve ter esta inteligência e esta habilidade para acolher a novidade do Evangelho, como grande bem, acima dos demais de sua vida.

O resumo do ensinamento de Jesus é que o problema econômico não é o primeiro problema do ser humano, pois o serviço de Deus está acima de todos os outros serviços. O dinheiro pode ser um bom servidor nosso, mas é mau patrão.

3. Atualizando a Palavra

“Quereis de verdade honrar o Corpo de Cristo? Não consintais então que esteja nu. Não lhe honreis no templo com vestes de seda e lá fora o deixeis perecer de frio” (São João Crisóstomo. Das Homilias sobre São Mateus. Hom. 50, 3-4. Ofício das Leituras, Sábado da 21ª Semana do Tempo Comum). Assim exortava São João Crisóstomo. Para Amós, a vida ética é condição para que haja culto. O que o profeta denuncia é que houve um divórcio entre o culto e a justiça. O que é inadmissível.

Olhemos bem para nós, com sinceridade: não vivemos sempre a coerência com o que celebramos. Em pequenas corrupções diárias, vai-se pelo ralo nosso culto ao Senhor. Delas surgem infidelidades maiores, conforme a ocasião. Se formos infiéis no pouco...

O Documento de Aparecida, no número 60, assim nos fala: “A globalização comporta o risco dos grandes monopólios e de converter o lucro em valor supremo. Por isso, Bento XVI enfatiza que como em todos os campos da atividade humana, a globalização deve reger-se também pela ética, colocando tudo a serviço da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus” (DAp, n.60).

Olhando para nosso país, percebemos um evidente divórcio entre a fé da esmagadora maioria cristã e a desigualdade social e a exploração econômica. A salvação exige qualidade de vida e como cristãos queremos esta dignidade para todos os seres humanos, pois foi para isso que Cristo veio ao mundo: para salvar a todos.

A comunidade de que nos fala a segunda leitura, embora pequena, tem compreensão de que sua fé abarca a humanidade inteira. Há que cuidar para nós não estimularmos hoje uma fé bairrista, que leve em conta apenas os horizontes da própria comunidade. A Igreja é católica, isto é, universal. Assim, da catolicidade deriva a missionariedade da Igreja, pois a salvação universal deve atingir todas as pessoas, através do esforço missionário dos cristãos. O Concílio Vaticano II lembra que todos os povos da Terra são chamados fazer parte do novo povo de Deus. (LG, n.13).

O Evangelho toca numa questão muito delicada: a relação com os bens materiais, especificamente com o dinheiro. Todos necessitam dele para viver, mas esta relação é sempre de difícil realização conforme pede Jesus. Não é fácil escapar da sedução do dinheiro. É inegável que a riqueza, a estabilidade econômica, uma poupança, a possibilidade de adquirir o que queremos atraem.

O que não podemos perder de vista é que se não formos capazes de dominar o dinheiro, o dinheiro acabará com nossa vida cristã. “A Idolatria ao dinheiro torna doente o pensamento e a fé e faz seguir por outros caminhos. E a partir dessa idolatria ao dinheiro nascem maus como a vaidade e o orgulho. A escolha pelo caminho do dinheiro, acaba por transformar o homem em um corrupto. O dinheiro tem esta sedução de levar o homem a escorregar em sua perdição” (FRANCISCO, Homilia na Capela Santa Marta, sexta-feira, 20 de setembro de 2013) e estaremos construindo um mundo duro e hostil, em que os únicos valores aceitáveis serão os que se podem comprar.

Vivemos numa sociedade de consumo, de abundância e de desperdício. Nela dinheiro é sinônimo de poder, por isso é rival de Deus. Nossa confiança, força e segurança estão em Deus, não nas riquezas. Se para fazer dinheiro, adquirir postos de poder, assegurar êxitos pessoais, o ser humano é capaz de gastar todas as suas energias, quanto mais deve fazê-lo por Deus que é a fonte de todos os bens recebidos pela humanidade.

Há quem veja na fabricação da moeda um pecado igual ao da fabricação de um ídolo. Servir a Deus ou servir ao dinheiro, é preciso fazer clara opção, pois a dois senhores não é possível servir.

Na verdade, os bens materiais que usamos não são nossos. O dinheiro não tem valor em si. Só vale se nós lhe damos valor. Por isso temos que usá-lo – sem ser nosso – para conseguirmos o que pode ser nosso: a salvação eterna.

Assim compreendemos o elogio à sagacidade do administrador: ele usou o dinheiro para uma finalidade maior que o dinheiro. Nós também precisamos usar as coisas criadas para chegar ao Criador de tudo. Se, porém, nos contentarmos com o apego demasiado às criaturas, não chegaremos até Deus.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

A celebração litúrgica de nossas comunidades não pode reproduzir o sistema denunciado por Amós. É preciso unir a fé e vida, justiça e culto. Se não for assim, nossa Eucaristia não será atualização do sacrifício redentor de Cristo. “Viver o encontro com Jesus Cristo implica necessariamente amor, gratuidade, alteridade, unidade, eclesialidade, fidelidade, perdão e reconciliação (...). Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (DGAE 2015-2019, n.15).

A Igreja deve ser casa e escola de comunhão, lugar em que as pessoas alimentem sua esperança e busquem força e coragem para orientar sua vida toda para Cristo, único Senhor, como nos pede o Evangelho.

Preces dos fiéis

Presidente: Aproximemo-nos de Deus como pobres em espírito para pedir Dele proteção e auxílio na construção de uma sociedade mais justa.

1. Senhor, que o Papa, Bispos, Padres e Diáconos, sejam sinais do teu amor, servindo de exemplo a todo o seu povo. Peçamos:

Todos: Senhor, ensina-nos a administrar teu Reino.

2. Senhor, que os governantes usem, com sabedoria, os bens a eles confiados, buscando sempre socorrer os mais necessitados. Peçamos:

3. Senhor, que estejamos sempre vigilantes, na oração e na caridade, para que possamos merecer as riquezas do céu. Peçamos:

4. Senhor, que nossa comunidade possa ser sempre acolhedora, colocando os bens a serviço de todos. Peçamos:

(Outras intenções)

Presidente: Concedei-nos, Senhor, a firmeza de fazer com que os bens materiais não sejam causa de discórdia, mas de maior solidariedade. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Acolhei, ó Deus, nós vos pedimos, as oferendas do vosso povo, para que possamos conseguir por este sacramento o que proclamamos pela fé. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus, auxiliai sempre os que alimentais com vosso sacramento para que possamos colher os frutos da redenção na liturgia e na vida. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

AGENDA DO BISPO DIOCESANO:

Dia 17 de setembro (sábado): Crisma – Nossa Senhora Aparecida – Padre Luciano  Conchal – 18h30min.

Dia 18 de setembro (domingo): Crisma na Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, às 08h30, Santa Cruz da Conceição – Padre Fábio; Ordenação Diaconal, às 15h00, Catedral Nossa Senhora das Dores, Limeira.

Dia 20 de setembro (terça-feira): Reunião do Conselho Econômico – 19h30min – residência episcopal

Dia 21 de setembro (quarta-feira): Missa – comunidade de vida “Vida Nova“ – Araras – Pe. Deivison – 19h30min.

Dia 22 de setembro (quinta-feira): Lançamento – Livro Padre Leandro – Livraria Santo Antônio – Americana – 20h00.

Dia 23 de setembro (sexta-feira): Atendimento residência episcopal – 09h 11h00min; Assinatura de contrato de doação- Cosmópolis – Padre Robson (sujeito alteração) – 11h30min.

Dia 24 de setembro (sábado): Formação Pastoral da Comunicação – Paróquia Santa Rita de Cássia – Limeira – com Padre Marcos Vinícius, membro da Pascom do Regional Sul 1 – Missa 08h00 - encontro até 16h00.

Dia 25 de setembro (sábado): Missa – quarto dia da novena na Paróquia Santa Terezinha (Limeira) – Padre Israel – Limeira – 18h00.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA

Presid.: O Senhor esteja convosco.

T. Ele está no meio de nós.

Presid.: Que Deus derrame suas bênçãos e faça de cada um de vocês vigilantes, hábeis na prática do bem e os abençoe hoje e sempre.

Todos: Amém.

Presid.: (Dá a bênção).