Nossa Senhora da Conceição Aparecida
Publicado em: 07/10/2016


“Fazei tudo o que ele vos disser”

 

Leituras: Esdras 5, 1b-2; 7,2b-3; Salmo 44; Apocalipse 12, 1.5.13a.15-16a; João 2, 1-11.

 

COR LITÚRGICA: BRANCA ou DOURADA

Animador: Junto da mãe Aparecida nós sentimos a ternura de Deus que renova nosso amor, anima nossa esperança e abre para nós as portas do céu. Hoje lembramos também o dia das crianças, por isso vamos colocar todas as crianças do Brasil e do mundo sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida.

1. Situando-nos

Em outubro de 1717, três pescadores, ao pescar no rio Paraíba, receberam em sua rede a imagem de Nossa Senhora Conceição da Conceição, no lugar denominado Porto do Itaguassu. Esta imagem foi chamada de Aparecida, porque apareceu dessa forma inusitada. Inicialmente a vizinhança reunia-se, aos sábados, para rezar em torno à imagem. A devoção, junto com os milagres obtidos, cuja intercessão era atribuída a ela, cresceu rapidamente.

Hoje a devoção a Nossa Senhora Aparecida é verdadeiramente um fenômeno que expressa muito bem a fé do povo brasileiro. Diariamente milhares de pessoas, de todos os lugares do Brasil, peregrinam para Aparecida (SP). Grande número de paróquias e comunidades tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira.

Assim se expressaram os bispos da América Latina e do Caribe, por ocasião da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americana e do Caribe, em 2007, que teve lugar justamente no Santuário da Mãe Aparecida: “Nossos povos (...) também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela veem refletida a mensagem essencial do Evangelho. Nossa Mãe querida (...) desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ele, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo” (Ibidem, n.265).

Acolhamos com especial atenção em nossa celebração, as crianças, juntamente com seus pais e responsáveis. Algumas crianças poderão em procissão, trazer a imagem de Nossa Senhora Aparecida e no final da celebração receber uma benção especial.

2. Recordando a Palavra

A primeira leitura, do livro de Ester, tem a figura de uma mulher que é intercessora a favor do seu povo. Ester é uma mulher judia que conquista o coração do rei Assuero. Disso resulta que ela é feita rainha. O povo de Ester, povo judeu, está condenado ao extermínio. Todos serão mortos por causa de Mardoqueu, por não se ajoelharem diante de Amã, alto funcionário (1º Escalão) do rei.

Então diante da possibilidade de pedir o que quisesse para si, Ester pede que seja concedida a vida a ela e a seu povo. Ester o faz munida de duas armas: sua beleza física e da confiança inabalável em Deus.

A leitura do livro do Apocalipse nos coloca diante de duas figuras antagônicas: uma Mulher e um Dragão. “Ambos aparecem como dois sinais no céu. Os sinais transmitem uma mensagem e orientam a nossa ação. O primeiro grande sinal no céu é uma mulher formosa: aparece vestida de sol, com a luz sob os pés e com doze estrelas na cabeça. O outro sinal é um dragão horrível: grande, vermelho, com sete cabeças e 10 chifres. A mulher aparece como sinal de vida: está grávida e aponto de dar à luz; em seguida, dá à luz um filho homem. O dragão é sinal de morte: está para matar o filho da mulher; além disso, com sua cauda arrasta uma terça parte das estrelas. (...) A vida aparece formosa, porém débil e frágil; a morte aparece como uma força horrorosa e poderosa. No confronto entre a vida e a morte, no entanto, o que triunfa é a vida. Como conseqüência disso, a mensagem fundamental desta apresentação mítica é uma mensagem de esperança (RICHAR, Pablo. Apocalipse, Reconstrução da Esperança. Petrópolis: Vozes, 1999, p.174)

Esta mulher é figura do povo de Deus: o antigo Israel, do qual nasceu Jesus segundo a carne, e o novo Israel, a Igreja, Corpo de Cristo. Nesse sentido, se pode ler este texto numa ótica mariana, pois Maria é figura da Igreja: o que se aplica a Maria é o que já é e ainda deve se tornar Igreja.

O Evangelho nos apresenta as Bodas de Canaã, primeiro sinal feito por Jesus no Evangelho de João. O texto é uma riqueza de detalhes impressionante. Não podemos aqui abarcar todos. O texto inicia dizendo que houve uma festa, e a mãe de Jesus estava presente. Maria pertence inicialmente à Antiga Aliança. Maria está presente desde o início da obra de Jesus. Lembremos que na cruz, na hora, João assinala que ela também estava lá.

Estando Jesus e seus discípulos neste casamento, acontece que vem a faltar o vinho. Maria avisa seu Filho deste ocorrido. Jesus responde-lhe que sua hora ainda não chegou, e a chama de mulher. Mulher faz referência a grupos da antiga Aliança que se mantinham fiéis, apesar da infidelidade geral. Nestes grupos as mulheres tinham presença mais significativa. A hora de Jesus, no quarto evangelho, é a cruz, a hora da glorificação do Filho. O que Jesus fará é apenas um sinal do que Ele realizará na cruz.

Maria, orienta, então, os serventes para que façam tudo o que Jesus disser. Ela é a primeira dos que creem, orienta a confiança do povo para Jesus. As seis talhas vazias nos indicam que a lei do puro e impuro (que usava talhas com água para a purificação) se esvaziou e não produz mais sentido para a vida e não há amor e esperança. Temos então a água que, quando servida, revela-se vinho, e vinho de altíssima qualidade: o melhor. Em Israel quem oferece a festa de casamento é o noivo. Mas nesta festa, o verdadeiro noivo é Jesus. É Ele quem providencia o vinho melhor e mais abundante do tempo messiânico que se inaugura.

Tu guardaste o melhor vinho até agora”. A expressão “agora” indica o momento em que começa a manifestação messiânica de Jesus. Com ele se inaugura uma radical novidade em Israel, que supera, assim como a qualidade do vinho, qualquer expectativa.

Este foi o início dos sinais de Jesus; manifestou a sua glória e os discípulos creram nele. O sinal não tem valor em si, mas sim pelo que ele representa. Transformar água em vinho simboliza a transformação da realidade de desanimo do povo em vinho novo, ou seja, uma nova aliança de amor que produz a alegria messiânica.

3. Atualizando a Palavra

Pela breve exegese da leitura percebemos algo fundamental na pregação a respeito de Maria: no centro do mistério cristão está Jesus Cristo. Maria é a primeira crente, que, por seu exemplo e sua materna intercessão, nos ajuda a seguir seu Filho.

Ester usou de sua beleza e confiança em Deus para interceder junto a Deus. Vemos nela a figura e Maria, uma antecipação: Maria é a toda santa, pura e bela, mulher de fé inabalável que, por sua condição de especial santidade entre as criaturas, rainha do céu e da terra, intercede com especial eficácia junto a seu filho

O livro do Apocalipse nos mostra que o dragão quer, na verdade, matar o filho da mulher, mas como este é levado para junto de Deus e de seu trono, ele passa a perseguir a mulher que gerou este filho. É o que se passa com a comunidade joanina do final do I século: sofre perseguição por causa de Cristo. Na fragilidade, igual à da mulher, só subsiste por causa da ação de Deus em seu favor.

Maria é mulher frágil, simples, humilde. Ação de Deus em sua vida, completada por uma adesão plena de sua vontade e liberdade a Deus, faz com que ela continue a sua missão de seguir e apontar para seu Filho, o filho de Deus, o Messias.

Em João, percebemos a função de Maria como intercessora, a qual apresenta nossos pedidos ao Filho, como a representante das comunidades fiéis do Antigo Testamento e especial seguidora.

Afirmou João Paulo II, por ocasião da dedicação da Basílica de Nossa Senhora Aparecida. “A devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda, é fonte de compromisso com Deus e com os irmãos. Permanecei na escola de Maria, escutai a sua voz, segui os seus exemplos. Como ouvimos no Evangelho, ela nos orienta para Jesus: Fazei o que ele vos disser. E, como outrora em Canaã da Galileia, encaminha ao Filho as dificuldades dos homens, obtendo dele as graças desejadas” (JOÃO PAULO II. Homilias durante a Santa Missa na Basílica Nacional de Aparecida, 4 de julho de 1980. Disponível em: http.//www.franciscanos.org.br. Acesso em: 20.05.2016)

Nossa Senhora da Conceição Aparecida é muito especial na história de fé de todos nós, brasileiros e brasileiras. Ela segue exercendo a mesma função de apresentar nossas preces a Cristo e de pedir que façamos o que Ele nos diz. Sua pessoa nos aproxima de Jesus de maneira impressionante. Há uma frase que expressa muito bem por que Maria é tão especial: Maria foi o que não somos, e já é o que seremos.

Nela tudo é experiência de uma vida que se orienta total, indivisa, santa e livremente para Deus. Por isso ela foi o que não somos. Gostaríamos de ser como ela e olhamos para ela pedindo que consigamos nos aproximar sempre, como ela, de Deus. No entanto, enfrentamos, porém, limites, obstáculos, frustrações. A grande esperança nossa, ao olhar para Maria, é que ela já é o que seremos. Olhar para ela nos enche de esperança na caminhada. “Frente ao desanimo que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na evangelização ou em quem se esforça para viver a fé como pai e mãe de família, quero dizer com força: Tenham sempre no coração esta certeza! Deus caminha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados. Nunca percamos a esperança!” (FRANCISCO. Homilias no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, 24 de julho de 2013).

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Toda a ação eucarística dirige-se ao Pai, no Filho, pelo Espírito Santo. Assim, há que ter atenção na celebração eucarística desse dia para não converter Maria em centro da atenção, da pregação ou da celebração. Ao centro, está sempre o mistério de Cristo.

Maria é a pessoa que melhor viveu essa ligação com Cristo. Maria é a pessoa que melhor viveu essa ligação com Cristo: não apenas no plano biológico, mas, acima de tudo no espiritual. Maria é a concretização do projeto inicial de Deus para o ser humano. Adão e Eva romperam, pelo pecado, sua santidade original. Maria leva a bom termo essa santidade. Ela foi a primeira mulher a entrar no Reino, e dele nos indica o caminho.

Na Eucaristia, rendemos graças ao Pai pelo imenso dom de Cristo dado a nós, acolhido em santidade por Maria. A Palavra e a Eucaristia nos querem alimentar para que consigamos também, pelo exemplo e pela intercessão de Maria, sermos vencedores do mal, com a ajuda fundamental da graça de Deus e pelo empenho de nossa liberdade. O prefácio da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (e Aparecida) assim reza: “Escolhida, entre todas as mulheres, modelo de santidade e advogada nossa, ela intervém constantemente em favor de vosso povo”

5. Ladainha de Nossa Senhora

Presidente: Irmãos e irmãs, elevemos a Deus nossas preces, e que esta oração seja apresentada a Deus pelas mãos de Maria.

S- Senhor, que nascestes da Virgem,

T-TENDE PIEDADE DE NÓS!

S- Ó Cristo, Filho de Maria,

T-TENDE PIEDADE DE NÓS!

S- Senhor, Senhor!

T-TENDE PIEDADE DE NÓS!

 

1. S- Virgem do SIM  à Palavra,

T- ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do risco do amor,

T- ROGAI POR NÓS!

S- Virgem de toda alegria,

T- ROGAI  POR NÓS!

Estr: ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

2. S- Virgem do SIM  à Palavra,

T- ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do risco do amor,

T- ROGAI POR NÓS!

S- Virgem de toda alegria,

T- ROGAI  POR NÓS!

Estr: ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

 

3. S- Virgem das altas montanhas,

T- ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do entusiasmo,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do irmão caminheiro,

ROGAI POR NÓS!

Estr: ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

 

4.. S- Virgem dos desamparados,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem de todos os lares,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem, da paz para o mundo,

ROGAI POR NÓS!

Estr: ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

 

5. S- Virgem das mãos que se doam, ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do amor tão fecundo,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do amor consagrado,

ROGAI POR NÓS!

Estr: -ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

6. S- Virgem do amor verdadeiro,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem Rainha da Igreja,

ROGAI POR NÓS!

S- Virgem do amém, do aleluia,

ROGAI POR NÓS!

Estr: ROGAI, POR NÓS, Ó MARIA!

 

 

Final:

S- Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,

T-TENDE PIEDADE DE NÓS!

S- Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,

T-TENDE PIEDADE DE NÓS!

S- Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo,

T- DAÍ–NOS VOSSA PAZ, VOSSA PAZ! AMÉM!

Presidente: Ouvi, ó Deus, as orações dos que vos suplicam; que vossa Igreja seja purificada do pecado e vos sirva com generosa prontidão. Por Cristo nosso Senhor.

Todos: Amém

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Acolhei, ó Deus, as preces e oferendas apresentadas em honra de Maria, Mãe de Jesus Cristo, vosso Filho; concedei que elas vos sejam agradáveis e nos tragam a graça da vossa proteção. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Alimentados com o Corpo e o Sangue de vosso Filho, nós vos suplicamos, ó Deus: dai ao vosso povo, sob o olhar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

AGENDA DO BISPO DIOCESANO:

BÊNÇÃO E DESPEDIDA

P. O Senhor esteja convosco.

T. Ele está no meio de nós.

 

Presidente: Ó Deus de bondade, que pelo Filho da Virgem Maria, a quem chamamos de Nossa Senhora Aparecida, quis salvar a todos, vos enriqueça com sua bênção.

Todos: Amém.

 

Presidente: Seja-vos dado sentir sempre e por toda a parte a proteção de Nossa Senhora Aparecida, por quem recebestes o autor da vida.

Todos: Amém.

 

Presidente: E vós, que reunistes hoje, para celebrar a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, possais colher a alegria espiritual e o prêmio eterno.

Todos: Amém.

 

Presidente: (Dá a bênção e despede a todos).

 

Todos: Amém.