Solenidade da Santa Mãe de Deus
Publicado em: 30/12/2016


ENCONTRARAM MARIA E JOSÉ E O RECÉM-NASCIDO, E OITO
DIAS DEPOIS DERAM-LHE O NOME DE JESUS”

 

Leituras: Números 6, 22-27; Salmo 66 (67), 2-3.5.6 e 8 (+2a); Carta de São Paulo aos Gálatas 4,4-7; Lucas 2, 16-21.

COR LITÚRGICA: BRANCA OU DOURADA

Animador: Maria, que viveu há mais de dois mil anos, continua presente entre nós e nas nossas famílias. Ela nos acompanha como acompanhou Jesus.  A sua disponibilidade nos anima a prosseguir firmes na fé, mesmo quando surgem dificuldades e contrariedades. Na solenidade de hoje fazemos memória da páscoa de Jesus que se abre em três dimensões: o mistério da Maternidade divina; o início do novo ano civil e Dia Mundial da paz, instituído por Paulo VI, em 1968. Maria, olhai por nós e ensinai-nos a amar a Jesus e ao próximo com tu amaste.

1. Situando-nos brevemente

Em clima de um novo ano que começa, e dando continuidade à celebração da manifestação do Senhor em nossa história, nossa atenção se volta hoje ao mistério da Mãe de Deus. Aliás, durante todo ciclo de Natal a figura de Maria acompanha a caminhada do povo de Deus. Se existe um mês de Maria, este mês é, de modo especial, o tempo do Advento que culmina com o Natal e a solenidade de hoje, da Santa Mae de Deus, Maria.

“Ano novo, vida nova”, costuma-se dizer. “Cabe a pergunta: Como será minha/nossa vida ao longo deste ano? Hoje é dia de transmitir votos de paz e de esperança. Como fazer com que isso não seja um simples e tímido desejo? Pois o resto do ano são guerras, ódio, violência, explorações e mortes. Há um bilhão e quinhentos milhões de pobres no mundo. Hoje é o Dia Mundial da Paz.

Em nosso país, são muitas as expectativas no campo social, político, econômico, ético, etc. Deus quer que nosso país seja repleto de sua bênção, nação plenamente fraterna e justa, pois esse é o projeto de Deus. Maria, nos ensina a discernir a presença de Deus em nossa história. De fato, ele sempre se mostrou solidário com os anseios do seu povo, coroando de êxito suas lutas. Mas é em Jesus que essa solidariedade tomou forma definitiva.

E é por meio dele, nascido de Maria, que podemos ter a certeza de que o futuro será melhor. Contudo, não bastam votos e boas intenções. A proposta de Jesus é exigente e envolve todas as pessoas de boa vontade. Quem se compromete com ele se torna promotor da paz e construtor de uma nova sociedade” (J. Bortolini.OP. cit., p.40).

2. Recordando a Palavra

Ouçamos o que diz a Palavra de Deus e sintamos o que ela quer nos ensinar hoje.

Ouvimos o Evangelho (Lc 2,16-21). Os pastores, depois de terem ouvido a mensagem do anjo, foram “às pressas” a Belém para conferir. E encontraram o recém-nascido com Maria e José, deitado em uma manjedoura. Bem como o anjo havia anunciado! Dali, os pastores saíram contando para todo mundo que viram, e “todos ficaram maravilhados com aquilo que os pastores contaram”.

Maria, por sua vez, “guardava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração”. Os pastores, voltando para suas casas e seus afazeres, “glorificavam e louvavam a Deus por tudo que tinham visto e ouvido”. Quanto ao menino, aos oito dias, ´por ocasião do rito da circuncisão, recebeu o nome de Jesus, bem como havia sido chamado pelo anjo antes de ser concebido’.

Que bênção! Cumpre-se para nós definitivamente a bênção, como ouvimos na primeira leitura (Nm 6,22-27), que, antigamente, no tempo de Moisés, Deus mandou pronunciar sobre o povo: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!”

Chegou o tempo previsto por Deus, como ouvimos na segunda leitura. Deus nos enviou seu Filho, nascido de uma mulher, sujeito à Lei para nos resgatar do jugo da Lei e nos adotar como filho seus. Podemos agora chamar a Deus “de nosso Pai”, papai! Não somos mais escravos, mas membros da família: filhos e, portanto, também herdeiros, para gratuidade de Deus! É muita solidariedade de Deus para conosco!

3. Atualizando a Palavra

Deus se solidariza com os pobres e excluídos, representados aqui pelos pastores. Isso aparece muito bem no Evangelho. Note-se que os pastores é que são os primeiros a receberem o aviso do nascimento do Salvador. Significa que é por eles que Deus faz a opção.

Quem eram os pastores? Nada de imagem romântica dos pastos dos nossos presépios! Eles eram, na época, “mal vistos pelo fato de não respeitarem as propriedades dos outros, invadindo-as com seus rebanhos, e cobrando preços exorbitantes pelos produtos dos rebanhos”. Pessoas desprezadas e excluídas pela sociedade! É a essas pessoas que o anúncio é dirigido e são eles que vão “às pressas” a Belém.

E o que encontram? Nada de extraordinário: um casal (Maria e José) e um bebê deitado em uma manjedoura. Já “é suficiente para compreenderem que ali está o Salvador deles, pois aquele bebê deitado na manjedoura é o sinal mais concreto da solidariedade de Deus para com os pastores. Jesus escolheu a linguagem da manjedoura para dizer-lhes que de fato ele é o Deus-conosco”. Com o anúncio do anjo ainda ecoando aos seus ouvidos, os representantes de todos os excluídos (os pastores) “reconhecem que Deus fala a mesma linguagem deles: o Salvador nasceu como qualquer um deles e de seus filhos. Nasceu excluído para os excluídos”.

Interessante que eles, então, saíram dali anunciando a salvação divina, isto é, “já assimilaram a mensagem e agora evangelizam”. E seus ouvintes ficam maravilhados. Quer dizer: aderem a Jesus. Outro detalhe: os pastores voltam para as suas atividades glorificando e louvando a Deus. Quer dizer: retornam felizes com um novo sentido para a vida, pois se sentem envolvidos pela presença amorosa da solidariedade de Deus para com os pobres e excluídos.

Mais um detalhe interessante: Maria guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. O que quer dizer o Evangelho com essa afirmação? Ele está afirmando que Maria é uma verdadeira “teóloga que discerne a presença de Deus nos fatos obscuros da vida. De fato, a expressão conservar no coração é sinônimo de interpretar a ação de Deus nos acontecimentos obscuros da vida....Maria é como as pessoas que precisam discernir, em meios aos acontecimentos da vida, a presença e a solidariedade de Deus”. Com isso, ela convida as pessoas “a não perder de vista nenhum acontecimento, alegre ou triste, percebendo como Deus opta pelos empobrecidos, dos quais ela faz parte (Lc 1.48)” (Ibidem, p.43).

Quando se completam os oito dias para a circuncisão, o menino recebeu um nome: Jesus. Mais um sinal da solidariedade de Deus. “Jesus pertence a um povo. A circuncisão era sinal da pertença a esse povo. Jesus assume os valores de sua gente”, transformando-os depois na prática: dando-lhe nova forma e conteúdo. Mas o importante mesmo aqui não é tanto o fato da circuncisão, mas o nome que a criança recebe. “Para os semitas o nome é a carteira de identidade de uma pessoa. Revela quem é, e o que faz. Essa identidade vem do próprio Deus.

O nome ‘Jesus’ significa Deus salva (Por respeito aos nossos irmãos judeus, a Igreja Católica, evita utilizar as várias formas de escrever o nome de Deus de Israel e traduz o chamado “tetragrama sagrado” (YHWH, pelo título SENHOR). Portanto, tudo o que Deus quis dizer e fazer em benefício da humanidade encontra sua plena realização na vida de Jesus. Nascendo nas mesmas condições dos pobres e excluídos, dando-se a conhecer a eles, Jesus é a prova definitiva da solidariedade de Deus” (Idem).

Eis, pois, no meio de nós a verdadeira Bênção de Deus: sinônimo de vida, liberdade, fecundidade e paz. Somos filhos no Filho, como ouvimos na segunda leitura, somos herdeiros da salvação, temos um Pai e temos o Espírito de Jesus! (Gl 4, 4-7). Não podemos abrir mão desta imensa graça. Depende de nós também!

Ano novo, vida nova! “Para os cristãos, o novo ano litúrgico já começou, há um mês, no primeiro domingo do Advento. Celebrar o Ano Novo no dia 1º de janeiro não é próprio da Igreja; mas os cristãos participam desta celebração como cidadãos da sociedade civil! Participam da celebração do Ano Novo Civil com uma festa de Maria, Mãe de Deus Salvador, Jesus Cristo.

Querem felicitar de modo especial a Mãe da família dos cristãos – pois, ao visitarmos hoje a casa de nossos amigos, não cumprimentamos primeiro a dona da casa? Por que a Igreja marca este dia com uma festa de Maria, Mãe de Deus? É um voto de paz e benção para sociedade, para o mundo! Pois o filho de Maria é uma benção para toda a humanidade e o será também neste novo ano civil, que hoje se inicia.

Os nossos votos de paz e benção, neste dia, devem ser a extensão desta bênção que é Jesus, e que Maria fez chegar até nós. Em Jesus é que desejamos paz e benção aos nossos amigos. Então, nossos votos serão profundamente cristãos, e não apenas fórmula social ou até desejo egoísta, mera bajulação de ‘amigos importantes’.

Desejaremos aos nossos amigos aquilo que veio até nós em Cristo: o amor de Deus na doação da vida para os irmãos. Esta é a verdadeira paz, que convém desejar neste Dia Mundial da Paz. Somente onde reinam os sentimentos de Jesus – o esquecimento de si para o bem dos irmãos – pode existir a paz que vem de Deus. Este é o espírito de Jesus, no qual chamamos a Deus de Pai e aos outros de irmãos.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Na liturgia eucarística, sobre o pão e o vinho nós damos graças a Deus pelo mistério da Mãe do Salvador. Que mistério? O mistério da solidariedade de Deus para com os pobres, acolhido e gerado na mulher pobre chamada Maria e que teve o seu ponto alto na Páscoa (morte, ressurreição e dom do Espírito de Jesus).

O mistério do Corpo entregue e do Sangue derramado em favor da nossa elevação: eis a expressão máxima da solidariedade de Deus para conosco! Graças à maternidade divina: obra de Deus também! Ao participarmos hoje deste divino mistério, sito é, comungando deste Corpo entregue e deste Sangue derramado, nós o assimilamos em nós a fim de vivê-lo no nosso dia a dia. Pois ele nos garante a herança da paz mais duradoura, eternamente duradoura.

Por isso, após a comunhão, o sacerdote reza em nome de todos: “Ó Deus de bondade, cheios de jubilo, recebemos os sacramentos celestes; concedei que eles nos conduzam à vida eterna, a nós que proclamamos a Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja”.

Que pela sabedoria da Palavra e pela força da Eucaristia que celebramos, possamos honrar o Pai que temos e a Mãe que nos foi dada: sendo solidários uns com os outros, sobretudo os excluídos da sociedade, construindo assim um mundo de paz com sabor de céu. Amém.

Preces dos fiéis

Presid.: Ao iniciar este ano de 2017 imploremos a ajuda de Deus.

1. Senhor, voltai teu rosto para a Igreja e faça com que ela seja a grande anunciadora da paz. Peçamos:

Todos: (Melodia de Maria de Nazaré) Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria! Mãe de Jesus.

2. Senhor, iluminai com tua luz todos os nossos governantes para que não preguem o ódio e a violência em teu nome. Peçamos:

3. Senhor, dai a tua coragem, de um modo especial pelos que sofrem os horrores da guerra ou a crueldade terrorista, para que possam viver em paz e prosperidade. Peçamos:

4. Senhor, abençoai todos aqueles que, ao longo deste ano que termina, viveram acontecimentos importantes para suas vidas: pelas crianças que nasceram, os casais que se casaram, as pessoas que se reconciliaram. Peçamos:

(Outras intenções)

Presid.: Atendei, Senhor, a oração de teus filhos e filhas, que por intercessão de Maria, Mãe de Deus, querem fazer o propósito de converter as derrotas em vitórias, neste ano que se inicia. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presid.: Ó Deus, que levais à perfeição os vossos dons, concedei aos vossos filhos, na festa da Mãe de Deus, que alegrando-se com as primícias da vossa graça, possam alcançar a sua plenitude. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presid.: Ó Deus de bondade, cheios de júbilo, recebemos os sacramentos celestes; concedei que eles nos conduzam à vida eterna, a nós que proclamamos a Virgem Maria, Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA

Presid.: O Senhor esteja convosco.

Todos: Ele está no meio de nós.

Presid.: Que Deus todo-poderoso, fonte e origem de toda bênção, vos conceda a sua graça, derrame sobre vós as suas bênçãos e vos guarde são e salvos todos os dias deste ano. Todos: Amém.

Presid.: Que Ele vos conserve íntegros na fé, pacientes na esperança e perseverantes até o fim na caridade.

Todos: Amém.

Presid.: Que Ele disponha em sua paz, vossos atos e vossos dias, atenda sempre as vossas preces e vos conduza à vida eterna.

Todos: Amém.

Presid.: A bênção de Deus Pai e Filho e Espírito Santo, desça sobre vós e permaneça para sempre.

Todos: Amém.

Presid.: Vamos em paz e que o Senhor vos acompanhe.

Todos: Graças a Deus!