2º Domingo do Tempo Comum
Publicado em: 13/01/2017


“Jesus tira o pecado e batiza no Espírito Santo”

Leituras: Isaías 49, 3.5-6; Salmo 39 (40), 2.4ab.7-8a.8b-9.10; Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios 1, 1-3; João 1, 29-34.

COR LITÚRGICA: VERDE

Animador: Iniciamos o Tempo Comum. Ele prolonga o sabor, o perfume e o brilho da festa pascal no cotidiano da vida e nos ajuda a descobrir o dia-a-dia como um tempo de graça e salvação, tempo e vida nova e ressurreição, por isso chamamos o domingo de “páscoa semanal de Jesus”. Nesta celebração Jesus é apontado por João Batista como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).

1. Situando-nos brevemente

Celebramos no domingo passado a Epifania do Senhor, isto é, a manifestação do Senhor. Em outras palavras, o mistério do menino Jesus, nascido em Belém, se expande para além das fronteiras judaicas. É destinado a ser adorado e seguido por todos os povos como aquele que salva a todos de seus peados, como o líder máximo da paz mundial, o referencial de uma possível comunhão entre as pessoas, raças e nações.

Todo o tempo do Natal, que há pouco celebramos, já trazia esta mensagem, a saber, que aquele menino é de fato o Messias-salvador, o anunciado pelos profetas, desde os tempos mais antigos, e tão ardorosamente esperado pelos pobres e abandonados.

E “Ele está no meio de nós”, dizemos nós a toda hora. Está no meio de nós também aqui e agora, nesta celebração, como o ressuscitado que, uma vez sacrificado por nós, venceu a morte e hoje vive eternamente.

Que bom que estamos aqui reunidos para ouvir a sua Palavra e celebrar o mistério de sua Palavra que nos salva e dá coragem.

2. Recordando a Palavra

O relato do Evangelho de hoje é deveras lindo e impressionante. Jesus se aproxima de João Batista. E então João o apresenta ao povo dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é muitíssimo importante para todos nós. E garanto-lhes uma coisa, eu vi: na hora que o batizei, vi o Espírito descer sobre ele. Então comecei a entender e tirar minhas conclusões. Se eu batizei com água, este é quem batiza com o Espírito Santo. Acreditem! Eu vi e dou meu testemunho: Este é o Filho de Deus!” (Jo 1,29-34).

Sabe-se que na religião judaica se sacrificavam cordeiros em homenagem a Deus e se comia de sua carne como parte de ritual. E Jesus está aí, como o servidor de Deus servindo a todos, sacrificando e deixando-se sacrificar, Ele mesmo, em favor da qualidade de vida de todos. Por isso recebe este significativo apelido: “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Nele se cumpre o que, por exemplo, já anunciava o profeta Isaías, no seu segundo Canto do Servo, que ouvimos na primeira leitura (Is 49, 3.5-6): “Farei de ti luz das nações, para que sejas minha salvação” (v.6). De fato, “Deus faz do seu Servo o Libertador de Israel e a Luz das Nações... Na sua humildade revela-se a força de Deus” (J. Konings. OP., p. 132). Por isso, sentimos hoje Jesus rezar o Salmo 39 conosco e, conosco, vem repetir este refrão: “Eu disse: Eis que venho Senhor, com prazer faço a vossa vontade!”

De fato, somos agraciados e santificados por Deus, no Ungido Jesus, O Filho de Deus no meio de nós. Por isso, o apóstolo Paulo nos saúda com estas palavras: “A vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,3).

3. Atualizando a Palavra

São vários os títulos messiânicos dados a Jesus logo no início do Evangelho de João. Alguns deles são ditos hoje por Joao Batista tais como: Jesus é “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, o “ungido pelo Espírito Santo”, “Filho de Deus” que tem por missão “tirar o pecado” e “batizar o Espírito Santo”. Neste sentido podemos nos servir aqui de uma oportuna reflexão do biblista e teólogo, nosso irmão franciscano, de saudosa memória, Frei Raul Ruijs:

  1. A conscientização dos profetas: João Batista não era o primeiro profeta que Deus enviou para preparar a vinda de Jesus. Ele é o último de um grande número. Todos eles eram enviados ao povo do Antigo Testamento. Despertaram naquele povo uma esperança de salvação sempre mais perfeita. Como os profetas conseguiram fazer isso? Eles seguiram um duplo caminho. Em primeiro lugar chamara a atenção do povo para os pecados de todo o mundo. Denunciaram a malícia, a deslealdade, a falta de religiosidade, as superstições, a ganância, a infidelidade, as injustiças. Despertaram o povo para a pecaminosidade do coração humano e mostraram que esta maldade interior tem as suas consequências para a convivência dos homens, no âmbito familiar e da sociedade. Mas não somente chamaram a atenção para a maldade dos homens. Esclareceram o povo também a respeito da santidade de Deus, da justiça divina, de sua fidelidade às promessas.

Ora, à medida que convenceram o povo de que ele não podia salvar-se a si mesmo da situação deplorável em que se encontram e se atolava sempre mais, o prepararam também à intervenção de Deus. Predisseram que Deus, por sua própria força, isto é, pelo Espírito Santo, ia salvar os homens do pecado e conduzi-los no caminho da perfeição, da justiça e da fraternidade.

  1. Jesus, a realização das profecias: João Batista, o último profeta, proclamou que Jesus de Nazaré veio realizar estas previsões dos profetas por sua dupla missão de “tirar o pecado do mundo” e “batizar no Espírito Santo”. Jesus sempre age em duas frentes: a do homem e do mundo, eliminando o pecado; e a de Deus, enviando o Espírito Santo. A obra da salvação de Jesus é essencialmente dupla e abrande morte e ressurreição. Pela sua paixão e morte na cruz ganhou para a humanidade o perdão dos pecados. Pela sua ressurreição se tornou capaz de enviar sobre a humanidade o Espírito Santo, aquela força divina que santifica, que dá ao homem a força para não mais pecar, para pecar sempre menos, para vencer as tentações e conquistar a santidade.
  2. A cara e a coroa da vida cristã: Estes frutos da morte ressurreição são comunicados no batismo e em todos os sacramentos. Sempre recebemos neles o perdão dos pecados cometidos e a força para progredir no caminho da santidade cristã. Por isso, São Paulo diz sobre os cristãos que eles são, ao mesmo tempo, “santificados e chamados a serem santos”. Sempre encontram-se juntas as duas faces da moeda: a salvação dos pecados e a vocação à santidade.
  3. Os cristãos, uma esperança para o mundo: Jesus era a realização das esperanças despertadas no Antigo Testamento, pelos profetas. Nós, cristãos, a nossa Igreja e as nossas comunidades, somos também chamados a ser uma esperança no mundo de hoje, no nosso país e na região onde moramos. Quando realmente soubermos cumprir o que Deus esperar de nós, sem nenhuma dúvida realizaremos uma obra de salvação e de libertação que o mundo espera de nós. Como o Cristo, realizando a vontade do Pai e trabalhando para a vinda do Reino, trouxe salvação, alegria e felicidade para os pobres, os doentes, os oprimidos, os marginalizados e injustiçados, assim também somos nós chamados a fazer o mesmo. Também nós somos chamados a “tirar os pecados do mundo” e a “batizar (=mergulhar) o mundo no Espírito Santo”, no Espirito de Cristo que é um Espírito de salvação e de libertação (R. Ruijs. Jesus tira o pecado e batiza no Espírito Santo. In: VV.AA. A Mesa da Palavra. Ano A. Op.,cit., p. 285-286)

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

É para nos avisar disso que várias vezes em cada missa é lembrado o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” e, inclusive, diante dele rezamos: “tende piedade de nós, dai-nos paz”.

Mergulhados (=batizados) no jeito de ser e agir solidário de Jesus, a saber, no Espírito de Jesus, podemos concluir para viver tempos de paz. Por isso, logo no início da missa já pedimos: “Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”.

E, finalmente, depois de participarmos da Ceia do Cordeiro pascal, da experiência de comunhão no Corpo entregue e no Sangue derramado do Senhor Jesus, concluímos com esta significativa oração: “Penetrai-nos, ó Deus, com o vosso Espírito de caridade, para que vivam unidos no vosso amor os que alimentais com o mesmo pão” (Oração depois da Comunhão).

Que a Palavra hoje ouvida e assimilada, que a Eucaristia hoje celebrada, nos ajudem a, unidos a Jesus, tirar o pecado do mundo e, consequentemente, batizar (mergulhar) o mundo no Espírito do Senhor em seu santo modo de operar. Amém!

Oração dos fiéis:

Presid.: Ao Pai que nos liberta e santifica pela força de seu Espírito, façamos as nossas preces.

1. Senhor, que a Igreja seja sempre anunciadora desta grande luz que vem do “Cordeiro de Deus”. Peçamos:

Todos: Senhor, seja a nossa luz!

2. Senhor, que nossos governantes possam mostrar sempre a luz da esperança para tantos irmãos e irmãs sofredores. Peçamos:

3. Senhor, fortalecei a fé de nossa comunidade, para que o seguimento a Jesus Cristo seja autêntico, tanto em palavras como em obras. Peçamos

4. Senhor, concedei a tua graça a todos os cristãos, que receberam a luz divina no batismo, para que resplandeçam com a tua glória na sociedade. Peçamos:

(Outras intenções)

Presid.: Senhor, que nos fizestes participantes da vocação e da missão do teu Filho Jesus, atendei com carinho a nossa prece. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presid.: Concedei-nos, ó Deus, a graça de participar constantemente da Eucaristia, pois todas as vezes que celebramos este sacrifício torna-se presente a nossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presid.: Penetrai-nos, ó Deus, com o vosso Espírito da caridade, para que vivam unidos no vosso amor os que alimentais com o mesmo pão. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presid.: O Senhor esteja convosco.

Todos: Ele está no meio de nós.

Presid.: Concedei, ó Deus, a vossos fiéis a bênção desejada, para que nunca se afastem de tua vontade e sempre se alegrem com os teus benefícios. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

Presid.: (despede a todos).