3º Domingo da Quaresma
Publicado em: 17/03/2017


“Jesus Cristo, água viva que sacia toda a sede!”

 

Leituras: Êxodo 17, 3-7; Salmo 94, 1-2.6-7.8-9; Carta de São Paulo aos Romanos 5, 1-2.5-8; João 4, 5-42.

COR LITÚRGICA: ROXA

Animador: Nesta páscoa semanal vemos que a vinda de Cristo ao nosso encontro é a máxima expressão do amor de Deus e o sinal de que Ele não nos abandona. Ele quer partilhar conosco a fragilidade da nossa existência, a fim de nos tornar herdeiros da vida plena. Ninguém tem o direito de destruir a nossa casa. Ela é obra do Criador. Ninguém pode explorar de maneira irracional os bens naturais: água, minérios e florestas, deixando um rastro de destruição e morte.

1. Situando-nos brevemente

No Ano A, a partir do terceiro domingo da Quaresma, a Liturgia da Palavra assume uma vertente mais claramente batismal, acompanhando passo a passo os catecúmenos a celebrar a iniciação cristã na grande Vigília Pascal, e toda a comunidade a redescobrir e renovar a graça da própria iniciação.

A partir do terceiro domingo, as leituras e em particular os textos do evangelho iluminam os vários aspectos do processo interior que a participação na Páscoa de Jesus, através da iniciação cristã, ativa em nós.

No diálogo com a mulher de Samaria, Jesus revela a si mesmo como a água viva que alimenta a existência da pessoa, e desvela que a nascente desta água perene se encontra dentro do poço profundo e obscuro da própria pessoa, pela presença e pela energia vital do seu Espírito.

A Quaresma, com o dinamismo interior que se exprime na estrutura ritual, constitui um precioso itinerário espiritual. As celebrações dos domingos, com a sucessão das características próprias, desenvolvem uma pedagogia espiritual capaz de sustentar o crescimento pessoal de cada um, e o caminho de toda comunidade do povo de Deus.

Na celebração memorial da morte e ressurreição de Cristo, somos unidos a todos aqueles que, sensíveis “aos gemidos da criação (Rm 8,19-22) nos mais diversos biomas, empenham-se solidariamente no cuidado da vida.

2. Recordando a Palavra

Os textos bíblicos apresentam uma situação de vida na qual cada um pode facilmente, reconhecer seu próprio caminho. Uma surpreendente pedagogia divina acompanha e estimula o crescimento rumo à plena libertação de toda humana ilusão.

A sede, como a fome, constitui uma das experiências mais traumáticas da vida humana. A procura para satisfazer suas exigências a transforma em potente motor que impele a pessoa a uma contínua busca, até que seja satisfeita. Nesta luta para a vida, se encontra, porém, a tentação de se apegar a tudo o que parece dar resposta imediata ou de buscar solução no passado.

Diante da aridez do deserto, Israel desconfia das promessas de Deus, se queixa de insuportável fadiga e sonha com a água e a carne que o Egito lhe garantia, embora em condição de escravidão. Contudo, o Deus de Israel é o Deus que constrói o futuro, não somente do passado, é o Deus da libertação, não o Deus da escravidão. Ordena a Moisés que vá para frente e promete que ele mesmo estará lá, pronto a operar novas maravilhas. “Passa adiante do povo (...) Toma a vara com que feriste o rio Nilo. Eu estarei lá, diante de ti sobre o rochedo (...) Ferirás a pedra e dela sairá água para o povo beber” (1ª Leitura: Ex 17,5-6).

Jesus estará sempre à frente dos discípulos no caminho para Jerusalém, renovando seu compromisso com a missão recebida do Pai, e pedindo aos discípulos para “segui-lo”, sem voltar atrás (Lc 9,51-62). Ele está sempre diante de nós e nos convida a segui-lo.

O Salmo Responsorial (Sl 94/95), constitui a clássica reflexão sobre a peregrinação de Israel no deserto, marcada por inúmeras oportunidades de experimentar a fidelidade e a potência de Deus e por repetidos endurecimentos do coração do povo, incapaz de se abrir às promessas de Deus. No contexto da Quaresma, este salmo constitui um convite vigoroso a valorizar este tempo de graça, como tempo rico de novas oportunidades de conversão e de crescimento na relação com o Senhor.

Na Carta aos Romanos (2ª Leitura), Paulo destaca a gratuidade da iniciativa com a qual Deus estabeleceu conosco uma relação de autêntica renovação em Cristo Jesus, derramando em nossos corações seu Espírito, princípio de vida nova, fundamento da esperança e penhor da plena participação em sua vida. “Por ele, só tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5, 2.5).

Jesus, em seu encontro com a mulher samaritana junto do poço de Jacó (evangelho), revela a absoluta liberdade com a qual ele se doa a todos e a cada pessoa. Ao mesmo tempo, com delicada pedagogia, ele faz a mulher passar da procura de solução insuficiente às exigências mais elementares da vida, como a água, para a atenção aos mais profundos anseios de verdade, de beleza e de vida, que estão no seu coração, escondidos dela mesma.

O próprio Jesus se faz mendicante e companheiro de procura. “Dá-me de beber”. O gesto de proximidade guia a mulher a descer nas profundidades do poço que se encontra nas entranhas de sua própria experiência. “Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4,10). Ela, com surpresa, descobre que o sedento estrangeiro está, de fato, lhe oferecendo uma água que não se pode recolher dentro do balde e sim no coração. “Mas quem beber da água que darei, nunca mais terá sede (...) Senhor dá-me dessa água...” (Jo 4, 14-15).

Tal invocação recebe, em resposta, a abertura de uma perspectiva ainda mais inesperada: participar do novo culto a Deus em Espírito e verdade, superando toda divisão e redução aos critérios religiosos humanos: “Mas vem a hora, e é agora, em que os que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade” (Jo 4,23).

Os discípulos são conduzidos a percorrer um caminho de abertura e conversão aos critérios de Deus, parecido com o caminho feito pela mulher de Samaria. Com estranhamento ao encontrar Jesus falando com a mulher estrangeira, porém solicitam para que o mestre coma algo depois de tanta fadiga da viagem, eles são conduzidos por Jesus a mudar de horizonte: “Eu tenho um alimento para comer que vós não conheceis (...) O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra” (Jo 4, 32.34).

Esta mudança de horizonte, constitui a passagem/Páscoa que os discípulos terão dificuldade a cumprir em si mesmo, até que o Espírito converta o coração deles, e o próprio Jesus abrirá sua mente depois da ressurreição. Os discípulos, iluminados e fortalecidos pelo Espírito, conseguirão dar testemunho de Jesus, somente depois da Páscoa.

A mulher samaritana, ao contrário, parece mais disponível a deixar-se guiar pela novidade extraordinária encontrada em Jesus, e inicia imediatamente a dar testemunho dele. Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus por causa da palavra da mulher que testemunhava: “Ele me disse tudo o que fiz”” (Jo 4,39). Ela se torna a “primeira evangelizadora”, antecipando, profeticamente o alegre anúncio da ressurreição, dado por Maria Madalena e pelas mulheres aos discípulos, na madrugada de Páscoa.

3. Atualizando a Palavra

A sociedade moderna se torna sempre mais secularizada e espiritualmente árida. Para muitas pessoas, Deus é o “ausente”. Uma recente análise sobre a situação da pessoa na sociedade atual, destaca, que o homem contemporâneo, todavia, mesmo no drama de suas situações existenciais, espera em maneira confusa, conhecer e encontrar o Deus dos viventes e que dá a vida. Ele sente nostalgia da presença de Deus. Sofre a sede do infinito, embora, muitas vezes, não consiga dar este nome à água que está procurando para saciar sua sede.

A nostalgia nasce das desilusões deixadas pelo que foi imaginado e seguido como “deus”, capaz de satisfazer a sede de sentido da existência, tão frágil e quase desertificada interiormente. “Em mim desfalece o meu espírito, meu coração se consome (...) A ti estendo minhas mãos, como a terra seca, anseio por ti” (Sl 143/142, 4.6).

O Batismo mergulha o cristão na nascente da água viva, que continuará a fecundar toda a sua existência.

Experiência de plenitude, e ao mesmo tempo urgência de uma sede insaciável, expressão de uma fé às vezes incipiente, que cresce com o progresso do amor, e leva consigo a força para perseverar na esperança. “Ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o dom de crer. E, saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor” (Missal Romano, Prefácio do Terceiro Domingo da Quaresma, p.197). A esperança, ao longo do caminho, não decepciona em sua tensão rumo à plenitude, pois “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Segunda Leitura, Rm 5,5).

Jesus dá testemunho do amor de Deus para com todos os homens e mulheres, qualquer que seja a condição deles. Mesmo os “samaritanos”, os diversos, os problemáticos, os excluídos, segundo as categorias sociais e religiosas vigentes, são destinatários deste amor divino que “tem sede” de todos,  e a todos oferece a possibilidade de encontrar a “água que dá vida”, aquela quem no fundo, eles estão procurando mesmo em seus desvios.

Ao pedir à mulher de Samaria, para saciar sua sede, é o próprio Jesus a se aproximar, partilhando a mesma fraqueza e necessidade dela e de todo homem e mulher. Com seu gesto desperta a consciência dela para a procura mais profunda, que ela traz consigo, e acaba oferecendo à sua fé o manancial perene do Espírito que brotará dentro dela mesma (Jo 4, 13-15). De maneira especial, aos catecúmenos Jesus é apresentado como fonte de água viva da qual os “eleitos” devem se aproximar. A água mostra-se nesse contexto, como veículo de graça e renovação em suas vidas.

“Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 28-30).

Esta mesma atitude de Jesus está no centro dos gestos e da cotidiana pregação do Papa Francisco, impelindo a Igreja inteira a assumi-la com os homens e mulheres do nosso tempo, para que eles possam se encontrar com o coração de Jesus. Alguns bem-pensantes ficam escandalizados, achando que assim se vai enfraquecer a força das leis da Igreja como acontecia com Jesus.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Na preparação das oferendas para a Eucaristia, há um pequeno rito quase percebido pela assembleia, sobretudo no seu significado simbólico. É o gesto com que o ministro derrama algumas gotas de água no cálice, misturando-as com o vinho. A água representa nossa frágil realidade humana que se abre ao Senhor, como no mistério da encarnação. O vinho e a água misturados são apresentados ao Senhor, para que, pela força vital de sua Palavra e do Espírito Santo, sejam transformados no sangue vivo de Cristo que sacia a sede de seu povo. Pois é a páscoa do Senhor, a nascente perene da água viva.

O salmista, porém, interpreta, com esperança, o que permanece no fundo do coração e que pode abrir novos caminhos: “A minh’alma tem sede de Deus, e deseja do Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus?” (Sl 42/ 43, 3).

De onde estamos atingindo nossa água: do manancial vital do Espírito que fica jorrando dentro de nós ou das “cisternas rasgadas” que o mundo nos proporciona?

A sede da posse sem medida, a cobiça de desfrutarmos dos recursos ambientais, estão desertificando a vida do homem, as relações entre as pessoas e os povos, ameaçando o desenvolvimento sustentável. O que dizer da água em nosso país? “Grande parte das águas tem sua origem na Amazônia, sendo recebidas e acumuladas no Cerrado, que funciona como uma grande ‘caixa d’água’. Daí as águas são redistribuídas pelo território nacional, confirmando assim a grande importância deste bioma no ciclo das águas, com sua consequente preservação. Como podemos perceber, o Rio São Francisco recebe suas águas, quase em sua totalidade, do Cerrado e as distribui em outras regiões (CNBB. Campanha da Fraternidade 2017

Se no início do tempo quaresmal a comunidade eclesial acolheu os catecúmenos com o “rito de eleição”, neste terceiro domingo da Quaresma lhes são proporcionados o primeiro escrutínio (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, n. 160-166), com a finalidade de “purificar os espíritos e os corações, fortalecer contra as tentações, orientar os propósitos e estimular as vontades, para que os catecúmenos se unam mais estreitamente a Cristo e reavivam seu desejo de amar a Deus” (Ibidem n. 154). .

Com o primeiro escrutínio, a figura da samaritana que no poço se encontra com o Cristo, e no diálogo com ele, toma consciência de estar no pecado, e o acolhe. A samaritana, assim, muda de direção e torna-se apóstola.

Oração dos fiéis:

Presidente: Rezemos a Oração da CF 2017.

(Repartidos entre lado 1 e lado 2)

1. Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, por vossa infinita bondade.

2. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor.

1. Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.

2. Cresça, em nosso imenso Brasil, desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Ó Deus de bondade, concedei-nos por este sacrifício que, pedindo perdão de nossos pecados, saibamos perdoar a nossos semelhantes. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus, tendo recebido o penhor do vosso mistério celeste, e já saciados na terra com o pão do céu, nós vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o sacramento realizou em nós. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

AGENDA DO BISPO DIOCESANO:

Dia 17 de março – sexta-feira: Atendimento residência episcopal – 08h30 até 10h30min; Entrega contribuição CF de 2016 a entidades – 11h00 na Cúria Diocesana; Missa – Novena de São José – Perus – SP – Padre Cilto José – 20h00.

Dia 18 de março – sábado: Missa – posse Padre Junior – São José Operário – Conchal – 19h30min

Dia 19 de março – domingo: Missa e Posse de Adm. Paroquial do Padre Evandro Lopes e dedicação da nova Igreja Matriz São José da cidade de Americana – 09h00; Missa e posse de Pároco do Padre Diego Miquelotto, Par. Menino Jesus, Limeira – 19h00.

Dia 22 de março –quarta-feira: Reunião – conselho econômico – 19h30min – residência episcopal.

Dia 23 de março –quinta-feira: Reunião Geral do Clero, no CDL, da cidade de Limeira, a partir das 08h30; Crisma – na Par. Nossa Sra. Aparecida – Iracemápolis, Pe. Márcio Catani, às 19h30min

Dia 24 de março – sexta-feira: Retiro da Romaria no Centro Bom Jesus (próximo zé do pote) – 19h00.

Dia 25 de março – sábado: Retiro da Romaria – Centro Bom Jesus; Missa e posse de Administrador Paroquial na Quase-Paróquia Santa Efigênia: Pe. Aires de Brito– 19h00 – Limeira, SP.

Dia 26 de março – domingo: Missa na Par. São Francisco de Sales, SP, Região Ipiranga, 60 anos de presença dos padres Doutrinários no Brasil, às 10h00; e Missa e posse de Pároco do Pe. Thiago Cabrini, na Par. São Judas Tadeu, Araras, 19h30.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presidente: O Senhor esteja convosco.

Todos: Ele está no meio de nós.

Presidente: (Dá a bênção).