4º Domingo da Quaresma
Publicado em: 22/03/2017


“Eu sou a Luz do mundo!”

 

Leituras: 1º. Samuel 1b, 6-7.10-13a; Salmo 22 (23); Carta de S. Paulo aos Efésios 5, 8-14; e João 9, 1-4.

COR LITÚRGICA: ROXA

Animador: Nesta páscoa semanal de Jesus, celebramos o domingo da alegria. Hoje, juntamente com o cego de nascença, fazemos a experiência de termos os olhos ungidos e sermos curados de nossa cegueira, aprofundando sempre mais o sentido de nosso seguimento de Jesus. A Campanha da Fraternidade deste ano de 2017 nos diz que quando um sistema é destruído pela ambição humana, pelo avanço do desmatamento sem sustentabilidade, o desequilíbrio acontece e a vida como um todo fica ameaçada. O gemido de nossos povos explorados se mistura ao gemido de nosso planeta que juntos choram como em dores de parto.

1. Situando-nos brevemente

“Alegra-te, Jerusalém!” Com o nome derivado da primeira palavra latina da antífona de Entrada, este quarto domingo da Quaresma, é conhecido como o “Domingo Laetare”, dia de alegria e de luz que antecipa a grande alegria da Páscoa. “Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Sacia-vos com a abundância de suas consolações” (Antífona de Entrada – Is 66, 10-11).

A comunidade se alegra pela proximidade da Páscoa da Ressurreição de Cristo. É bom que nos alegremos nesta certeza. Fomos salvos pela ressurreição de Cristo e esta celebração festiva anual está próxima. Nós cristãos nos alegremos, porque Cristo nos salvou pela doação de vida.

Reunidos em comunidade, fazemos memória do gesto de Jesus que abre os olhos de cego e o faz passar das trevas à luz. Curando cego de nascença, Ele se revela como “luz do mundo”. Nós pelo Batismo, também nos tornamos luz do mundo com o Cristo.

A liturgia deste domingo faz-nos percorrer um verdadeiro caminho batismal. Leva-nos a mergulhar em nossa própria escuridão, para podermos perceber a claridade da luz que nos vem de Jesus que venceu as trevas do pecado.

Imploremos, nesta celebração, que o Senhor nos cure de todas as nossas cegueiras, que nos tire da sonolência da noite, que nos levante do meio dos mortos para que possamos ver a claridade de Cristo. Deixemo-nos curar por Cristo, que pode nos doar a luz de Deus. Assim, curados de nossas cegueiras e miopias nos disponhamos cada vez mais para o mistério de Deus.

2. Recordando a Palavra

“Irmãos: Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz” (Segunda leitura – Ef 5,8). O apóstolo Paulo destaca que, com o Batismo, não só gozamos da luz do Senhor para conduzir uma vida certa, mas também, em força desta relação vital para com ele, “somos luz”, no Senhor, participamos de seu ser, da sua vida. Desta participação nasce a possibilidade e o chamado a viver como “filhos da luz”, isto é, atuar e agir com o mesmo estilo.

Viver como filhos da luz significa viver segundo o Espírito filial e os critérios de avaliação da vida que correspondem à energia vital e a sabedoria do Espírito Santo. A situação da vida é, por sua natureza, sempre ambígua. Precisamos da luz interior para discernir entre o que vale de verdade, e o que tem somente a aparência. “Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras estéreis das trevas, que, não levam a nada; antes, desmascarai-as” (Ef 5, 10-11).

O espírito da Quaresma nos convida a passar das aparências para a verdade profunda, em relação a nós mesmos e na relação com o Senhor, bem como os irmãos. Esta passagem interior para a autenticidade é a Páscoa a viver cada dia mais, como diz a própria palavra “páscoa”.

O Salmo responsorial (Sl 22), conhecido como o Salmo do Bom Pastor, destaca como o caminho para Páscoa feita vida é um longo caminho. Encontra desafios e riscos, mas o próprio Senhor cuida de nós, nos orienta, nos alimenta, nos sustenta nos seus braços, nos momentos de cansaço e de perigo. “O Senhor é o meu pastor que me conduz; não me falte coisa alguma, (...) Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei, (...) Na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos” (Sl 22, 23).

Nas homilias mistagógicas dos Padres da Igreja, bem como nas imagens que ornavam as paredes das igrejas antigas, a cena de Jesus que cura o cego de nascença (evangelho) ocupava lugar central.

No pano de fundo da narração evangélica, é fácil vislumbrar o caminho que na Igreja faz o catecúmeno, para chegar a celebrar, no Batismo, aquele encontro pessoal com Jesus, que muda seu coração e lhe dá uma luz interior que ilumina, de maneira radicalmente nova, a vida. É conveniente que, durante a Quaresma, a comunidade acompanhe com muita atenção, seguindo as etapas indicadas pelo Rito da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), os adultos que eventualmente se preparam para receber o Batismo na Vigília Pascal.

Esta atenção pastoral com os catecúmenos adultos, pode ser facilmente valorizada para animar também as famílias das crianças que, na mesma noite, vão celebrar o Batismo.

No relato, encontramos dois processos interiores que vão em sentido contrário. O cego passa através de um caminho de iluminação interior que o conduz a penetrar sempre mais profundamente o mistério de Jesus e sua relação pessoal com ele. Ao contrário, as autoridades se envolvem numa progressiva cegueira. Não querem reconhecer a manifestação de Deus em Jesus. A aceitação ou a recusa de Jesus se torna critério autêntico para avaliar as obras de cada pessoa e sua real escolha entre a luz e as trevas.

O oposto dinamismo que encontramos na relação do cego e das autoridades judaicas com Jesus, se torna um critério permanente para avaliar a relação de cada um com Jesus. Na minha vida de cristão(ã), Jesus ocupa verdadeiramente o centro e se torna critério para orientar minhas escolhas cotidianas? Ou me deixo determinar pelo costume e pela conveniência social, por critério de aparência, orgulho, até mesmo de medo?

3. Atualizando a Palavra

Nas catequeses dos Padres da Igreja, o Batismo era indicado como “iluminação”, e aqueles que tinham recebido o Batismo, eram chamados de “iluminados”. Ainda hoje um significativo rito complementar da celebração do Batismo, põe em evidência sua dimensão iluminadora, que abre o caminho para seguir a Jesus e partilhar seus critérios de julgamento, que não olham as aparências enganadoras, mas a verdade profunda das coisas e das pessoas.

É a entrega da vela batismal, acesa no Círio Pascal e entregue ao batizado adulto ou aos pais e padrinhos da criança, com as palavras: “Recebe a luz de Cristo. Caminha sempre como filho da luz, para que perseverando na fé, possas ir ao encontro do Senhor com todos os santos no reino celeste” (Rito da Iniciação Cristã dos Adultos (RICA), n.265).

A luz/vida recebida no Batismo é uma potencialidade divina a desenvolver. É preciso deixar-se guiar pela luz interior do Espírito, procurando viver coerentemente segundo os impulsos interiores do mesmo. Ele conduz a um estilo de vida no qual se manifesta e resplandece a luz do mesmo Cristo. “Vivei como filhos da luz”. O fruto da luz chama-se bondade, justiça, verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das trevas, que não levam a nada; antes desmascarai-as (...) Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Cf. Ef 5, 8-11;14).

Na linha da conformação progressiva a Cristo, realizada pela sua luz transformadora, o caminho do discípulo, ao longo da vida, se torna um duro combate espiritual entre a luz de Cristo e as trevas do mundo que em nós habitamos e nos circundam, e que tendem a nos ocupar novamente. É preciso fortalecer-se do poder de Deus e revestir-se da armadura do Espírito e de todos os seus instrumentos (Ef 6, 10-17). Aos catecúmenos, o Evangelho convida a entrar no Reino a Luz, rejeitando todo o pecado, recordando aos eleitos que também eles serão iluminados pela graça batismal.

Desde o início, a sorte do Verbo, que é a vida e a luz, é a de brilhar nas trevas, de encontrar oposição, mas as trevas não conseguem apreendê-la. Pois ele é a verdadeira luz que ilumina todo homem, ao vir ao mundo (Cf. Jo 1,4-5;9).

Jesus proclamou: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Mas a luz encontra sempre oposição.

A saída de Judas Iscariotes da sala da última ceia de Jesus com os discípulos, marca o cume da prepotência das trevas: “Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas (...) Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite” (Jo 13, 27;30). Mas a entrega aos inimigos em plena liberdade por parte de Jesus, se torna a raiz da liberdade dos discípulos frente à violência das trevas, ao longo da história.

Jesus afirma que também os discípulos, na medida em que se deixam envolver na sua experiência de total dedicação ao Pai, se tornarão eles mesmos: luz irradiante da luz de Cristo para o mundo, iluminados e iluminadores. “Vós sois luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida” (Mt 5,14).

Como Jesus, também os discípulos, exatamente por causa do contraste com o mundo, são destinados a enfrentar oposição e perseguição: “O servo não é maior que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós. Se guardaram minha palavra, guardarão também a vossa” (Jo 15,20).

A crônica dos nossos dias confirma esta palavra de Jesus. Quantos cristãos e cristãs estão pagando um preço muito alto a motivo da sua fidelidade a Cristo? Mas as feridas deles se tornaram luz que sustentam também nossa fé e nossa esperança.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

A Eucaristia atualiza o evento pascal, em seu dinamismo transformado pelo Espirito derramado por Cristo, e recebido na sua palavra e no seu corpo e sangue.

Iluminados por esta fé, a Igreja, depois da comunhão, experiência de encontro com cristo luz, reza: “Ó Deus, luz de todo homem que vem a este mundo, iluminais nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração” (Missal Romano. Oração depois da Comunhão do Quarto Domingo da Quaresma, p.206).

O encontro com Cristo, pela fé e pelo Batismo, na Eucaristia é aprofundado e atualizado, cada vez mais, e instaura um dinamismo de iluminação e transformação progressiva, que nos conduz a “pensarmos sempre o que vos agrada” (Missal Romano. Oração depois da Comunhão do Quarto Domingo da Quaresma, p.206), como acontece em toda autêntica relação entre as pessoas que se amam. O coração se torna sempre mais unificado no Senhor. O mandamento do Senhor: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento” (cf. Mt 22,37), não é mais um dever ou uma fadiga, mas verdadeira alegria, livre de todo medo e de toda conveniência religiosa, como convém a filhos e filhas.

O Prefácio de hoje proclama o louvor ao Pai, estruturando as razões específicas de seu canto a partir do evento do Evangelho e da sua relação intrínseca com o Batismo. “Pelo mistério da encarnação, Jesus conduziu a luz da fé à humanidade que caminhava nas trevas. E elevou à dignidade de filhos e filhas os escravos do pecado, fazendo-os renascer das águas do Batismo”.

Este texto é um exemplo muito significativo de como nossa oração deveria deixar-se inspirar pela Palavra proclamada na liturgia ou meditada pessoalmente. A escuta da Palavra na fé produz a resposta confiante dos filhos e das filhas. A liturgia é grande mestra de vida espiritual e de oração.

A Eucaristia é luz e força para a nossa vida cotidiana no mundo. O Batismo é a corrente de águia viva que nos conduz à vida na luz que é Jesus Cristo!

Neste quarto domingo da Quaresma, a liturgia reserva ainda lugar para o processo catecumenal com realização do segundo escrutínio (Ritual de Iniciação Cristã, n. 167-173). NO segundo escrutínio, tendo o Evangelho de Jesus que resistiu a vista ao cego de nascença se quer revelar ao catecúmeno, que a fé é um dom de Deus, que recebe aqueles que se mostram receptivos. Assim, a luz da fé faz o eleito reconhecer e confessar a messianidade de Cristo. O cristão é iluminado, converte-se em luz, o que implica a séria responsabilidade da Igreja de ser luz do mundo com Cristo.

Oração dos fiéis:

Presidente: Senhor com tua luz, nos mostra que todos somos irmãos e irmãs e que devemos cuidar com muito amor e carinho da nossa Casa Comum.

Rezemos a oração da CF 2017. (Repartido entre lado 1 e lado 2)

1. Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, por vossa infinita bondade.

2. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor.

1. Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.

2. Cresça, em nosso imenso Brasil, desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Ó Deus, concedei-nos venerar com fé e oferecer pela redenção do mundo os dons que nos salvam e que vos apresentamos com alegria. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus, luz de todo ser humano que vem a este mundo, iluminai nossos corações com o esplendor da vossa graça, para pensarmos sempre o que vos agrada e amar-vos de todo o coração. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO

Dia 24 de março – sexta-feira: Início do retiro dos romeiros no Centro Pastoral Bom Jesus – 19h00.

Dia 25 de março – sábado: Retiro dos Romeiros – 06h30min até 22h00; Missa e criação da Quase-paróquia Santa Efigênia e posse do seu novo Administrador Paroquial Padre Aires, cidade de Limeira, SP, às 19h00.

Dia 26 de março –domingo: Retiro dos romeiros – 06h30min até 11h30min – missa padre Danilo; Missa- 60 anos dos Doutrinários no Brasil – São Francisco de Sales – SP – 10h00; Missa e posse de Pároco do Padre Thiago Cabrini, Paróquia São Judas Tadeu, cidade de Araras, SP, às 19h30min; Encontro Pastoral Familiar - Escola Salesiana São José – Campinas, das 08h00 até 17h00 (para conhecimento).

Dia 29 de março – quarta-feira: PASCOM - Diocese de Franca – formação para leigos – 19h30min.

Dia 30 de março – quinta-feira: PASCOM - Diocese de Franca – formação para o Clero Diocesano – 09h00.

Dia 31 de março – sexta-feira: Atendimento na residência episcopal 09h00 até 11h00; Missa e Crisma na Paróquia Santo Antônio, cidade de Pirassununga, Pe. Thiago, às 19h30min

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presidente: O Senhor esteja convosco.

Todos: Ele está no meio de nós.

Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos vocês como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno à casa. Todos:

Amém.

Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os guie nesta caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.

Todos: Amém.

Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta contra o mal para poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa.

Todos: Amém.

Presidente: (Dá a bênção).