Olá amigos e amiga!
Vocês estão bem?
Na preparação da nossa Semana Santa estamos fazendo esta reflexão histórica das nossas celebrações. Hoje vamos falar da Quinta-feira Santa.
A Quinta-feira Santa tem duas celebrações: uma na parte da manhã, que acontece na Catedral Diocesana, onde o bispo, com todo o seu presbitério e o povo de Deus celebram a Missa do Crisma, onde é consagrado o óleo do crisma e abençoado os óleos dos enfermos e o óleo dos catecúmenos (batismo); e outra celebração que acontece nas Paróquias que é a Missa vespertina da Ceia do Senhor.
Vamos refletir sobre a HISTÓRIA DA CELEBRAÇÃO DA QUINTA-FEIRA SANTA À TARDE.
Na Igreja Romana, a Quinta-feira Santa, até o século VII, marca o fim da Quaresma e do jejum penitencial e tem início, com a Sexta-feira Santa, o jejum infrapascal, na espera da ressurreição do Senhor.
Hoje também a Quaresma termina na Quinta-feira Santa na parte da manhã (Normas Universais Sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, 28).
Na parte da manhã da Quinta-feira Santa, a Igreja Romana conhece apenas a reconciliação dos penitentes até o século VII. Não encontramos nenhum vestígio da comemoração da Ceia do Senhor.
A partir do século VII, podemos perceber a evolução da liturgia Romana da Quinta-feira Santa, embora haja ainda muitas divergências entre os liturgistas (aqueles que estudam a liturgia). Parece-nos que em Roma, naquela época, eram celebradas três missas: uma de manhã, outra ao meio-dia e outra de noite. A missa da consagração dos óleos, como a da noite, não possuiam a Liturgia da Palavra, mas começava com a Liturgia Eucarística, imediatamente com as ofertas.
O rito do LAVA-PÉS já se encontra em Jerusalém nos meados do século V. depois, esse costume se propagou para o Oriente e Ocidente. A liturgia da Quinta-feira Santa sofrerá ainda dois acréscimos:
1. TRANSLADAÇÃO DAS SAGRADAS ESPÉCIES (Santíssimo Sacramento). É a transladação solene do que restou das sagradas espécies para um “tabernáculo provisório”, onde serão adoradas até a comunhão do dia seguinte.
Na liturgia romana, conserva-se o que restava do pão consagrado num cofre, que era depositado na sacristia, sem maiores sinais de honra. Durante a missa sucessiva, no início da celebração, o cofre era apresentado ao pontífice, após sua entrada; este venerava as sagradas espécies por uns instantes, e depois eram levadas ao presbítero (padre) para serem depositadas no cálice do vinho consagrado, no momento da fração do pão (Cordeiro de Deus).
Quando a devoção ao Santíssimo Sacramento aumentou, as espécies que sobravam receberam honras particulares. O Papa Urbano IV, a partir da metade do século XIII, estabeleceu a toda a Igreja a festa do Corpo de Cristo (Corpus Christi - 11 de agosto de 1264). O tabernáculo provisório da Quinta-feira Santa tornou-se ocasião para manifestação da adoração à Eucaristia.
Quando a Quinta-feira Santa recebeu na sua liturgia alguns sinais de tristeza, por exemplo, a abolição dos órgãos e das campainhas, o “tabernáculo provisório” foi considerado pela devoção popular como sendo o sepulcro de Cristo, embora a liturgia não tivesse ainda celebrado a sua morte.
2. DESNUDAÇÃO DO ALTAR.
Representa o despojamento de Cristo na cruz, simbolizado pelo tirar as toalhas do altar, as flores e ornamentos.
As reformas litúrgicas do Papa Pio XII, em 1955, já tinham introduzidos, à noitinha, ou menos depois das 4 horas da tarde, uma celebração Eucarística para recordar a instituição da Ceia do Senhor.
O Vaticano II fez uma reforma mais profunda:
-- Alterou-se a ORAÇÃO INICIAL, ressaltando o fato da última Ceia: “Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso Filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eteno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chegar à plenitude da caridade e da vida”;
-- A PRIMEIRA LEITURA (Ex 12, 1-8.11-14) recorda a celebração da “Pesha” (passagem = Páscoa) judaica que será “transformada pelo Novo Cordeiro Pascal, criando um povo santo”;
-- A SEGUNDA LEITURA (1Cor 11, 23-26) conta-nos a ceia Pascal do Senhor conforme o relato da Eucaristia de São Paulo;
-- O ENVANGELHO (Jo 13, 1-5) nos relata a cena do Lava-pés dos discípulos, tornando-se assim um sinal claro do amor de Jesus pelos que o seguiam.
A reforma do Missal Romano, em 1970, tornou o Lava-pés obrigatório em todas as celebrações da Ceia do Senhor, constituindo parte integrante do gesto de doação de Jesus, ato a ser recordado e atualizado nas comunidades de hoje.
A Adoração ao Santíssimo Sacramento, que se faz ao fim da Ceia do Senhor, permaneceu como costume de acompanhar a memória de Jesus na angústia e na agonia daquela noite de Quinta-feira Santa.
(VV. AA. Vivendo a Semana Santa, p.17-19).
Esta é a maneira como devemos fazer esta Adoração ao Santíssimo Sacramento, e não como aquela que fazemos na Primeira Sexta-feira do mês, quando adoramos o Senhor nas espécies consagradas.
Você sabia que esta Hora Santa Eucarística da Quinta-feira Santa tinha esta perspectiva?
A Comissão Diocesana para a Liturgia, de nossa Diocese, prepara, todos os anos, uma Hora Santa Eucarística nesta perspectiva. O texto foi enviado para seu padre, em sua Paróquia. Fale com ele, pois não é qualquer Hora Santa que podemos fazer.
Ah! Como é bom saber a história e o significado de nossas celebrações! Além de entendermos podemos celebrar melhor!
Até mais...
Pe. Ocimar Francatto