"Como deve ser feita a Aclamação Eucarística: de joelhos ou em pé?"
Publicado em: 11/05/2017


Olá amigos e amigas!

Estamos novamente juntos para continuarmos nossa reflexão sobre a Sagrada Liturgia.

Hoje gostaria de refletir com vocês sobre uma pergunta que sempre as pessoas me fazem. Como devo fazer a ACLAMAÇÃO EUCARÍSTICA: DE JOELHOS OU EM PÉ?

Para responder esta pergunta vamos lembrar daquilo que já refletimos com vocês.

Toda “ação litúrgica” tem um gesto corporal (corpo), um sentido teológico-litúrgico (mente) e uma espiritualidade (coração). Ou seja, celebramos  a “ação litúrgica” com todo o nosso ser: corpo-mente-coração. É o sentido “Holístico”, do qual nos já refletimos.

Vamos ver como isto acontece com a “ação litúrgica” chamada “Aclamação Eucarística”.

  1. SENTIDO TEOLÓGICO-LITÚRGICO (mente)

A Aclamação Eucarística é a resposta que damos quando o padre diz ou canta: “Eis o mistério da fé!”

O Missal Romano nos fala que podem ser três tipos de aclamações:

  • “Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor, Jesus!”
  • “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálica, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda!”
  • “Salvador do mundo, salvai-nos, vós que nos libertastes pela cruz e ressurreição”.

O termo “ACLAMAÇÃO” vem do latim “acclamatio”, que significa, grito de alegria, de entusiasmo, de uma multidão; ovação.

As aclamações eram, originalmente, aclamações da multidão nas reuniões de todo o tipo, sobretudo no culto ao imperador. Mas a Igreja primitiva, a exemplo do culto judaico da sinagoga, surgiram como vozes de adesão a Cristo e confissão pública de seu Nome. Desde então as aclamações têm o caráter de profissões marcantes de fé.

Na Idade Média, estas aclamações passaram a ser proferidas só pelos padres, ministros ou coro. Com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II (1962-1965) estas aclamações se tornassem parte integrante e indispensável da participação ativa dos fiéis.

A Aclamação Eucarística, feita depois da narração da instituição e da consagração apresenta uma novidade depois do Concílio Vaticano II: é uma aclamação “memorial”, ou seja, faz memória da morte e ressurreição do Senhor. Esta aclamação eucarística não constava no Missal antigo de Pio V, que vigorou na Igreja de 1570 até 1.970, porque neste Missal a Oração Eucarística era feita em voz baixa e não havia a participação da assembléia.

  1. GESTO CORPORAL (corpo)

Se “aclamar” significa “um grito de alegria”, como faço isso? “Em pé”, ou “de joelhos”? Logicamente que é “EM PÉ”. Ninguém grita de alegria “de joelhos”!

O Missal Romano coloca isto de forma bem clara: “a aclamação é cantada por TODOS e EM PÉ” (Instrução Geral do Missal Romano, 62). Duas coisas importantes nos são dadas nesta Instrução do Missal Romano:

- Cantada (rezada) POR TODOS: pois a aclamação pertence à assembléia dos fiéis, não a equipe de canto, nem ao presidente da celebração, ou qualquer pessoa que represente a comunidade;

- EM PÉ, pois é a maneira que devemos realizar uma aclamação.

  1. ESPIRITUALIDADE (coração)

A aclamação eucarística torna-se mais intensa e um sinal mais expressivo do Mistério, quando manifesta o grito de alegria do povo de Deus em face do acontecimento da salvação, o seu aplauso ao Cristo Ressuscitado, o júbilo da visão escatógica (fim dos tempos), numa palavra: a ação de graças.

Enquanto todas as orações eucarísticas são dirigidas ao PAI, a aclamação eucarística, também conhecida como “aclamação da anamnese” é endereçada ao FILHO. Esse uso está plenamente conforme a um uso quase original da oração dos cristãos: o presidente se dirige diretamente ao Pai em nome de toda a assembléia, mas os fiéis se dirigem àquele que nos conduz ao Pai.

O Missal Romano não prevê a possibilidade de substituir as aclamações eucarísticas previstas, por outras aclamações. Elas são um grito de fé da assembléia que aclama seu Senhor presente no meio dela e, em seu mais alto ponto, nas espécies eucarísticas, sem deixar de clamar por sua vinda última e plena em sua glória, no fim dos tempos.

Agora você sabe como fazer o gesto corporal durante a Aclamação Eucarística e, mais importante, você sabe porque é feito este gesto.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto