Olá amigos e amigas!
Que bom é estarmos juntos novamente!
Gostaria de falar com vocês sobre um rito que muitas vezes pode passar despercebido da assembléia litúrgica: A PARTÍCULA DA HÓSTIA COLOCADA NO CÁLICE DURANTE A CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA.
Antes de falarmos do seu sentido gostaria de fazer algumas observações:
1. COMO O GESTO É FEITO?
“Enquanto diz com o ministro o Cordeiro de Deus, o sacerdote parte a hóstia sobre a patena. Terminado o Cordeiro de Deus, depõe no cálice a fração da hóstia” (Instrução Geral do Missal Romano, 267).
2. O QUE SE DIZ ENQUANTO FAZ O GESTO?
O sacerdote “toma um pedaço do pão consagrado e coloca no cálice, dizendo em SILÊNCIO: ‘Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor nosso, que vamos receber nos sirva para a vida eterna’”. (Instrução Geral do Missal Romano, 267 e Missal Romano, p.502, 510).
4. QUEM ENTOA O “CORDEIRO DE DEUS”?
NÃO é o sacerdote que introduz a oração: “Cordeiro de Deus”. Se for cantada é a equipe de canto que introduz; se for rezada é alguém da assembléia. Vejam o que diz o documento da Igreja: “Enquanto diz COM O MINISTRO o Cordeiro de Deus, o sacerdote parte a hóstia sobre a patena”.
5. QUANTAS VEZES SE DIZ A ORAÇÃO: “CORDEIRO DE DEUS”?
“Estas palavras podem ser repetidas várias vezes, se a fração do pão se prolonga. Contudo, a última vez se diz: dai-nos a paz”. ( Instrução Geral do Missal Romano, 83 e Missal Romano, p. 502).
6. QUANDO POSSO FAZER A ORAÇÃO “CORDEIRO DE DEUS”?
A oração ou canto “Cordeiro de Deus” ACOMPANHA UM RITO (Instrução do Missal Romano, 83). E este rito é feito SOMENTE na celebração Eucarística, pois só na Eucaristia existe o rito da fração do pão.
7. QUE RITO O “CORDEIRO DE DEUS” ACOMPANHA?
Este rito chama-se “fração do pão”, que precede o Rito da Comunhão.
8. O PADRE PODE PARTIR O PÃO EM OUTRO MOMENTO DA CELERAÇÃO EUCARÍSTICA?
NÃO! O Documento 43 da CNBB “Animação da vida litúrgica no Brasil”, nºs. 286 a 288, nos deixa isso bem claro.
Celebrando o memorial do Senhor, a Igreja, na Liturgia Eucarística, faz o mesmo que Cristo fez na última Ceia.
Na última Ceia: Ele tomou o pão e o cálice; deu graças; partiu o pão e deu aos seus discípulos.
Na Liturgia fazemos os mesmos gestos:
Tomar o pão e o vinho = preparação das oferendas
Deus graças = Oração Eucarística
Partiu o pão = Fração do pão
E deu = comunhão
Tem padres que partem o pão durante a “narrativa da instituição e consagração”. Isto está ERRADO, pois a Eucaristia não é “Mímese” (teatro), mas “Anamnese” (Memória). Já vimos isto em outro artigo.
9. QUEM PODE FAZER ESTE GESTO DA FRAÇÃO DO PÃO?
“Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono” (Instrução Geral do Missal Romano, 83). “O sacerdote parte os pães eucarísticos, ajudado, se for o caso, pelo diácono ou um concelebrante” (Instrução Geral do Missal Romano, 83).
10. COMO RELIZAR ESTE GESTO?
“A fração o pão se inicia terminada a transmissão da paz e é realizada com a devida reverência, contudo, de modo que não se prolongue desnecessariamente nem seja considerada de excessiva importância” (Instrução Geral do Missal Romano, 83).
Por ser um rito (que corresponde ao partir o pão da última Ceia) é preciso que o gesto seja feito bem feito de modo que todos possam ver e participar.
CUIDADO: “a saudação da paz não deve ofuscar a importância deste momento” (Doc. 43, CNBB: Animação da vida litúrgica no Brasil, 316).
Depois de feitas essas observações vamos ver o SENTIDO DESTE GESTO.
A própria Igreja já nos coloca o seu sentido: “a unidade do corpo e do sangue do Senhor na obra as salvação, ou seja, do corpo vivente e glorioso de Cristo Jesus”. (Instrução Geral do Missal Romano, 83).
Frei Alberto Beckhäser em seu livro “Celebrar a vida cristã”, nas páginas 109 e 110 nos dá uma explicação muito bonita:
“A Eucaristia foi sempre considerada como expressão da unidade do Corpo Místico de Cristo. São Paulo diz: ‘Uma vez que há um único pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque nós comungamos de um mesmo pão’ (1Cor 10,17). A Igreja romana deu uma expressão visível a este conceito através do uso do chamado ‘fermento’. Fermento era chamada a partícula que o Papa destacava da próprias espécies consagradas em dias festivos e enviava aos bispos das cidades vizinhas de Roma e aos presbíteros da outras igrejas da cidade, que por sua vez, a colocavam no cálice do Sacrifício, em sinal de união com o Papa e a presidência hierárquica dele.
Em Roma este uso foi praticado até o século IX. Quando o rito do ‘fermento’ caiu em desuso, continuou o costume de o próprio Celebrante colocar um pedaço da própria hóstia. Este rito simbolizava sobretudo, a união e a paz.
Mais tarde, outra idéia vinda do Oriente inspirou o gesto de colocar um pedaço da hóstia consagrada no cálice imediatamente antes da Comunhão. Queria significar a união das espécies consagradas. O pão e o vinho, embora separados, não são algo morto, como o sangue separado do corpo. Formam uma unidade, o Corpo vivo e glorioso de Cristo. Lembram o mistério da Ressurreição.
A união dos dois elementos separados pelo memorial da morte de Jesus Cristo é feita para simbolizar a sua ressurreição. A Eucaristia celebra não o Cristo morto, mas o Cristo morto e ressuscitado, pão vivo descido dos céus, garantia de imortalidade. A oração fala de um Cristo vivo que é o Senhor nosso; um Cristo alimento; um Cristo alimento para a vida eterna.”
Agora que já sabemos o significado deste gesto, vamos celebrá-lo com mais dignidade, dando a ele o valor que merece dentro da celebração litúrgica.
Até mais...
Pe. Ocimar Francatto