Quarta-feira de Cinzas
Publicado em: 06/02/2016


“Convertei-vos e Crede no Evangelho”

Leituras: Joel 2, 12-18; Salmo 50 (51); Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 5, 20-6,2; Mateus 6, 1-6.16-18.

COR LITÚRGICA: ROXA

Animador: Com esta celebração de cinzas iniciamos nossa caminhada quaresmal rumo à Páscoa do Senhor. As cinzas simbolizam a penitência. A quaresma, a qual estamos dispostos a entrar e a vivenciar como cristãos é um tempo penitencial por excelência. As cinzas não apagam nossos pecados, não perdoam nossos pecados, mas nos fazem reconhecer pecadores e necessitados de conversão, de voltar a caminhar nos caminhos de Deus.

Para isso a Campanha da Fraternidade nos ajuda nesta conversão apresentando um tema para nossa reflexão. Este ano será ecumênica, ou seja, feita em conjunto com outras Igrejas cristãs que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC). Fala sobre o saneamento básico.

O tema é: “Casa comum, nossa responsabilidade”, com o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). Que o direito ao saneamento básico seja assegurado a todos.

1. Situando-nos

Animados pela fé, iniciamos o Ciclo Pascal que tem a Quaresma como tempo de preparação. A Quaresma é o tempo que precede e predispõe à celebração da Páscoa: festa central do ano litúrgico.

O Papa Francisco nos faz um apelo: “A Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus” (Idem). O Senhor nunca se cansa de ter misericórdia de nós, e quer nos oferecer uma vez mais o seu perdão, todos precisamos disso, convidando-nos a voltar a Ele com um coração novo, purificado do mal, purificado pelas lagrimas, para tomar parte da sua alegria” (PAPA FRANCISCO, Homilia da Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015).

O início da Quaresma é marcado com o rito da imposição das cinzas. Ela advém do antigo ritual com que os pecadores convertidos se submetiam à penitencia canônica. O gesto de se cobrir de cinzas tem o sentido de reconhecer a própria fragilidade e mortalidade, que necessita ser redimida pela misericórdia de Deus. Longe de ser um gesto puramente exterior, a Igreja o conservou como símbolo da atitude do coração penitente que cada pessoa é chamada a assumir no itinerário quaresmal (Cf. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, n.125).

A celebração da bênção e a imposição das cinzas lembram as palavras de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho”. A Igreja suplica a Deus: “Derramai a graça da vossa bênção sobre os fiéis que vão receber as cinzas, para que, prosseguindo na observância da Quaresma, possam celebrar de coração purificado o mistério pascal de vosso Filho” (Oração da Bênção das cinzas. Missal Romano, p. 175-176).

Receber as cinzas, nesta quarta-feira, significa confirmar nossa fé na Páscoa de Cristo, na reconciliação, na esperança de um estar na comunhão do Ressuscitado. Participar do rito da imposição das cinzas, significa ainda, como convertidos, agir para que a fé continue a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em mudança.

Neste Tempo da Quaresma, fazemos comunhão com o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. Com elas rezamos e assumimos as propostas da Campanha da Fraternidade Ecumênica com o tema “Casa comum, nossa responsabilidade”, tendo como lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (cf. Am 5,24).

O objetivo principal é “assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum” (CONIC - Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: Texto-base. Brasília. Edições CNBB, 2015, n.7).

2. Recordando a Palavra

No começo da caminhada quaresmal, Jesus nos dirige sua Palavra convidando-nos a seguir com Ele o caminho rumo à Páscoa. Sua Palavra, que chega até nós pelo Evangelho de Mateus, situa-se no centro do “Discurso da Montanha” (cap. 5-7), o primeiro dos cinco grandes discursos de Jesus, assinalados por este evangelista. Esta passagem tem como conteúdo o anúncio inicial da proclamação do Reino de Deus. Ela deve ser lida na perspectiva da constituição do novo povo de Deus, da nova aliança que se cumpre em Jesus, o Salvador.

Pela escuta da Palavra do Mestre e pela acolhida da misericórdia divina revelada em Jesus, superam-se a falsidade e a infidelidade, constitui-se o novo povo de Deus. É nesta perspectiva que podemos compreender a palavra do Evangelho proposto para a celebração da Quarta-feira de Cinzas: os cristãos são chamados pelo Mestre a assumirem, com fidelidade, as obras de justiça no relacionamento com o próximo: a esmola; para com Deus: a oração; para consigo mesmo: o jejum.

A esmola, a oração e o jejum são práticas antigas e consideradas parte dos exercícios da ascese espiritual. Elas sempre foram retomadas e recomendadas pelos mestres a seus seguidores. Contudo, ao longo dos tempos, estas prescrições foram corridas pelo formalismo exterior, ou se transformaram em um sinal de superioridade social (Cf. Lc 18, 9-14).

Jesus também retoma tais exercícios e, para que respondam à sua finalidade essencial, os enquadra na relação de intimidade com o Pai e com os discípulos. O evangelista ressalta o contraste entre a prática sugerida por Jesus e a dos fariseus e escribas. Para estes, tais práticas são expressão da observância da Lei, em vista da recompensa, mesmo que não correspondam a uma atitude interior.

Para o Mestre, a esmola, a oração e o jejum devem simbolizar a fidelidade e a comunhão do novo povo com Deus. Sua prática deve, contudo, evitar a busca de privilégios, poder e recompensas. Isto, além de bloquear a relação filial com Deus, torna-se fonte de conflitos entre as pessoas. A recompensa anunciada por Jesus não é a correspondência entre prestação de serviço e pagamento. Ela é dom divino, salvação. Ela é o Reino prometido e oferecido a quem, na obediência, abre-se às exigências de sua novidade.

O profeta Joel, diante das plantações devastadas pela praga dos gafanhotos, reflete com o povo sobre a exigência de uma nova vida. A devastação era um sinal da proximidade do dia do Senhor. O profeta incentiva o povo ao cuidado da terra devastada e convoca todos à conversão, à penitência e à mudança de vida. Isto não pode ser algo apenas exterior, aparente e sem conseqüências práticas, mas deve significar uma transformação radical rumo a Deus.

O Salmo 50 (51) constitui-se numa grande súplica pela libertação da desgraça pessoal e social causada pelos pecados. O canto desse salmo reflete a consciência contrita do pecador e sua confiança na ação misericordiosa de Deus. É ela quem gera um coração novo e imprime o espírito de santidade.

Na segunda leitura de hoje, o apóstolo Paulo interpela a comunidade: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixa-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20). Este esforço de conversão não é somente uma obra humana, é deixar-se reconciliar pela graça. A reconciliação entre nós e Deus é possível graças à misericórdia do Pai que, por amor a nós, não hesitou em sacrificar o seu Filho unigênito (Cf. PAPA FRANCISCO. Homilia da Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015).

3. Atualizando a Palavra

Na Quarta-feira de Cinzas, quarenta dias antes da celebração da Páscoa, a Igreja abre o tempo de penitência denominado de Quaresma. Este tempo precede e predispõe à celebração da Páscoa. Pela meditação assídua da Palavra de Deus, a oração e a prática da caridade, somos convidados a entrar na dinâmica pascal da conversão que consiste na passagem da morte para a vida, das trevas para a luz, do egoísmo e do pecado para a vitória da ressurreição. A Igreja proclama no Prefácio da Quaresma IV: “Pela penitência da Quaresma, corrigis nossos vícios, elevais nossos sentimentos e fortaleceis nosso espírito fraterno e nos garantis uma eterna recompensa”.

A Quaresma é um tempo primordial de conversão, isto é, de reconciliação com Deus e com os irmãos e irmãs. A Palavra de Deus nos convida a rever nossos relacionamentos com Deus, com o próximo, com o mundo que nos cerca e conosco mesmos, através da prática da oração, do jejum e da esmola. O terceiro Prefácio da Quaresma ressalta a ação pedagógica de Deus: “Vós acolheis nossa penitência como oferenda à vossa glória. O Jejum e a abstinência que praticamos, quebrando nosso orgulho, nos convidam a imitar vossa misericórdia, repartindo o pão com os necessitados”.

São Leão Magno afirma: “Aquilo que cada cristão deve realizar em todos os tempos, agora deve praticá-lo com maiores solicitude e devoção, para que se cumpra a norma apostólica do jejum quaresmal, que consiste na abstinência não apenas dos alimentos, mas também e, sobretudo, dos pecados. Além disso, a estes jejuns obrigatórios e santos, nenhuma obra pode ser associada mais utilmente que a esmola que, sob o único nome de “misericórdia”, inclui muitas obras boas. Imenso é o campo das obras de misericórdia (São Leão Magno, Discurso VI sobre a Quaresma, 2: PL 54,286).

O Papa Francisco afirma: “É meu vivo desejo que o povo cristão, durante o Jubileu sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina. A pregação de Jesus apresenta-nos estas obras de misericórdia, para podermos perceber se vivemos ou não como seus discípulos.

Redescubramos as obras de misericórdia corporal: dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos. E não esqueçamos as obras de misericórdia espiritual: aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos (MV, n.15).

As cinzas evocam nossa realidade humana. Através do gesto ritual da imposição as cinzas, reconhecemos nossa fragilidade e nossa condição de pecadores, como também a nossa disposição de caminhar para o dia maior da ressurreição, vivendo a misericórdia de Deus, a exemplo de Cristo obediente e ressuscitado. As cinzas, preparadas pela queima de palmas abençoadas no Domingo de Ramos do ano anterior, lembram o Cristo vitorioso sobre a morte. Se aceitarmos reconhecer nossa condição humana e nos transformarmos em pó, ou seja, passarmos pela experiência da morte, a exemplo de Cristo, pela renúncia de nós mesmos, participaremos também da vida que ressurge das cinzas.

“Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar”, ressalta que “o ser humano ‘formado do pó da terra’ ´e símbolo da relação que Deus quer que tenhamos com a natureza” (CONIC. Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016: Texto-base4. Brasília: Edições CNBB, 2015, n.126).

Ao participar da celebração da benção e da imposição das cinzas, aderimos à dinâmica pascal. Páscoa que se vive na conversão por meio da prática da oração, do jejum e da caridade (esmola). É o Senhor quem nos convida a voltarmos para ele de todo coração.

Que a leitura e a meditação da Palavra de Deus, a participação nas atividades sugeridas pela Campanha da Fraternidade, no curso da Quaresma, nos conduzem à descoberta do rosto misericordioso do Pai!

4. Ligando a Palavra com a ação eucarística

Com a celebração da imposição das cinzas, iniciamos o Tempo Quaresmal, ouvindo o convite do Senhor: “Convertei-vos! O Reino de Deus está no meio de vós”. A proclamação e escuta da Palavra de Deus, as orações, as ações simbólicas nos possibilitam experimentar a bondade infinita de Deus, como reza a antífona de entrada: “Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e nada do que criastes desprezais: perdoai nossos pecados pela penitência, porque sois o Senhor nosso Deus” (antífona da entrada da Quarta-feira de Cinzas).

Na caminhada quaresmal, somos convidados a experienciar o Deus que acolhe nossa penitência, corrige nossos vícios, cuida de nós incansavelmente, fortifica nosso espírito fraterno, nos dá a graça de sermos nós também misericordiosos.

Hoje, na celebração da Eucaristia, nós nos oferecemos com Cristo ao Pai, pelo Espírito Santo. Que o sacramento pascal recebido na mesa da Palavra e na mesa da Eucaristia nos ajude a fazermos de nossa vida uma oferta agradável a Deus, especialmente pela vivência do jejum, do amor fraterno e da oração. “Ó Deus assisti com vossa bondade a penitência que iniciamos, para que vivamos interiormente as práticas externas da Quaresma”. (Oração da Coleta da sexta-feira depois das cinzas).

Nos passos de Jesus, caminhando rumo à Páscoa, revivemos a experiência daquele que a partir do batismo do Jordão caminha para o “batismo da Sua morte” (Mc 10,38; Lc 12,50). Contemplamos o mistério do coração transpassado e aberto do Redentor, do qual nasce a Igreja e provém toda a eficácia dos Sacramentos; e donde promana sangue e água (Jo 19,34), símbolos da Eucaristia e do Batismo. No Mistério Pascal, o testemunho concorde do Espírito, da água e do sangue (1Jo 5, 5-8) que manifesta o “nascer da água e do Espírito” para entrar no Reino de Deus (Jo 3,5).

PRECES DOS FIÉIS

Presidente: Disse o Papa Francisco: “Quem arrisca, o Senhor não desilude; e, quando alguém já dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada” (EG 3). Nesta certeza vamos fazer a Oração da CF ecumênica 2016.

(Todos juntos)

Oração da CF ecumênica 2016

Deus da vida, da justiça e do amor, Tu fizeste com ternura o nosso planeta, morada de todas as espécies e povos. Dá-nos assumir, na força da fé e em irmandade ecumênica, a correspondência na construção de um mundo sustentável e justo, para todos. No seguimento de Jesus, com a alegria do Evangelho e com a opção pelos pobres.

Todos: Amém!

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Oferecendo-vos este sacrifício no começo da Quaresma, nós vos suplicamos, ó Deus, a graça de dominar nossos maus desejos pelas obras de penitência e caridade, para que, purificados de nossas faltas, celebremos com fervor a paixão do vosso Filho. Que vive e reina para sempre.

Todos: Amém.

ORAÇÃO PÓS-COMUNHÃO:

Presidente: Deus, fazei que sejamos ajudados pelo sacramento que acabamos de receber, para que o jejum de hoje vos seja agradável e nos sirva de remédio. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

COMUNICADOS:

DIA 07 DE FEVEREIRO – DOMINGO: Missa e posse de Pároco – Paróquia São Judas Tadeu – Americana – Pe. Cleiton Rodrigues Bugari – 09h00.

DIA 10 DE FEVEREIRO – QUARTA FEIRA DE CINZAS: Missa das Cinzas – Catedral N. Sra. das Dores – Limeira, 19h30min.

DIA 11 FEVEREIRO – QUINTA-FEIRA: Abertura da CFE/2016 e Quaresma às 15h00 – Catedral N. Sra. das Dores – Limeira.

DIA 12 DE FEVEREIRO – SEXTA-FEIRA: 09h00 às 11h00 – Atendimento na Residência Episcopal; Posse na Paróquia São Pedro Apóstolo – Engenheiro Coelho - Pe. Reynaldo F. Melo – 19h30 min.

DIA 13 DE FEVEREIRO – SÁBADO: Aula inaugural da Escola de Teologia, das 14h00 às 17h00 – Local: Teatro Nair Belo – LIMEIRA; Posse de Pároco na Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Cosmópolis – Pe. José Avelino – 19h30 min.

DIA 14 DE FEVEREIRO – DOMINGO:  Missa e posse – Paróquia Sta. Catarina de Sena – Americana – Pe. Gersivaldo Lourenço – 09h00; Missa e posse - Paróquia Santa Ana – Limeira, Pe. Antônio Ramildo – 19h00.

V. RITOS FINAIS

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos vocês como concedeu ao filho pródigo, a alegria do retorno a casa.

Todos: Amém.

Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os guie nesta caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.

Todos: Amém.

Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta contra o mal para poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa.

Todos: Amém.

Presidente: (Dá a bênção e despede todos).