Pe. Ocimar Francatto reflete sobre: A recepção da comunhão sob duas espécies
Publicado em: 15/09/2017


Olá amigos e amigas.

Sejam todos bem vindos e bem vindas.

Mesmo durante as celebrações de Nossa Padroeira Nossa das Dores das Dores não poderíamos deixar de lado a nossa reflexão sobre a Sagrada Liturgia.

Muitas pessoas perguntam: por que uma Igreja dá a comunhão sob as duas espécies (pão-vinho/ Corpo e Sangue de Cristo) e a outra não?

Então vamos refletir sobre A RECEPÇÃO DA COMHUNÃO SOB DUAS ESPÉCIES. Como o assunto é bem longo e ninguém aguenta ler um texto muito longo, vamos repartir em este tema em algumas partes. Hoje será: A RECEPÇÃO DA COMUNHÃO SOB DUAS ESPÉCIES – Parte I.

Começamos perguntando: “O que é a Eucaristia”?

“A missa é ao mesmo tempo e inseparavelmente o MEMORIAL SACRIFICAL no qual se perpetua o SACRIFÍCIO da Cruz, e o BANQUETE SAGRADO da comunhão ao Corpo e ao Sangue do Senhor” (Catecismo da Igreja Católica, 1382).

A Eucaristia contempla esta dupla dimensão “inseparável”. SACRIFÍCO e CEIA. Ela é um “SACRIFÍCIO QUE SE FAZ NUM BANQUETE” ou um “BANQUETE SACRIFICAL”. Um “sacrifício que se realiza durante uma ceia” ou uma “ceia onde se realiza o sacrifício”.

“O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue para perpetuar no decorrer dos séculos, até ele voltar, o sacrifício da Cruz, e para confiar assim à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura” (Sacrosanctum Concilium, 47; Catecismo da Igreja Católica, 1323).

Desta forma o grande sacrifício de Cristo nasce no interior de uma ceia (última ceia).

Assim o altar “que é Cristo” é ao mesmo tempo o lugar do “SACRIFÍCIO” e “MESA DE REFEIÇÃO”.

Sobre este aspecto de “CEIA PASCAL” O Missal Romano faz uma colocação muito bonita e MUITO SÉRIA QUE TODOS DEVERIAM CONHECER:

“A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando SOB DUAS ESPÉCIES. Sob esta forma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna aliança no sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai”. (Instrução Geral do Missal Romano, 281).

Exprime mais claramente o:

  • aspecto memorial = o que Cristo fez na última ceia;
  • aspecto convivial = o sentido da eucaristia como sagrado banquete;
  • aspecto sacrifical = a missa como memorial do sacrifício da Cruz;
  • aspecto escatológico = a eucaristia com o banquete escatológico no Reino e seu vinho novo.

No Missal Romano existem várias orações que fazem alusão ao Corpo e ao Sangue de Cristo:

  • “Ó Deus de majestade, nós vos suplicamos humildemente: assim como nos alimentais com o CORPO e o SANGUE de Cristo, dai-nos participar da natureza divina” (5º. Sábado da Quaresma);
  • “Ó Deus, governais pelo Espírito aos que nutris com o CORPO e o SANGUE do vosso Filho...” (9º. Domingo do Tempo Comum);
  • “Tendo recebido em comunhão, o CORPO e o SANGUE do vosso Filho...” (33º Domingo do Tempo Comum);
  • Oração das oferendas do 5º Domingo do Tempo Comum; 11º Domingo do Tempo Comum e outras;
  • “E nós vos suplicamos que, participando do CORPO e SANGUE de Cristo...” (epiclese de comunhão);
  • “Tomai, todos, e bebei...” (Narrativa da última ceia – consagração).

Como louvar e agradecer a Deus pelo Corpo e Sangue recebidos se a comunhão foi sob uma única espécie?

Sem dizer, ainda, o que nos fala a Igreja: “É desejo ardente que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação na celebração litúrgica que a própria natureza da Liturgia exige e à qual o povo cristão, ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido’ (1Pedro 2,9; cf. 2, 4-5), tem DIREITO e OBRIGAÇÃO, por força do Batismo” (Sacrosanctum Concilium, 14)?

Em toda celebração litúrgica os fiéis pela “força do Batismo” têm DIREITO e OBRIGAÇÕES.

Continua no próximo artigo.

 

Pe. Ocimar Francatto