Padre Ocimar Francatto reflete "A recepção da comunhão sob duas espécies – parte IV"
Publicado em: 05/10/2017


Olá amigos e amigas!

Que bom estarmos juntos novamente.

Vamos dar continuidade à nossa reflexão sobre a comunhão nas duas espécies. Hoje, então, será: A RECEPÇÃO DA COMUNHÃO SOB DUAS ESPÉCIES – Parte IV.

Há duas maneiras de fazer a comunhão sob duas espécies: bebendo diretamente do cálice ou por intinção (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 284 – 287).

Embora o missal diga que a comunhão possa ser na boca ou na mão (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 161), a maioria dos liturgistas dizem que preferem na mão, pois além da higiene, salva o sinal da eucaristia como refeição, pois numa refeição ninguém dá comunhão na boca do outro, pessoas normais não põem comida na boca do outro.

Podemos até perguntar: por que a língua é mais digna do que mão? O que é mais impuro: a língua ou a mão? Quem fala mal dos outros pode dizer que usa a língua de forma pura? Será que nossa língua não é mais impura do que nossa mão? Para mostrar que somos pessoas adultas e que recebemos com respeito a ceia do Senhor, melhor por na mão, do que “sacar” a língua, de uma maneira, que olhando bem, parece algo grotesco.

O Diretório da Liturgia da CNBB, 2011, nº 13.7, no item 5 diz; “recomenda-se a todos, em particular às crianças, a limpeza das mãos, como sinal de respeito para com a Eucaristia”.

Não pode haver “self-service” na comunhão, ou seja, tomar por si mesmo o pão e o vinho consagrados (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 160). Todos somos iguais, mas quando tomamos a comunhão por nós mesmos aparece o individualismo, pois cada um se serve a si mesmo.

Primeiro o sacerdote comunga, depois distribui a comunhão aos ministros e estes distribuem ao povo, pois é o sinal de Cristo que na ceia “dá” a seus discípulos (CNBB, Doc. 43, nº 320).

A comunhão é dom, que nos é dado, e não um dom que nós nos damos. Participamos de uma mesa servida para todos e não servida por cada um a si mesmo. Pode haver casos particulares quando a cesta de pão passa de mãos em mãos (grupo reduzido), ou quando os limites do espaço nos aconselham.

O missal também diz que a comunhão pode ser recebida em pé ou de joelhos (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 160). Porém o mesmo missal quando trata da postura do corpo da celebração eucarística diz que só se ajoelha na consagração (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 43). A instrução antiga do missal dizia que a comunhão se fazia “em pé” (Instrução Geral do Missal Romano, 244).

“Em pé” tem sido desde sempre uma postura pascal (estar ressuscitado com o Cristo), como é a eucaristia. Só a partir do séc. XIII, no Ocidente para mostrar o aspecto de reverência e culto, se generalizou receber a comunhão de joelhos, até a reforma do Concílio Vaticano II.

Receber a comunhão sob duas espécies não é somente questão teológica, mas de sinal, que favorece a compreensão de banquete.

Precisamos de uma mudança de mentalidade. Temos que superar a preguiça, a inércia, a comodidade e despertar o sentido da importância que tem a linguagem expressiva dos sinais sacramentais e ajudar a comunidade a participar melhor do mistério celebrado. “Todas as vezes que comemos de pão e bebemos deste vinho...” (1Corintios  11, 26).

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto