29º Domingo do Tempo Comum
Publicado em: 20/10/2017


Dia Mundial das Missões e da Obra Pontifícia da Infância Missionária

“Deus é o único Senhor da História e da Criação”

Leituras: Livro do Profeta Isaías 45, 1.4-6; Salmo 95 (96), 1.3.4-5.7-10a; Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 1, 1-5b; e Mateus 22, 15-21.

Dia de coleta pelas Missões - COR LITÚRGICA: VERDE

Animador: Nesta celebração do dia Mundial das Missões, celebremos a Páscoa de Jesus realizada em seu enfrentamento com as autoridades de seu tempo e prolongada nas pessoas e comunidades que permanecem firmes em sua opção por Deus e pela vida, mesmo enfrentando tentações, dificuldades e até ameaças. Peçamos a Deus a sabedoria para nunca perdermos de vista nosso lugar e nossa missão no mundo, e que o Espírito Santo nos faça reconhecer sempre a presença do Reino que, muitas vezes, supera nossa compreensão e vai além daquilo tudo que fazemos.

1. Situando-nos brevemente

Mais uma vez, estamos reunidos no Dia do Senhor. Vários motivos nos congregam e nos levam a celebrar. Conduzidos pela mão do Senhor, estamos aqui para acolher a Palavra da salvação, que vem a nós com a força do Espírito e nos ensina a devolver a Deus o que lhe pertence.

Somos tentados frequentemente a “comprar deus” com dinheiro ou falsas promessas e dar a César o que é de Deus. O que é de Deus? O que é de César? Não podemos cair na armadilha e trair os princípios e valores do Reino de Deus. Pedimos a graça de estar ao dispor de Deus e servi-Lo de todo o coração.

A comunidade é o lugar, por excelência, de servir a Deus, cantar as suas maravilhas e professar a nossa fé Nele. A fé nos leva a “devolver a César o que é de César”, recusando todo tipo de dominação ou privilégios, pois, o Deus em que acreditamos quer vida e liberdade para todos.

Hoje celebramos o Dia Mundial das Missões e da Pontifícia Obra da Infância Missionária. É a oportunidade de fazermos a nossa oferta para a Igreja Missionária espalhada pelo mundo inteiro: “uma igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas”. É uma forma de devolvermos a Deus só que é de Deus, na solidariedade às comunidades e missionários que mais precisam.

2. Recordando a Palavra

O profeta Isaías conta que Ciro, rei dos persas, derrubou o império babilônico e possibilitou ao povo israelita, que estava cativo, voltar para a sua terra e reconstruir o templo e a cidade de Jerusalém. Deus é livre de escolher quem Ele quer para agir em seu nome. O termo hebraico messias, em grego Kristos, significa “aquele-que-é-ungido” pelo Senhor. A unção com óleo era sinal da penetração do Espírito de Deus, investindo uma pessoa para a missão que podia ser de rei, de sacerdote ou de profeta.

Ciro, rei pagão, vencendo a Babilônia e dando liberdade ao povo exilado, está sendo escolhido por Deus para estabelecer a justiça na história. Ao dar uma espécie de anistia pelo decreto, conhecido como Edito de Ciro, em 538 a.C., ele é saudado como o enviado e ungido do Senhor para libertar seu povo. Está devolvendo a Deus o que lhe pertence, o povo sofrido, centro das atenções de Deus.

O Salmo 95 (96) é um convite a festejar a realeza serena e universal do Senhor. Insiste em que o Senhor é merecedor de um canto novo, porque é criador, libertador e governa toda a terra com retidão justiça e fidelidade.

A Carta aos Tessalonicenses é o primeiro escrito do Novo Testamento, elaborada pelos anos 50 e 51 depois de Cristo. Tessalônica é uma cidade mercantil, populosa e aberta a todas as novidades, boas ou ruins. Cidade portuária não era modelo para ninguém na moralidade. Nas ruas encontravam-se prostitutas, vagabundos, pessoas ociosas. Paulo ali chega 20 anos depois da morte de Jesus e anuncia o Evangelho e organiza um pequeno grupo. Ele ficou aí poucas semanas, pois teve que fugir, perseguido que estava.

Mais tarde, Timóteo traz notícias da comunidade para Paulo que se encontra em Corinto, dizendo que todos se lembravam dele. Com essa notícia ele se alegra e retoma o entusiasmo pelo anúncio do Evangelho. E tomado de emoção escreve imediatamente uma carta aos cristãos daquela comunidade. Foi o primeiro livro do Novo Testamento. A comunidade de Tessalônica torna-se exemplo de caminho a ser seguido pela “atuação da fé, esforço da caridade e firmeza na esperança”.

No Evangelho aparece o conflito entre o mestre da justiça e as lideranças injustas. Chega ao ponto máximo. Fariseus e herodianos dirigem-se a Jesus. Após palavras de elogio, o chamam de mestre verdadeiro, dizem que ele ensinava o caminho de Deus. Depois interrogam-no se é lícito pagar o imposto a César. Os herodianos não eram um partido, nem seita religiosa, mas sustentavam Herodes no poder. Este sim, era amigo dos romanos. Os fariseus consideravam a presença romana como castigo de Deus. Servem-se, porém, dos herodianos para apanhar Jesus em uma situação de subversão política.

A pergunta toca a vertente econômica, na qual entra em jogo a lealdade e a submissão ao poder imperial de Roma. Há, porém, uma conotação religiosa, porque na moeda estava escrito: “Tibério, filho do divino Augusto”. O imposto era o maior sinal de dominação. Recordava o domínio de um povo pagão sobre o povo escolhido. Fariseus e zelotes consideravam esse imposto uma questão religiosa. Se Jesus respondesse “sim” estaria contra os fariseus e o povo; se dissesse “não”, os herodianos, o acusariam de subversivo.

Jesus é muito hábil em sua resposta. Denuncia a hipocrisia. Desfaz a armadilha que lhe prepararam. Oferece um ensinamento acima do nível proposto pelos inimigos; se eles possuem a moeda, é porque aceitaram as condições impostas pelo império, estavam comprometidos com o sistema.

A imagem do imperador na moeda transgredia o primeiro mandamento (cf. Ex 20,4; Dt 6,4: “Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que existe em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou do que existe nas águas, debaixo da terra”). Coincidência ou não, acontece que os adversários de Jesus tinham uma moeda, sinal de que estavam comprometidos com o sistema opressor dos romanos.

Jesus não aprova a dominação do imperador sobre o povo. Os adversários perguntam se é lícito pagar. O Mestre da Justiça diz que é preciso devolver a cada um o que lhe pertence. O povo pertence a Deus, pois o ser humano foi feito à sua imagem e semelhança. Só Deus pode ser considerado Senhor das Pessoas e do mundo, e ninguém mais, pois em cada um foi estampada a imagem do Deus da liberdade e da vida.

Jesus afirma que acima de qualquer poder humano está Deus e seu povo, criado à sua imagem e semelhança. Não se trata de devolver uma vil moeda, mas sim de devolver a Deus seu povo, o qual não deve se submeter a nenhum poder humano que se faça passar por divino.

3. Atualizando a Palavra

Há quem use a palavra do Evangelho de hoje para manter a religião longe da política. Essa maneira de pensar já é uma opção política que serve aos interesses dos que tem poder e exploram o povo. Em tempo de tanta corrupção, podemos reconhecer vários poderosos que se colocam como deuses. O poder política coloca-se como valor absoluto. Pessoas, regimes ou estruturas que impedem a humanidade de ser “imagem de Deus” na liberdade e na justiça. Roubam de Deus o que pertence unicamente a ele: o povo.

A política e a economia devem ser instrumentos para a realização da justiça, do direito da vida, conforme a vontade de Deus. Quando o dinheiro domina a pessoa fica perdida a noção de dignidade, de direito, de justiça e de respeito. Muitas vezes, é uma questão mal resolvida dentro de cada um de nós, na sociedade e na política.

Os cristãos que se engajam na política não são fiéis a Deus se se comprometem com o sistema que oprime. Quando forem capazes de renunciar à riqueza, serão fiéis a Deus, a quem devem devolver o povo que lhe roubaram.

O imposto cobrado deve ser revertido em beneficio do bom comum e não desviado para algum “caixa dois”. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece dominadores e fortalece e a dominação tanto interna como estrangeira. Jesus chama de hipócritas os grupos que o elogiam, mas sustentam a injustiça sobre o povo. Ele manda devolver para Deus o que é de Deus - o povo libertado. O nome do amor hoje é política vivida como solidariedade.

A Deus não temos como pagar, pois, tudo a ele pertence. O tributo que podemos pagar a Deus é a entrega de nossa vida, compromisso com o projeto que Jesus nos ensinou, no amor fraterno e na justiça. Ligamos fé, política e economia, conseguindo romper com a dominação do dinheiro, do consumismo, da adoração à moeda estrangeira, do poder e do sucesso. Na Igreja, na comunidade, como nos organizamos para ficar livres da ganância, do poder e do dinheiro?

A moeda dever ser restituída a Cesar, porque nela está impressa a imagem do seu senhor: o imperador. Há uma criatura sobre a qual está impressa a imagem de Deus. Esta é a sua e somente sua, ninguém pode apropriar-se dela indevidamente. As palavras de Jesus nos alertam a ficarmos atentos e prontos a gritar quando as pessoas são injustiçadas, exploradas e massacradas em seus direitos.

Nesse dia, um modo de responder a Jesus é ofertar nosso compromisso com a missão da Igreja: “Jesus, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas e sem saída”.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

Como cidadãos do mundo, nos reunimos, filhos do mesmo Pai, em assembleia de irmãos para a partilha do Pão da vida, na Palavra e na Eucaristia. Com Jesus nos entregamos ao Pai. Damos assim a ele, na liberdade de filhos, o que realmente lhe pertence e lhe pedimos guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me, como nos inspira hoje a antífona de entrada.

Sua Palavra nos possibilita maior discernimento e nos fortalece para que nossas opções não sejam determinadas pelo projeto “de César”, mas pelo projeto de seu Reino, único e absoluto a ser buscado no cotidiano de nossa caminhada de discípulos missionários.

A participação no mistério de sua Páscoa nos dá a graça de estarmos sempre atentos e disponíveis para o serviço de seu Reino e de sua justiça, com seus valores eternos, como suplicamos nas orações de hoje.

O testemunho de tantos missionários, que fazem do mundo sua Pátria, comprometendo-se com a missão além-fronteiras, em outras regiões e ambientes, motiva-nos ao louvar e à súplica por “fé atuante, caridade abundante e esperança perseverante”, como nos estimula a segunda leitura de hoje.

Promovido pela Congregação para a Evangelização dos Povos e pelas Pontifícias Obras Missionárias, “o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, pela oração, com o testemunho de vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.

Oração dos fiéis:

Presidente: Ao Pai, rico em misericórdia e bondade, e que faz seu Filho vencer todas as armadilhas maldosas, façamos nossos pedidos:

1. Senhor, que a Santa Igreja busque antes de tudo o Reino de Deus e não se deixe prender por compromissos e nem se seduzir por alianças com os poderosos. Peçamos:

Todos: Senhor, atendei-nos.

2. Senhor, que os governantes possam sempre dar contribuição expressiva na defesa da justiça, na busca da paz e na exigência do respeito à dignidade humana. Peçamos:

3. Senhor, que nossas comunidades nunca se sintam jardins prediletos de Deus. Peçamos:

4. Senhor, que os cristãos que se engajam na política não busquem o interesse e o poder, mas se coloquem a serviço do bem comum. Peçamos:

(Outras intenções)

Presidente: Ó Deus, nosso refúgio e nossa força, acolhei nossas orações, pois sois a fonte de nosso fervor, e concedei-nos obter com plenitude o que vos pedimos com fé.  Por Cristo nosso Senhor.

T.: Amém.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Dai-nos, ó Deus, usar os vossos dons servindo-vos em liberdade, para que, purificados pela vossa graça, sejamos renovados pelos mistérios que celebramos em vossa honra. Por Cristo, nosso Senhor.

T.: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presid.: Dai-nos, ó Deus, colher os frutos da nossa participação na Eucaristia para que, auxiliados pelos bens terrenos, possamos conhecer os valores eternos. Por Cristo, nosso Senhor.

T.: Amém.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presid.: O Senhor esteja convosco.

T.: Ele está no meio de nós.

Presid.: Que o Senhor os abençoe e os envie em missão: na família, no trabalho, na escola

T.: Amém.

Presid.: Abençoe-vos o Deus todo-poderoso, Pai e Filho e Espírito Santo.

T.: Amém.

Presid.: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.

T.: Graças a Deus.

ATIVIDADES DO BISPO DIOCESANO

Dias 20 a 22 de outubro: Assembleia das Igrejas (Assembleia do Regional Sul 1/CNBB), em Itaici, Município de Indaiatuba, SP.

Dias 23 a 26 de outubro: Atualização do clero da Diocese de Limeira, Casa de Retiros Dom Bosco, em Campos do Jordão, SP.

Dia 27 de outubro, Sexta-feira: Atendimento na residência episcopal das 09h00 às 11h00; e Missa e Crisma na Paróquia Senhor Bom Jesus, Pe. Marcos Venezian, às 19h30, Leme, SP.

Dia 28 de outubro, Sábado: Missa e Crisma na Paróquia São Marcos, Pe. Gilson Fernandes, às 19h00, Limeira, SP.

Dia 31 de outubro, terça-feira: Reunião dos Bispos e Formadores, às 09h00 na PUCC, Campinas, SP.