O que favorece a participação da Assembleia na Celebração Litúrgica - Parte II
Publicado em: 26/10/2017


Olá amigos e amigas!

Estamos mais uma vez juntos para refletirmos sobre a nossa Sagrada Liturgia.

Gostaria de dar continuidade a nossa reflexão da semana passada, quando falamos sobre os elementos que FAVORECEM A PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLÉIA NA CELEBRAÇÃO LITÚRGICA. Hoje faremos a Parte II.

5.Valorização da homilia

É preciso que a Palavra proclamada seja explicada, aprofundada, e seja ligada a mensagem à vida concreta de cada um. A homilia é parte da ação litúrgica, (Sacrosanctum Concilium, 52) e deve levar a assembléia dos fiéis a uma ativa participação na eucaristia a fim de que vivam sempre de acordo com a fé que professam (Sacrosanctum Concilium, 10).

Cristo está presente e operante na pregação de sua Igreja (Ordo Lectionum Missae  Elenco das Leituras da Missa,  24). A homilia é uma pregação do "Kerygma" (proclamação, anúncio). É uma ação querigmático-evangelizadora. É anúncio de Jesus Cristo, em sua morte-ressurreição, em seu mistério pascal, no qual se inicia entre nós o reino de Deus, como dom gratuito e incondicional do Pai para o bem de toda a humanidade.

A homilia deve levar a alegria e a conversão, por isso devemos dar a ela um caráter indicativo, narrativo e contemplativo-doxológico (de louvor) e não imperativo, moralizante, exortativo, admoestativo. Lembrar que a homilia não é "sermão", mas sim "conversa familiar". Não pode ser alienante, de fuga, de afastamento da realidade e das lutas cotidianas, mas encarnada na realidade sócio-política-econômica-cultural.

6. Utilização de gestos e símbolos

Um grande avanço da reforma litúrgica é a participação do povo nos gestos litúrgicos. É a liturgia vista como ação simbólico-sacramental, pois mediante sinais sensíveis realiza a santificação do homem e a glorificação de Deus (Sacrosanctum Concilium, 7).

A realidade sensível do símbolo representivo leva a liturgia a uma realidade não sensível-invisível, que manifesta e realiza o mistério celebrado ou a salvação. Estes sinais sensíveis foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja (Sacrosanctum Concilium, 33).

Por isso dizemos que os sacramentos são ações simbólicas que realizam o que significam. Dessa sacralidade participam todas as ações litúrgicas, também os agentes da celebração, os objetos que se usam e até o espaço e o tempo em que a liturgia se realiza.

7. Incentivo ao canto e à música litúrgica

O canto e a música na liturgia são um meio de alcançar uma ampla participação da assembléia. A Instrução Musicam Sacram, da Sagrada Congregação dos Ritos (de 5 de setembro de 1970), vai se preocupar com isso.

A participação do povo é fundamental. Tal participação deve determinar a escolha de cada canto. Precisa corresponder ao espírito da ação litúrgica e à natureza de cada uma das partes (Sacrosanctum Concilium, 28) e não pode impedir a participação ativa dos fiéis.

Não podemos confundir música religiosa (que até possui um fundo litúrgico, mas que é feita para encontros catequéticos, de louvor...) com música litúrgica ritual (que é feita para um momento litúrgico ritual específico).

8. Promoção do silêncio

O silêncio no culto insere o fiel mais profundamente no mistério celebrado ( Instrução Geral sobre o Missal Romano, 45).

É o espaço de interiorização da celebração e momento em que as palavras e gestos ganham intensidade no coração. Não é tempo morto ou ausência de qualquer ação, é meio ativo de participação litúrgica (Sacrosanctum Concilium, 30).

Na Instrução Geral sobre o Missal Romano (IGMR) número 45 o silêncio é visto como parte da celebração e a sua natureza depende do momento em que ele se realiza em cada ação litúrgica:

Recolhimento: no ato penitencial e após o convite à oração;

Meditação: após uma leitura ou a homilia;

Louvor e oração a Deus no íntimo do coração: após a comunhão.

 

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto