Pe. Ocimar Francatto reflete sobre "A participação da Assembleia na Liturgia"
Publicado em: 29/12/2017


Olá amigos e amigas!

Espero que todos tenham tido um Feliz Natal.

Que alegria é ter vocês mais uma vez para a reflexão semanal da nossa Sagrada Liturgia.

Gostaria de refletir com vocês sobre A PARTICIPAÇÃO DA ASSEMBLÉIA NA LITURGIA.

Toda a renovação conciliar gira em torno da participação do Povo de Deus na sagrada liturgia. Dos 130 artigos da Constituição Sacrosanctum Concilium, em pelo menos 25 artigos do documento aparece a palavra "participar" ou "participação", ou promovendo ou apoiando a participação viva e ativa dos fiéis. Vejam os números: 11, 12, 14(vezes), 17, 19, 21, 26, 27, 30, 33, 41, 48, 50, 53, 55, 56, 79, 90, 106, 113, 114, 121, 124, e título antes n.14. É repetida tantas vezes como um "estribilho de uma ladainha".

A Sacrosanctum Concilium inspirou-se na eclesiologia de comunhão e participação. Situou-se na perspectiva do Povo de Deus, num autêntico gesto de quem desejava mergulhar na alma do povo e abrir para eles os tesouros e riquezas da salvação sagrada da liturgia escondidos por tantos séculos. O papa João XXIII disse no final de uma celebração litúrgica numa igreja de Roma: "como sofro ao pensar nas belas orações que acabo de rezar e que vocês não entenderam... É preciso que um dia esses tesouros se tornem acessíveis a todos". Resgata a liturgia como ação do povo sacerdotal, numa feliz referência a 1ª Carta de São Pedro 2,9: “Mas vós sois a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele conquistou, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a luz maravilhosa”.

Somos associados a Cristo pelo nosso batismo e formamos com ele um povo sacerdotal. Somos uma assembléia dos convocados e formamos a EKKLESIA. A assembléia litúrgica em si mesma já manifesta a Igreja de Deus, porém tal manifestação se dá de forma mais visível quando todos - ministros e fieis - participam do culto de modo mais consciente, ativo e pleno. Embora o povo de Deus seja santo em sua origem, a santidade cresce quando participamos da liturgia de modo consciente e frutuoso.

A liturgia é ação da Igreja (Sacrosanctum Concilium, 26). É toda a comunidade, o corpo unido à cabeça, que é Cristo, quem celebra (Catecismos da Igreja Católica, 1140). Sublinha a dimensão eclesial das ações litúrgicas. É o primado do comunitário sobre o particular.

O sacerdote dirige a oração a Deus em nome de toda a comunidade (Sacrosanctum Concilium, 33). A assembléia não "assiste" ao mistério da fé (Sacrosanctum Concilium, 48).

A Sacrosanctum Concilium, 14 fala do "desejo ardente da Mãe Igreja para que os fiéis participem". Os fiéis têm o direito e obrigação por força do batismo a esta participação.

Esta assembléia do povo sacerdotal convocada para a ação celebrativa é um povo santo reunido e ordenado sob a direção dos bispos (Sacrosanctum Concilium, 26). Esta ação tem diferentes ministérios e serviços distribuídos entre os seus membros, aparecendo uma "Igreja totalmente ministerial", pois todos exercem um verdadeiro ministério litúrgico (Sacrosanctum Concilium, 29). Assim cada um "faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete" (Sacrosanctum Concilium, 28).

A assembléia litúrgica é definida do ponto de vista teológico, como "epifania da Igreja". Epifania é uma palavra de origem grega, “epiphaneia”, que significa manifestação, apresentação. Isso quer dizer que a assembléia litúrgica é uma demonstração, uma manifestação do que é a Igreja para toda a comunidade.

 

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto