"Cristo, o primeiro participante da Ação Litúrgica" é o tema da reflexão de pe. Ocimar Francatt
Publicado em: 18/01/2018


Olá amigos e amigas!

Estamos juntos mais uma vez para que possamos refletir sobre a Sagrada Liturgia.

Vimos em algumas reflexões passadas a preocupação da Igreja com a participação da assembléia na ação litúrgica.

E Jesus, como fica nesta participação? É só a assembléia que participa?

CRISTO, O PRIMEIRO PARTICIPANTE DA AÇÃO LITÚRGICA.

A obra salvadora de Deus prenunciada no Antigo Testamento (que é eterna - Efésios l,14) e realizada na plenitude dos tempos em Cristo, tem sua continuidade na Igreja e se coroa na liturgia da Igreja. Esta é a "natureza sagrada da liturgia" (Sacrosanctum Concilium, 5-7).

No Antigo Testamento Deus escolheu um povo e fez dele um povo sacerdotal. (Êxodo 19, 3-6). O que Deus exige deste povo é que ouça sua voz e guarde sua aliança. Promete fazer deste povo uma nação santa, consagrada ao serviço e ao culto do Senhor. Este povo deveria prestar um culto espiritual, ou seja, ouvir a Palavra e vivê-la. O culto era a liturgia de todo o povo, do povo consagrado ao serviço de Deus. O culto espiritual não excluía sacrifícios de animais, mas esses sacrifícios não pertenciam à natureza do culto originário de Israel. (Jeremias 7, 21-23) Para um culto ritual ser espiritual, deveria sempre ser a expressão autêntica de uma atitude interior da vida e da história.

Em Jesus se realizou plena e perfeitamente o culto espiritual, prefigurado no culto do êxodo e dos profetas. Os ritos celebrados e vividos por ele são expressões daquilo que viveu e moveu seu coração: "o amor ao Pai e por seus irmãos(as). Esse foi o culto realizado por Jesus, em sua vida, sendo obediente até a morte, culto vivido, que o Pai aceitou ressuscitando o seu Filho e exaltando-o à sua direita”.(cf. Filipenses 2, 6-11)

A Sacrosanctum Concilium 5 fala que todo o Antigo Testamento chegou à plena realização em Jesus Cristo no seu Mistério Pascal e esta obra de salvação é continuada pela Igreja na liturgia. O mistério pascal de Cristo é o centro de toda história da salvação. A Páscoa de Cristo continua na páscoa do povo.

A celebração da liturgia leva a efeito a obra salvífica de Jesus Cristo (Sacrosanctum Concilium  6). Este levar a efeito não é completar ou continuar a obra de Cristo, como se ela tivesse sido incompleta, mas é acolher e aceitar uma vida em obediência a Deus vivido de um modo especial na liturgia.

Cristo está presente na Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas: no sacrifício da missa, na pessoa do ministro, nas espécies eucarísticas, nos sacramentos, na Palavra proclamada, na Igreja em oração (Sacrosanctum Concilium 7). Portanto Cristo é o primeiro ator das ações litúrgicas e sempre associa a si a Igreja, sua esposa querida, para louvor de Deus Pai e aperfeiçoamento da humanidade, por isso no Concílio a liturgia é vista como "exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo... obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja" (Sacrosanctum Concilium 7).

Muitas vezes nossas liturgias são pouco contemplativas, às vezes muito "barulhentas", quase parecendo um "show". Na maneira de exercer os diversos ministérios na celebração; na maneira de proclamar as orações, as leituras; na maneira de cantar, salmodiar, tocar os instrumentos; de dispor o espaço sagrado (litúrgico), será que dá para sentir (perceber) a presença viva de Cristo como sendo o primeiro participante ativo da liturgia?

Na liturgia, Deus nos santifica e nós glorificamos a Deus. Há um dinamismo descendente: o amor divino desde a criação até a vinda do Senhor na glória. Na liturgia isso está presente na proclamação da Palavra, no pedido de perdão, no novo nascimento, na Eucaristia (nossa santificação). E há um dinamismo ascendente: a humanidade que recolhe o amor de Deus e responde a ele com louvor e ação de graças, com palavras e com a vida. Na liturgia glorificamos a Deus na oração litúrgica, principalmente no sacrifício eucarístico (nossa glorificação a Deus).

Que o Espírito Santo nos ajude a celebrar melhor nossas liturgias e que possamos perceber bem claro esta participação de Jesus Cristo nela.

 

Até mais...