O lugar da assembleia no espaço litúrgico
Publicado em: 01/02/2018


Olá amigos e amigas!

Sejam todos bem vindos e bem vindas.

O Espaço Litúrgico no qual realizamos nossas celebrações é formado por vários elementos. Um deles é o espaço que ocupa a assembléia litúrgica. Por isso a nossa reflexão de hoje será: O LUGAR DA ASSEMBLÉIA NO ESPAÇO LITÚRGICO.

Antigamente se falava em nave, hoje se diz local da assembléia dentro do espaço litúrgico. Não se faz mais a distinção entre nave (lugar do povo) e presbitério (lugar do clero), pois esta disposição lembra muito mais um "ônibus" e não responde mais às necessidades litúrgicas pós-conciliares.

Hoje a distribuição do espaço celebrativo está centrada no trinômio: altar, sede, ambão. Ou seja, o lugar do memorial eucarístico, da presidência e da proclamação da Palavra. É em torno desses pontos que gira todo o dinamismo da celebração.

Na compreensão pós conciliar a assembléia é o sujeito da celebração (Sacrosanctum Concilium, 48) e por isso não pode ficar assistindo a tudo "passivamente", mas é sujeito. Precisamos enfrentar a sociedade capitalista e consumista que nos impõe o individualismo e com uma forma comunitária de celebrar, pois um de costas para o outro só favorece o egoísmo e o individualismo.

A assembléia litúrgica não é uma simples reunião de pessoas, como qualquer outra. Uma vez constituída, é uma comunhão de cristãos e cristãs reunidos para ouvir atentamente a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia. É o próprio corpo de Cristo, cujos membros são todos os batizados. Somos associados a Cristo pelo nosso batismo e formamos com Ele um povo sacerdotal. Formamos uma assembléia dos convocados, a ekklesia.

A assembléia litúrgica em si mesma já manifesta a Igreja de Deus, porém tal manifestação se dá de forma mais visível quando todos- ministros e fiéis- participam do culto de modo mais consciente, ativo e pleno.

A liturgia é ação da Igreja (Sacrosanctum Concilium, 26). É toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra (Catecismos da Igreja Católica, 1140). Sublinha a dimensão eclesial das ações litúrgicas. É o primado do comunitário sobre o particular. Por isso deve-se evitar qualquer tipo de individualismo (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 95) e os gestos devem ser feitos todos em comum (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 96).

A assembléia litúrgica é definida do ponto de vista teológico, como epifania da Igreja (manifestação, apresentação), ou seja, é uma demonstração, uma manifestação do que é a Igreja para toda a comunidade.

Segundo Aimé G. Martimort para que uma reunião litúrgica possa se constituir numa assembléia litúrgica é preciso que seja uma reunião:

  • UNIVERSAL: onde todas as pessoas, sem discriminação têm lugar, pois possuem o mesmo batismo e a mesma fé;
  • COMUNITÁRIA: precisa superar o estado de uma simples reunião para expressar em si mesma a unidade da Igreja;
  • HIERÁRQUICA: ou seja, estruturada ministerialmente;
  • ABERTA: como forma de manter a vinculação católica em dimensão missionária;
  • PROCLAMADORA DO MISTÉRIO DA SALVAÇÃO: na ação de graças (Eucaristia) e no anúncio do futuro escatológico.

Para que tudo isto possa ser percebido:

 Toda a assembléia deve ser vista de uma só vez, para que cada um sinta-se em comunhão com todos.

É bom evitar os fracionamentos, os grupos isolados por separação ou repartição.

Não deve haver lugares privilegiados ou reservados para determinadas pessoas (Sacrosanctum Concilium, 32: Inter Oecumeneci – Entre as primícias, 98; Instrução Geral sobre o Missal Romano, 311)

Precisa sentir-se a vontade para poder participar da celebração (Sacrosanctum Concilium, 1; 26).

Deve haver um conforto físico, com cadeiras e bancos confortáveis (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 311), boa visibilidade e boa acústica (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 311), com espaço para movimentação com facilidade. O espaço não pode oprimir nem intimidar, mas fazer o fiel sentir que a Igreja é como sua casa.

Não deve haver lugares escondidos ou de menor importância. Todos devem sentir-se como parte de um só corpo. As palavras de São Tiago até hoje nos questionam. Vejam o que ele diz em Tiago 2, 1-5.

Não há forma ideal para acomodar a assembléia, depende da Igreja que já está construída, do terreno disponível e do número de fiéis a abrigar. A orientação depois do Concílio é que não haja Igrejas com "naves" compridas, mas que favoreça a aproximação entre assembléia e "presbitério", favorecendo a participação de todos.

É preciso perceber a diferenciação e o exercício dos diferentes ministérios e ofícios litúrgicos. Deve manifestar a estrutura hierárquica da assembléia (presidente e os diversos ministérios)

Que sejam conjugados o olhar e o contemplar, o escutar e o meditar, o cantar e o recitar, o aclamar e o guardar silêncio, a atuação ritual e o simples estar presente.

Que a assembléia possa ser mistagógica, ou seja, que vai aos poucos entrando e vivendo o mistério de Deus.

Que a passagem da vida comum à celebração, não seja como uma "ruptura de nível", mas como um convite a outra dimensão da vida.

Dar importância ao acolhimento.

Que haja facilidade de acesso ao lugar da celebração e da saída sem pressa e sem aglomerações.

Que haja uma hierarquização das Imagens de Cristo, Maria, Santos.

A luz pode contribuir positiva ou negativamente para o desenvolvimento da liturgia. Cada ambiente e função podem ter um tipo de luz e intensidade de iluminação.

A decoração faz do projeto de arquitetura e da liturgia uma unidade, e não deve existir sozinha. Se o local não é bonito e nem agradável, pode ficar muito pior se começar a acrescentar coisas com o objetivo de embelezar. Poderá ficar muito carregado e os fiéis não conseguirem entrar em clima de oração, ficam dispersos com tanta coisa para ser vista ao mesmo tempo.

As flores, quanto menos melhor. Os arranjos não são mais importantes que o altar e o ambão. Pendurar muitos vasos de flores (samambaias...), pode desviar a atenção daquilo que é essencial. Jamais usar plantas e flores de plástico, pois num lugar onde a verdade é anunciada e experimentada, não pode ser decorada com coisas de mentira, e ainda de plástico, símbolo do descartável. A verdade não é descartável, é para sempre. E a verdade é bela. Usar vasos de material nobre (barro, madeira, ferro), jamais vasos revestidos de espelho ou de papel laminado.

Os ritos precisam ser realizados comodamente. Devem caber no "presbitério" os móveis necessários (mesa eucarística, mesa da Palavra, a cadeira do presidente e dos ministros, pode haver ainda uma ou duas credências, castiçais, a cruz processional, o círio pascal e uma estante móvel para os comentários e avisos) e ter espaço para a mobilidade do presidente, dos ministros e de todos aqueles que terão que estar no local.

Como a sua comunidade organiza assembleia litúrgica para que tenha uma boa participação?

Como são os arranjos que são feitos no presbitério de sua comunidade?

Quando organizamos bem o Espaço Sagrado estamos favorecendo a melhor participação da assembléia!

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto