Pe. Ocimar Francatto: "A cadeira do presidente: um dos elementos do espaço litúrgico"
Publicado em: 09/03/2018


Olá amigos e amigas!

Antes demais nada, quero deixar o meu abraço carinhoso a todas vocês mulheres pelo DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Que Deus continue abençoando a todas vocês!

Continuando com nossa reflexão sobre o Espaço Sagrado, vamos analisar, hoje, A CADEIRA DO PRESDIDENTE: UM DOS ELEMETOS DO ESPAÇO LITÚRGICO.

No Antigo Testamento, os profetas falam de Deus como aquele que está sentado no trono: “vi o Senhor sentado sobre um trono alto e elevado” (Isaías 61, 1); “havia algo que tinha aparência de uma pedra de safira em forma de trono, e sobre esta forma de trono, bem no alto, havia um ser com aparência humana” (Ezequiel 1, 26).

Nos Salmos aparecem várias vezes a expressão: “o Senhor, sentado no seu trono de glória”. Até no Apocalipse podemos ver: "havia no céu, e no trono, Alguém sentado...” (Apocalipse 4,2).

Nos mosaicos e afrescos das paredes de fundo dos presbitérios das Igrejas dos primeiros séculos aparecem a figura de Cristo, sentado numa espécie de trono, na posição de Mestre, como aquele que ensina.

O bispo assume o seu ministério e serviço junto à comunidade na linha de continuidade de Cristo, exercendo a tarefa de ensinar, santificar e governar os irmãos na fé (Direito Canônico, cân 375, §2; Christus Dominus, 12; 15; 16). Desta forma a sede do bispo (cadeira) vai se chamar cátedra, de onde vem o nome catedral. A cadeira ocupada por ele no espaço sagrado torna-se sinal, manifestação da presença de Deus. É o sinal eminente do magistério que cabe a todo bispo em sua Diocese. É o sinal do magistério e do poder do pastor da Igreja particular, como também sinal da unidade dos fiéis na fé anunciada pelo bispo como pastor do seu rebanho diocesano.

Dependendo do rito uma cadeira é colocada em frente ao altar para o bispo sentar-se. É usada só para aquele rito, depois é tirada. Ela é chamada de faldistório, mas não substitui a cátedra.

Quem preside a liturgia é o próprio Cristo, na pessoa do presidente da assembléia litúrgica (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 27). Todo o Antigo Testamento chegou à plena realização em Jesus Cristo no seu Mistério Pascal e esta obra de salvação é continuada pela Igreja na liturgia (Sacrosanctum Concilium, 5). O Mistério Pascal de Cristo é o centro de toda a história da salvação. A páscoa de Cristo continua na páscoa do povo.

O sacerdote que preside a Eucaristia é o sinal sensível da presença invisível deste Cristo. Ao presidir a celebração, ao elevar as oferendas em nome de todos, ao explicar a palavra de Deus à comunidade o sacerdote o faz em nome de Cristo (in persona Christi). Por isso ele preside, ele se senta diante da assembléia, como representante do verdadeiro Presidente e Mestre, Jesus Cristo.

O aceno para "presidir" já se encontra na descrição da Eucaristia dominical, feita por S. Justino, por volta do ano 150, em seu Livro Apologia I, nº 67.

A cadeira da presidência é o "lugar de presidência", que serve para presidir a assembléia e também dirigir a oração do povo fiel (IGMR, 310). Sendo assim para visualizar o mistério da presidência de Cristo, na pessoa do ministro que celebra (SC,14), a Igreja recomenda que se coloque em destaque a figura de quem preside, numa posição de serviço em nome de Cristo

O Concílio Vaticano II aboliu a cadeira da presidência como trono (Inter Oecumenici, 92; IGMR, 310).

Para que os fiéis percebam esta grande riqueza teológica e litúrgica precisamos organizar bem o local da presidência.

Na diocese só há uma cátedra, que fica na catedral, e por ser a cadeira do bispo costuma ser reservada especialmente para ele.

A cadeira da presidência é ocupada por quem desempenha este ministério da presidência: bispo, padre, diácono, ministro leigo da Palavra, ou qualquer outra pessoa que é designada para isso.

A cadeira presidencial demostra que a assembléia está hierarquicamente organizada, deste modo todos os outros lugares (presbíteros concelebrantes, ministros, leitores, acólitos) não participam do papel da presidência.

Da cadeira presidencial pode-se iniciar a celebração eucarística (IGMR, 50), fazer a homilia (IGMR, 136; Ordo Lectionum Missae – Elenco das Leituras da Missa, 26), dirigir as intenções gerais (IGMR, 138; OLM, 31) e concluir a celebração (IGMR 164).

A localização dessa cadeira vai depender do desenho da Igreja. Deve estar de frente para o povo, não muito afastada da assembléia. Pode ficar no fundo do presbitério, num plano um pouco mais elevado, para não ficar escondida pela mesa da eucaristia. Pode estar na lateral se favorecer a proximidade e comunicação com os fiéis. Não deve ser colocada em frente do altar, para não encobrir e tirar sua dignidade.

Deve expressar e valorizar sua função e simbologia. Deve ter unidade de forma e estilo com outras peças. Não devem ser usadas cadeiras ou tamboretes de plásticos, destes que são usados em escritório e cozinha. Nem precisa ser algo luxuoso e de alto custo.

Para os que exercem ministérios é preciso que as cadeiras sejam dispostas de modo que se distingam claramente da presidência e possam exercer com facilidade a função que lhes é confiada (IO, 92; IGMR, 310). Essas cadeiras precisam ser diferentes da cadeira da presidência, mas mantendo o mesmo estilo.

É bom que as cadeiras dos leitores estejam perto da Mesa da Palavra, a fim de facilitar a ida até ela e também não distrair a assembléia.

Como é a cadeira do presidente de sua comunidade.

Queria terminar esta reflexão de hoje dizendo que no próximo dia 14 de março, às 19:00 hs, no Teatro Municipal de Nova Odessa vou receber o título de “cidadão novaodessense”. Rezem por mim para que possa continuar a minha missão de padre.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto