Pe. Ocimar Francatto refelte sobre “O espaço nos diversos tempos do Ano Litúrgico”
Publicado em: 15/03/2018


Olá amigos e amigas!

Gostaria de iniciar nossa reflexão de hoje agradecendo a todas as pessoas que me enviaram os parabéns pelo recebimento do título de “cidadão novaodessense”. Tenham certeza que isso aumenta a minha responsabilidade na tarefa da evangelização.

Depois de fazermos uma explanação rápida dos quatros elementos onde se manifestam a presença do Cristo, na celebração litúrgica, numa linha teológica e litúrgica, vamos falar do ESPAÇO LITÚRGICO NOS DIVERSOS TEMPOS DO ANO LITÚRGICO.

É muito importante conhecer a liturgia para poder atuar no espaço. Não deve ser qualquer decoração, qualquer cor, qualquer iluminação, qualquer arranjo de flores. Para cada celebração litúrgica, ou se quiserem para cada Tempo Litúrgico, a dinâmica é uma. Não basta enfeitar, é preciso enfeitar ou não enfeitar com um objetivo definido.

1. Tempo do Quaresma

Vai da Quarta-feira de Cinzas até a Quinta - feira Santa de manhã.

Os espaços estão como estamos todos nós, cheios de supérfluos e carentes do essencial. A quaresma é tempo de recolhimento e oração. Somos convidados aos exercícios da esmola, da oração e do jejum. É um tempo penitencial.

Quaresma é o momento de limparmos, esvaziarmos os espaços, jogarmos fora o que de nada serve, tirar o excesso de decoração, vasos, plantas, imagens, mesinhas, toalhinhas e abrir o espaço para o essencial.

Ao arrumarmos o espaço nos obrigamos a também nos arrumarmos, a fazer uma revisão de nossas vidas e de nossos compromissos como cristãos.

O espaço é reflexo do que vai dentro de nós e no interior da comunidade. Quando nos renovamos, também temos vontade de renovar o espaço.

O espaço é nosso espelho

2. Tríduo Pascal

É o centro e a síntese da celebração do Mistério da Paixão-Morte-Ressurreição de Cristo no Ano litúrgico

5ª Feira - Santa

É a Páscoa da Ceia.

É a celebração da ceia do Senhor com o lava-pés. O ambiente é de refeição. A mesa ocupa o centro na celebração da ceia.

6ª Feira - Santa

É a Páscoa da Cruz.

O luto e a dor, com a esperança da ressurreição tomam conta da comunidade e também do espaço. O clima é de silêncio, o altar fica despido, sem toalhas, não há velas, o ambiente fica escuro, podem diminuir as luzes. A cruz assume o lugar de destaque.

Vigília Pascal

É a Páscoa da Ressurreição.

É a noite santa na qual renascemos. Nesta noite falam alto os símbolos da vida: o fogo, a luz, a água, o pão e o vinho. O ambiente é de festa e de alegria. Na Páscoa anual a comunidade deve-se inspirar e se alimentar durante sua caminhada anual. É um marco de renovação da comunidade, fonte de vida, simbolizada na água do batismo e no pão e no vinho da eucaristia.

3. Tempo Pascal

São cinquenta dias de alegria entre o Domingo da Ressurreição e o Domingo de Pentecostes. É como se fosse um só dia de festa, como um grande Domingo (Normas Universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, 22). O ambiente é de festa e alegria, a cor é branca nas flores, toalhas e velas. O Círio Pascal, sinal simbólico do Cristo Ressuscitado, fica aceso durante as celebrações deste tempo. Pode ser colocado num lugar de destaque e fazer referência a ele durante as celebrações.

4. Tempo do Advento

São as quatro semanas antes do dia 25 de dezembro. É um tempo de piedosa e alegre expectativa da vinda do Senhor. Embora possua forte insistência à conversão este não é um tempo penitencial, mas uma conversão que consiste em prepararmos, alegres e ligeiros o caminho do Senhor que vem. Tem um tom discreto: ausência de flores, o silêncio, a ausência do glória... É um tempo mais recolhido para que a alegria seja maior no Tempo do Natal.

Nunca preparar o ambiente com coisas que são próprias do Natal e cuidado para não usar objetos e símbolos da sociedade de consumo: bolas de natal, festão.... A coroa do advento e o melhor sinal deste tempo.

5. Tempo do Natal

Vai da Missa da Vigília do Natal até o Batismo do Senhor.

Depois da celebração anual do mistério da Páscoa, nada mais venerável do que comemorar o Natal do Senhor e suas primeiras manifestações (NUAL, 32). É a festa do Mistério da Encarnação. Deus entra na história das pessoas para fazer delas uma história de salvação, de vida, de paz, de justiça, de fraternidade.  Por isso é perigoso reduzir o natal a uma criança deitada numa manjedoura, os bracinhos abertos, sorrindo. É perigoso reduzir o natal ao "aniversário" de Jesus. Há gente que até canta "parabéns a você"! Cuidado para não reduzir o espaço da celebração numa sociedade de consumo: Shopping Center, bares, lojas...

É um tempo de festa e alegria. Tempo de estreitar os laços entre as pessoas da comunidade e da paróquia. Laços humanos e laços da fé.

6. Tempo Comum

Além dos tempos que tem características próprias restam no ciclo anual trinta e três ou trinta e quatro semanas do Mistério de Cristo. Comemoram-se nelas o próprio Mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos (NUAL, 43)

Está dividido em duas partes:

a-) Primeira parte: 2ª feira depois do Batismo do Senhor até 3ª feira antes da Quaresma;

b-) Segunda parte: 2ª feira depois de Pentecostes até o Sábado antes do 1º Domingo do Advento.

Após o Tempo Pascal é o momento para a comunidade acabar também com o velho que tomou conta do espaço com o passar do tempo. O espaço não pode continuar como era antes, assim como o cristão também não pode mais continuar o mesmo. Deve haver uma renovação, devemos sentir isso no ar, não se trata de botar abaixo e fazer tudo novo, mas de fazer novo o velho, ter um olhar e uma postura novos diante das coisas e do lugar.

Na disposição e na decoração do espeço sagrado sua comunidade percebe a passagem de um Tempo Litúrgico para o outro ou é sempre a mesma coisa? Cada Tempo Litúrgico traz a sua espiritualidade e isso precisa estar presente também no espaço sagrado.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto