Pe. Ocimar Francatto: "A história da Oração dos Fiéis - Parte I"
Publicado em: 02/04/2018


Olá amigos e amigas!

Em plena Semana Santa estamos aqui, mais uma vez, para refletirmos sobre a Sagrada Liturgia.

Vamos continuar com nossa reflexão sobre a Oração dos Fiéis.

A Constituição Sacrosanctum Concilium nos fala que para uma boa participação na liturgia é preciso que seja “CONSCIENTE, ativa e frutuosa” (SC 11). Ter uma participação consciente significa conhecer a ação litúrgica que celebramos: sua estrutura, sua história, sua eficácia, etc.

Precisamos, antes de tudo, conhecer a história daquela ação litúrgica que fazemos. Por isso, hoje vamos refletir sobre “A HISTÓRIA DA ORAÇÃO DOS FIÉIS”. Vamos fazer isso em duas partes. Hoje, faremos a Parte I.

A oração dos fiéis não foi uma invenção da Reforma Litúrgica, do Concílio Vaticano II. É uma oração muito antiga na Igreja, tanto que o Sacrosanctum Concílio diz: “RESTAURA-SE, especialmente nos domingos e festas de preceito, a ‘oração comum’ ou ‘oração dos fiéis’ recitada após o Evangelho e a homilia” (SC 53).

A instrução (primeira) “Inter Oecumenici” (1964) para a correta aplicação da Constituição sobre a Liturgia - Sacrosanctum Concilium, diz que onde já existe o costume de fazer a oração dos fiéis que continue e “onde não existir o costume da oração comum ou dos fiéis, a competente autoridade territorial pode determinar que se faça” (56).

Houve uma influência judaica, que tinha também orações de intercessão em forma litânica.

Nos primeiros séculos do cristianismo se conheceu uma dupla oração. Uma chamada “oratio super catechumenos” (oração sobre os catecúmenos) e outra “oratio fidelium” (oração dos fiéis).

Fiel era entendido como aquele que era batizado. Os catecúmenos, ou seja, aqueles que se preparavam para o batismo (que ainda não eram fiéis, porque não tinham o batismo), participavam da celebração eucarística até a homilia. Antes do credo se fazia a “oratio super catechumenos” e dava-se uma bênção sobre eles e o diácono dá ordem que se retirem: “Catechúmenis éxeant foras!” Ficavam apenas os batizados (os féis), então se fazia a “oratio fidelium”.

Na primeira Carta a Timóteo 2, 1-4, São Paulo nos adverte: “Eu recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças, por todas as pessoas, pelos reis e todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda piedade e dignidade. Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos sejam salvos, e cheguem ao conhecimento da verdade”. É um texto universalista.

Na carta de São Clemente de Roma aos coríntios (95-96), nos números 59 a 61, quando fala no capítulo V da grande oração, temos o exemplo mais antigo da intercessão: “Salva entre nós os oprimidos. Levanta os caídos. Mostra-te aos que rezam. Cura os fracos. Liberta os nossos presos. Consola os covardes. Conheçam-te todos os povos... Pois tu, Senhor, dos céus, Rei dos séculos, dás aos filhos dos homens, honra e poder sobre o que existe na terra. Tu, Senhor, diriges sua vontade no sentido do que é bom e agradável aos teus olhos e em tua presença, a fim de que exerçam a autoridade que lhes destes na paz e mansidão, e obtenham tua graça”.

Mais tarde Policarpo de Esmirna escreveu para os filipenses, no início do século II: “Orai por todos os santos. Orai também pelos reis, pelas autoridades, pelos príncipes, por todos que vos perseguem e odeiam e por todos os inimigos da cruz, assim o fruto que tirareis será visível a todos, e sereis perfeitos nele”.

Mas isto não diz que se tratava de uma oração litúrgica.

Na próxima semana veremos, na história, os textos que falam mais especificamente da oração dos fiéis.

Hoje é Quinta-feira Santa e logo mais à tarde vamos iniciar o TÍDUO PASCAL. Onde vamos fazer memória da Paixão-Morte-Ressureição de Jesus. É a Páscoa da Ceia (Quinta-feira Santa), Páscoa da Cruz (Sexta-feira-Santa) e Páscoa da Ressurreição (Sábado Santo-Domingo de Páscoa).

Não se esqueçam que é um Tríduo, ou seja, são três celebrações diferentes que formam todo o Mistério Pascal. Ou seja, é uma única celebração que é divida em três momentos: Paixão (Quinta-feira Santa), Morte (Sexta-feira Santa) e Ressurreição (Sábado Santo). 

Não são três missas:

QUINTA-FEIRA SANTA: MISSA DA CEIA DO SENHOR.

SEXTA-FEIRA SANTA: CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR.

SÁBADO SANTO: VÍGILIA PASCAL.

Para perceber que se trata de uma única celebração basta lembrar que iniciamos com o sinal da cruz no início da Quinta-feira Santa e vamos terminar no final da Vigília Pascal, com a bênção solene da Páscoa. Ou seja: Quinta-feira Santa inicia com o sinal da cruz e termina com a Transladação do Santíssimo Sacramento, com uma saída silenciosa. A Sexta-feira Santa inicia com a prostração do sacerdote diante do altar e uma oração silenciosa e termina com uma oração sobre o povo. O Sábado Santo inicia ao redor da fogueira, com a bênção do fogo e termina com a solene bênção da Páscoa.

Desta forma você tem que participar dos TRÊS DIAS para celebrar o Tríduo Pascal, caso contrário, fará apenas uma parte e não terá nenhum significado para sua fé. Tem muita gente que só vai na Sexta-feira Santa, para o enterro do Senhor Morto. Deixa-o bem enterrado e não volta para celebrar a sua Ressurreição. E ainda diz que participou do Tríduo Pascal! Que pena!

Que não seja assim com você! Não é somente estar de corpo presente. A participação tem que ser plena. Como diz São Paulo: “com Cristo morremos, para que com Cristo ressuscitemos” (Rm 6, 3-11).

Desejo a todos uma SANTA E FELIZ PÁSCOA!

Até mais...     

 

Pe. Ocimar Francatto