Pe. Ocimar Francatto refelte sobre “O significado da Oração dos Fiéis”
Publicado em: 12/04/2018


Olá amigos e amigas!

Sejam todos e todas bem-vindos e bem vindas para mais uma reflexão sobre a nossa Sagrada Liturgia.

O nosso assunto continua sendo a Oração dos Fiéis.

Hoje vamos falar do SIGNIFICADO DA ORAÇÃO DOS FIÉIS.

O Espírito Santo que ensina a Igreja e também lhe recorda tudo o que Jesus disse, também a educa para a vida de oração (Catecismo da Igreja Católica, 2644) que exprimirá o insondável mistério de Cristo, atuando na vida, nos sacramentos e na missão de sua Igreja (CIC 2625).

Na Igreja existem vários tipos de oração. Cada uma delas tem o seu estilo e o seu significado.

O Catecismo da Igreja Católica nos mostra seis tipos de oração (2626 – 2649).

  1. A oração de bendição

Esta oração é a resposta do homem aos dons de Deus: uma vez que Deus abençoa, o coração do homem pode bendizer Aquele que é a fonte de toda a bênção.

b-) A oração de adoração

A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante de seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos fez e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. É prosternação (curvar-se ao chão, em sinal de profundo respeito) do Espírito diante do “Rei da Glória” (Salmo 24, 9-10) e o silêncio respeitoso diante do Deus, sempre maior.

c-) A oração de súplica

É uma oração de pedido que tem por objetivo: o perdão, a procura do Reino, como também toda a verdadeira necessidade.

d-) A oração de intercessão

Consiste num pedido em favor dos outros. Na intercessão, aquele que ora “não procura seus próprios interesses, mas pensa, sobretudo, nos outros” (Filipenses 2, 4). Não conhece fronteiras e se estende até mesmo por aqueles que lhe fazem mal (Lucas 23, 28-34; Atos dos Apóstolos 7, 60).

e-) A oração de ação de graças

Caracteriza a oração da Igreja, que, celebrando a Eucaristia, manifesta-se e se torna mais aquilo que é. A ação de graças dos membros do Corpo participa da de sua Cabeça. Toda alegria e todo sofrimento, todo acontecimento e toda a necessidade podem ser matéria da ação de graças que, participando da ação de graças de Cristo, deve dar plenitude a toda a vida: “Por tudo dai graças” (1Tessaloneses 5, 8).

f-) A oração de louvor

A oração de louvor, totalmente desinteressada, se dirige a Deus. Canta-o pelo que Ele é; dá-lhe glória, mais do que pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é.

A Eucaristia contém e exprime todas as formas de oração. É a “oferenda pura” de todo o Corpo de Cristo “para a glória de seu nome” (Malaquias 1, 11); segundo as tradições do Oriente e do Ocidente, “o sacrifício de louvor” (CIC) 2643).

A oração dos fiéis é uma oração de intercessão.

“O povo responde de certo modo à Palavra de Deus acolhida na fé e, exercendo a sua função sacerdotal, eleva preces a Deus pela salvação de todos” (Instrução Geral sobre o Missal Romano 69).

Existem duas idéias, nesta citação do Missal Romano: o exercício do sacerdócio comum dos fiéis e que deve estar voltado às realidades do mundo.

1. O exercício do sacerdócio comum

Na oração dos fiéis o povo de Deus, reunido no Espírito Santo para celebrar a salvação do mundo, se dirige ao Pai através do sumo sacerdote Jesus Cristo. Os fiéis se sentem como “raça eleita, sacerdócio real, nação santa” (1Pedro 2, ), que tem o direito de dizer “Aba Pai” (Gálatas 4, 6) e Jesus é o Senhor (1Coríntios 12, 3). Eles estão conscientes de que foram convidados pelo Senhor para chegar a ele quando se sentem cansados pelo peso de seu fardo (cf Mateus 11, 28) e que podem aproximar-se, com segurança, do trono da graça para conseguir misericórdia e alcançar  a graça, como ajuda oportuna (cf Hebreus 4, 6).

Exercendo assim o seu sacerdócio, o povo de Deus não se fecha dentro de si mesmo. Ele reza com seu Senhor e como Ele. Jesus rezou por Pedro, para que sua fé não esmorecesse (Lucas 32, 22). Jesus rezou pelos discípulos e por todos que, por meio de suas palavras, iriam crer nele (cf João 17, 9.20). Os fiéis rezam com o Senhor que “vive para sempre a interceder por eles” (Hebreus 7, 25). Nesta oração, a Igreja se manifesta como a grande advogada junto de Deus, com Cristo e no Cristo, da qual ela é o corpo.

2. Voltada às realidades do mundo

Na oração dos fiéis, o povo de Deus está consciente de sua responsabilidade pela salvação do mundo. Como Jesus mesmo viveu e ressuscitou por todas as pessoas, sem nenhuma restrição, assim os cristãos não devem se preocupar apenas com a sua própria salvação. A oração dos fiéis é um momento forte de vivermos nossa fé solidariamente com os outros.

É um serviço que estamos prestando aos demais. A oração não é a única maneira de viver na base desta responsabilidade. Os cristãos devem agir conforme os dons que cada um recebeu para desempenhar sua missão no mundo. Uma maneira de viver para os outros é a oração. E isso vale não apenas para os indivíduos e sim também para a Igreja, para as comunidades, sobretudo quando reunidas nas celebrações litúrgicas.

Devemos também lembrar, neste contexto, que “a liturgia é o cume para o qual tende a oração da Igreja, ao mesmo tempo, é a fonte da qual emana toda a sua força” (Sacrosanctum Concilium 10). Todos os esforços pelos outros no mundo devem, portanto culminar na oração pelos irmãos e pelo mundo. Por outro lado, da oração recebemos nós e recebem aqueles pelos quais rezamos a força de viver uma vida não para si mesmo e sim pelos outros, uma vida de doação e de amor como era a vida de Jesus de Nazaré.

Participar da oração dos fiéis é o ato litúrgico principal do sacerdócio dos fiéis, depois da participação nos sacramentos. Encontra-se uma comunhão eclesiástica na oração, da mesma maneira que se encontra uma comunhão eclesiástica nos sacramentos.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto