Pe. Ocimar Francatto: A estrutura do Hino do Glória - Parte III
Publicado em: 12/07/2018


Olá amigos e amigas!

Que alegria é ter vocês novamente aqui, mais uma vez, para refletirmos sobre a nossa Sagrada Liturgia.

Vamos dar continuidade a reflexão da ESTRURA DO HINO DO GLÓRIA. Hoje faremos a Parte III.

Na estrutura do Hino do Glória destacam-se claramente três seções:

  1. o canto dos anjos na noite santa;
  2. o louvor a Deus;
  3. a invocação de Cristo.

Já refletimos sobre o canto dos anjos na noite santa e o louvor a Deus.

Hoje vamos refletir a invocação de Cristo.

Aqui se inicia a seção cristológica, a invocação de Cristo, no estilo de bendição, que vem logo em seguida das solenes denominações de Deus.

Esta passagem do louvor de Deus para o Cristo é pouco perceptível e pode ser explicado na base da história do texto a partir da invocação trinitária que está ainda perceptível nos textos paralelos mais antigos.

Não se deve fazer uma ruptura como se aqui começasse um novo tema. O olhar agradecido dirigido para a glória de Deus leva para Cristo em quem esta glória se revelou.

Nesta seção cristológica podemos distinguir a seguinte estrutura:

a-) o tratamento em forma de bendição;

b-) a invocação em forma de ladainha;

c-) a tríplice predicação com “só vós”;

d-) o encerramento trinitário.

a-) O tratamento em forma de bendição.

As denominações de Cristo começam novamente com uma série antiga de nomes; são os mesmos com os quais começa a confissão de Cristo no Símbolo (credo) Oriental: Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito.

“Senhor” vem primeiro, com aquele forte impacto do “Kyrios” (Senhor) paulino que se revela no fim do hino no “Tu és Senhor”. Também “Filho Unigênito” foi sentido na Igreja antiga como um dos nomes mais solenes de Cristo (o filho de Deus que é “descendente dele”, não como nós, mas “de modo único”).

Segue um segundo grupo de três nomes de Cristo: Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai.

Novamente vem primeiro o nome de “Kyrios” (Senhor, Domine) no texto atual, desta vez ampliado para Domine Deus (Senhor Deus), que provavelmente quer apontar para a consubstancialidade do Filho com o Pai. A consubstancialidade é a unidade e identidade de substância das três pessoas da Trindade. É ter a mesma e única substância.

Depois segue o nome de redentor, cordeiro de Deus, o cordeiro de sacrifício que veio de Deus. Não é nenhum acaso que o nome “cordeiro de Deus”, que encerra a misericórdia mais profunda de nosso Senhor, estava vinculado, desde sempre, o clamor por misericórdia de nossas ladainhas. Também aqui sempre o tratamento por “cordeiro de Deus” uma breve ladainha.

b-) A invocação em forma de ladainha

Breve ladainha:

Vós que tirais o pecado do mundo,

tende piedade de nós.

Vós que tirais o pecado do mundo,

acolhei a nossa súplica.

Vós que estais à direita do Pai,

tende piedade de nós.

A ladainha é ao mesmo tempo predicação (pregar, aconselhar, fazer sermão) hínica e invocação suplicante: com as palavras de João Batista lembramos ao Senhor, insinuando-a apenas levemente, sua humilhação voluntária, na qual Ele tomou sobre si como cordeiro de Deus, em sua paixão expiadora, com a qual Ele tirou os pecados do mundo, mas o lembramos também do triunfo no qual Ele é exaltado “à direita do Pai”, recebendo justamente como cordeiro de Deus os jubilosos cânticos nupciais das pessoas eleitas.

Apenas assim irrompe no hino dos anjos, mais uma vez, um clamor por misericórdia, como antes no “Kyrie”: “Tem compaixão de nós, acolhe nossa súplica”. Colocamos nossos pedidos nas mãos do Filho, que os leva até o Pai.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto