Pe. Ocimar Francatto destaca "Alguns lembretes sobre o Hino do Glória"
Publicado em: 02/08/2018


Olá amigos e amigas!

Recebo todos vocês, com muita alegria, para mais uma reflexão sobre a nossa Sagrada Liturgia.

Hoje enceramos nossa reflexão sobre o Hino do Glória, por isso gostaria de fazer ALGUNS LEMBRETES SOBRE O HINO DO GLÓRIA.

1. NÃO É UMA ORAÇÃO PRESIDENCIAL.

Desta forma não há necessidade que o presidente da celebração o entoe. Outra pessoa pode iniciar o Glória (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 53).

No entanto, o texto de Lc 2, 9-14, diz que primeiro apareceu um anjo, que fez o anúncio e depois juntou-se a ele uma multidão de anjos, que cantavam. Então o presidente pode fazer a introdução: “Glória a Deus nas alturas” (primeiro anjo que fez o anúncio) e todos cantam (multidão de anjos).

A entonação feita pelo presidente da assembléia tem um sentido mais histórico e litúrgico, pois no princípio era entoado pelo pontífice, voltando-se para o Oriente, e o povo cantava-o em forma silábica de declaração.

2. POR SER UM HINO DEVERIA SER SEMPRE CANTADO.

Embora o Missal Romano (IGMR 53) diz que pode ser recitado. Sabemos que rezar o Hino, perde toda sua força poética.

3. QUANDO FOR CANTADO.

“É cantado por toda a assembléia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores ou pelo próprio grupo de cantores” (IGMR 53).

4. QUANDO FOR RECITADO.

“Deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si” (IGMR 53).

5. QUANDO É FEITO?

“É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e, ainda, em celebrações especiais mais solenes” (IGMR 53).

6. POSSO TROCAR POR OUTRO CANTO DE LOUVOR?

O Missal Romano deixa isto bem claro: “o texto deste hino não pode ser substituído por outro” (IGMR 53). Às vezes se canta um Hino do Glória em que se louva o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Mais uma vez vamos olhar o que diz o Missal Romano: “O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro” (IGMR 53).

O Documento 43 da CNBB acrescenta: “Não constitui uma aclamação trinitária” (257).

O Documento 2a da CNBB explica o porque: “Gloria é também chamado ‘doxologia maior’, em contraposição com a ‘doxologia menor’ que é ‘Glória ao Pai...” (2.2.4).

Na celebração eucarística fazemos a “Grande Doxologia”, quando “a Igreja, congregada no Espírito Santo louva o Pai e o Cordeiro”, enquanto nas outras orações fazemos uma “Doxologia Menor”, quando glorificamos a trindade: “Pai, Filho e Espírito Santo”.

Nem todo Hino do Glória que ouvimos serve para a Missa. Muitos são “doxologia menores”, onde a Trindade é louvada. Por isso é importante escolher o canto correto. E qual é o canto correto? É aquele que contem a mesma letra do Missal Romano.

A música deve sempre respeitar o texto de forma fiel. Não é lícito variá-lo, em função de uma melodia concreta. Na liturgia, o primado reside no texto, e a música está a seu serviço.

Mesmo que o canto seja com a letra do Missal Romano é bom lembrar que um hino não se alterna: estribilho-estrofe.

7. É UM HINO CRISTOLÓGICO

O Hino do Glória é um hino cristológico, pois o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Ele é o “Kyrios”, o Senhor, que desde todos os tempos habita na Trindade.

É um hino em prosa lírica. Um tesouro da oração cristã que tem sua origem nos primeiros séculos. Trata-se de uma compilação de elementos que evoluíram, mas cuja estrutura atual é muito clara.

Depois de mais de mil anos, cantamos com as palavras daquelas mesmas comunidades antigas. Sinal de comunhão que atravessa os séculos. As palavras dos anjos na noite do Natal: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lucas 2, 14).

Em cada Eucaristia, o Natal se faz presente. Lá ele nasceu na carne da história, aqui nasce no sinal do sacramento, mas é o mesmo Cristo.

Coloca alguns títulos a Deus: Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso. Isto é feito para que a criatura não se esqueça de que Ele é o Absoluto, o Mistério maior, o Criador. Então, recordar no Glória esses títulos de Deus coloca-nos na dimensão de nossa pequenez diante da majestade divina. Ele é o Rei dos céus e o Deus Pai todo-poderoso.

Alguns verbos como: louvar, bendizer, adorar, glorificar, dar graças, exprime a nossa pequenez diante de Deus. Ao mesmo tempo nos chama a levantar-se até Deus. Tudo isso por causa da sua imensa glória.

O Hino do Glória é um canto completo, tem: louvor, entusiasmo, doxologia e súplica.

Pensemos em tudo isso antes de cantar qualquer letra que aparece como Hino do Glória, e que não traz toda a riqueza que encontramos na Tradição da Igreja, que está expressa em nosso Missal Romano.

Vamos deixar de cantar os “glorinhas”, para cantar o verdadeiro HINO DO GLÓRIA.

Neste sábado dia 04 de agosto fazemos memória de São João Maria Vianney, o Santo Cura d’Ars. Ele é o patrono dos padres. Por isso no mês de agosto, que é o mês vocacional, a primeira vocação que lembramos e rezamos é a vocação para o Ministério Ordenado: Diáconos, Padres e Bispos.

Vamos, então, rezar por todos os nossos Diáconos, Padres e Bispos, de um modo especial por nosso Bispo Dom Vilson e por nosso Pároco.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto