Pe. Ocimar Francatto reflete sobre a História do Ato Penitencial
Publicado em: 30/08/2018


Olá amigos e amigas!

Mais uma vez nos encontramos para continuarmos nossa reflexão sobre a Sagrada Liturgia.

Hoje vamos refletir sobre a HISTÓRIA DO ATO PENITENCIAL, dentro da Celebração Eucarística.

Parece que durante o primeiro milênio não houve nenhum ato de preparação penitencial no começo da Eucaristia. Foi a partir do século X que entraram orações deste tom para o sacerdote e seus ministros, manifestando seus sentimentos de indignidade diante do mistério.

Entre as várias “apologias” privadas do sacerdote também foram introduzidas, aos poucos, orações penitenciais neste momento baseado sua motivação em textos bíblicos como o Mateus 5, 24 (reconcilia-se com teu irmão); 1Coríntios 11,28 (Examine-se o homem a si mesmo e assim coma o pão); Didaqué (Catecismo dos primeiros cristãos – Sec. I) – capítulo 14 (confissão dos pecados antes da celebração).

No Missal de Pio V, que vigorou na Igreja de 1570 a 1970, encontramos bem definido o momento do Ato Penitencial.

A Celebração Eucarística era repartida em duas partes:

A. ANTE MISSA

a-) Nós falamos a Deus por Jesus Cristo

Ao pé do altar

Introito – Cântico de entrada

Kyrie

Glória

Oração

b-) Deus nos fala por Jesus Cristo

Epístolas ou Leituras

Gradual, Versículo e Aleluia

Evangelho

Homilia

Credo

B. O SACRIFÍCIO PROPRIAMENTE DITO

a-) Nós nos oferecemos a Deus por Cristo

Ofertório

Consagração (Desde a Secreta até o Pai nosso)

b-) Deus se oferece a nós por Jesus Cristo

Comunhão

D. Beda Keckeisen em seu “Missal Quotidiano” nos fala que “assim assistida, a Ante-Missa se torna uma ótima preparação para o Sacrifício propriamente dito. Dispõe pouco a pouco, a nossa alma para ele, e nos comunica profundo conhecimento e alta compreensão do Mistério de Cristo”.

No Missal de Pio V, que era em latim, encontramos o sacerdote, acompanhado do acólito, que recitava ao pé do altar o Salmo 42 (“Introíbo ad altáre Dei”), o “confiteor” e o “misereatur”. Assim era descrito:

Oração preparatória

Preparamos alma pelo desejo e pelo arrependimento

Ao pé do altar

O sacerdote, ao pé do altar, diz alternamente com o ministro as Orações que seguem.

S. Em nome do Padre, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

    Subirei ao altar de Deus.

M. Do Deus que alegra a minha juventude.

SALMO 42, 1-5

S. Julgai-me, ó Deus, e separai a minha causa, da causa de gente ímpia; livrai-me do homem injusto e falso.

M. Porque Vós, meu Deus, sois a minha força. Por que me rejeitais? Por que ando triste, quando me aflige o inimigo?

S. Lançai sobre mim a vossa luz e a vossa verdade, para que elas me guiem e me conduzam ao vosso monte santo e aos vossos tabernáculos.

M. Eu venho ao altar de Deus; ao Deus que alegra a minha juventude.

S. Cantar-Vos-ei, ó Deus, Deus meu, ao som da harpa. Por que estás triste, ó minha alma, e porque me inquietas?

M. Espera em Deus, porque ainda O hei de louvar. Ele que é meu salvador e meu Deus.

S. Glória ao Padre e ao Filho e ao Espírito Santo.

M. Assim como era no princípio, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.

S. Eu venho ao altar de Deus

M. Ao Deus que alegra a minha juventude.

S. Nosso auxílio está no Nome do Senhor.

M. Que fez o céu e a terra.

O sacerdote reza o CONFITEOR

S. Eu me confesso a Deus Todo poderoso, à Bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos e a vós, irmãos, que pequei muitas vezes, por pensamentos e palavras e obras, por minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à Bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos, e a vós, irmãos, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor.

O acólito e os fiéis, estes ao menos em espírito, pedem a Deus que aceite a confissão do Sacerdote.

M. O Deus onipotente se compadeça de vós, e, perdoados os vossos pecados, vos conduza à vida eterna.

S. Amém

O acólito e os fiéis, por sua vez, fazem a sua confissão.

M. (Reza o confiteor, com uma diferença: em vez de dizer “e a vós, irmãos” diz “e a ti padre”.)

O Sacerdote pede a Deus que aceite a confissão dos fiéis: MISEREÁTUR

S. O Deus onipotente se compadeça de vós, e, perdoados os vossos pecados, vos conduza à vida eterna.

M. Amém

Absolvição

S. Indulgência, absolvição e remissão de nossos pecados, conceda-nos o Senhor onipotente e misericordioso.

M. Amém

Orações

S. Ó Deus, voltando-Vos para nós, nos dareis a vida.

M. E o vosso povo se alegrará em Vós.

S. Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia

M. E dai-nos a vossa salvação.

S. Ouvi, Senhor, a minha oração

M. E chegue a Vós o meu clamor.

S. O Senhor seja convosco.

M. E com o vosso espírito.

Subindo ao altar, diz o sacerdote a Oração seguinte:

S. Oremos: Pedimos-Vos, Senhor, afasteis de nós as nossas iniquidades, para merecermos entrar no Santo dos santos, com a alma purificada. Pelo Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Podemos perceber que este ato de arrependimento era feito antes de chegar ao altar.

Havia outro ato penitencial (de novo o “confiteor e o “misereatur”) antes da comunhão; conheciam-se casos em que este ato se situava imediatamente depois da proclamação da Palavra.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto