Olá amigos e amigas!
Acolho todos vocês com alegria para que possamos refletir um pouco mais sobre a nossa Sagrada Liturgia.
Gostaria de aproveitar este espaço para que possamos refletir sobre algo muito importante na Liturgia e que muitas vezes nós não respeitamos: O SILÊNCIO.
Vamos meditar nestes dias sobre: O SILÊNCIO = manifestação do Sagrado: na vida, na Bíblia e na liturgia.
"Se alguém me perguntasse onde começa a vida litúrgica, eu responderia: com o aprendizado do silêncio... esse silêncio é a condição primordial para toda a ação sagrada" (R. Guardini).
O Concílio Vaticano II dispensou renovada atenção ao silêncio como momento da ação litúrgica, porém, depois destes anos todos, nos alerta o Papa São João Paulo II: "após 40 anos de renovação litúrgica, chega-se a conclusão de que não se pode descuidar do silêncio na ação litúrgica" (Carta apostólica no 40º aniversário da Sacrosanctum Concilium, n 13).
Podemos perceber que um dos grandes desafios para as equipes de liturgia é, sem dúvida alguma, o cultivo da experiência do silêncio.
À medida que as equipes de liturgia foram percebendo que a liturgia era o "memorial da páscoa de Cristo e dos cristãos", então passaram a uma liturgia mais alegre e festiva, com maior participação da assembléia nos cultos, expressões corporais, aclamações.
O grande problema é que o referencial passou a ser a linguagem da televisão, dos shows, com grande apelo ao emocional e à participação externa. Criou-se uma liturgia "barulhenta", com instrumentos altos, que encobrem a voz da assembléia, muitos comentários longos e às vezes desnecessários, muitos gestos corporais, danças que não têm nada a ver com a liturgia celebrada.
A ação litúrgica pouco ou quase nada se diferencia do tumulto e da agitação do mundo. O silêncio quase não existe na ação litúrgica, não dá para perceber a passagem da vida diária à celebração litúrgica.
Convém fazer a diferenciação entre: silêncio de inércia e o silêncio comunitário. O silêncio de inércia aparece nas assembléias individualistas e informais. Não traz nenhum resultado comunitário, precisa desaparecer; enquanto que o silêncio comunitário é alimentado e preparado pelo canto e pela catequese para criar uma assembléia realmente comunitária e participativa. Já nos lembra a Introdução Geral da Liturgia das Horas que devemos evitar "introduzir um silêncio que deforme a estrutura do ofício, ou que ocasione aos participantes mal-estar ou tédio". (n. 202)
Desta forma, nesta pequena reflexão, queremos meditar e ver como Deus se manifesta no silêncio, em nossa vida, na Bíblia e de um modo especial na liturgia.
Até mais...
Pe. Ocimar Francatto