Como realizar a procissão com o Evangelho de maneira mistagógica - Parte I
Publicado em: 06/06/2019


Olá amigos e amigas!

Acolho a todos e a todas, mais uma vez, para que possamos continuar nossa reflexão sobre a Sagrada Liturgia.

Vamos refletir hoje a maneira de COMO REALIZAR A PROCISSÃO DO EVANGELHO DE MANEIRA MISTAGÓGICA. Como o assunto é longo vamos repartir por partes. Hoje faremos a Parte I.

Para que possamos experimentar e viver a procissão do Evangelho numa dimensão mistagógica, precisamos analisá-la dentro do seu contexto que é a Liturgia da Palavra.

A proclamação da Palavra tem um cerimonial, com vários elementos:

  • Há os objetos: Lecionário e Evangeliário;
  • Há os lugares: ambão, lugar da Palavra, que corresponde ao altar, lugar da Eucaristia;
  • Há os ritos: entronização do Evangeliário sobre o altar e a procissão que leva o Evangeliário do altar ao ambão;
  • Há os cantos: aclamação ao Evangelho;
  • Há os gestos: estar de pé, beijo do Evangeliário;
  • Há os sinais: velas, incenso, flores, dança.

Não se trata de aumentar a importância do rito, nem colocá-lo num pedestal de honra. Ele vale por si mesmo. Porém, canto, música e ritos podem aproximar-nos de Deus. Eis o que dá fundamento e dignidade aos ritos.

EVANGELIÁRIO E LECIONÁRIO

“Recomenda-se o antigo costume de editar separadamente o livro dos Evangelhos e das outras leituras do Antigo Testamento e do Novo Testamento” (Ordo Lectionum Missae (OLM) - Elenco das Leituras da Missa, 113).

A liturgia privilegia a proclamação do Evangelho, nas celebrações: “a leitura do Evangelho constitui o alto da Liturgia da Palavra” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 60). As outras leituras não são menos importantes, pois são Palavra de Deus, presença do Espírito, mas o Evangelho revela a presença do Cristo, centro da Escritura.

O Evangeliário é o verdadeiro “sinal de Cristo”, um símbolo de sua palavra sempre viva e salvadora, por isso deve ser um livro bonito diferente dos outros (Ordo Lectionum Missae (OLM) - Elenco das Leituras da Missa, 36). Não é luxo, mas tem que se distinguir dos outros livros de leitura. O Lecionário também tem sua beleza (Ordo Lectionum Missae (OLM) - Elenco das Leituras da Missa, 35). Desta forma não devem ser substituídos por folhetos (Ordo Lectionum Missae (OLM) - Elenco das Leituras da Missa, 37). Que bom que toda a celebração pudesse ser como a epifania da beleza de Deus no meio do seu povo.

O RITO

O Missal Romano prevê a deposição do Evangeliário sobre o altar, antes da proclamação do Evangelho: na procissão de entrada (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 122) ou depois das leituras, antes da proclamação do Evangelho (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 133).

Por que o Evangeliário tem que estar no altar?

Além de significar a união das duas mesas, dos dois momentos da celebração Eucaristia, que constituem um só ato de culto (Sacrosanctum Concilium, 56; Dei Verbum, 21), tem um significado ainda maior.

“O altar, onde se torna presente o sacrifício da cruz sob os sinais sacramentais, é também a mesa do Senhor na qual o povo de Deus é convidado a participar por meio da Missa; é ainda o centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia” (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 296).

“Cristo, Cabeça e Mestre, é o verdadeiro altar” (Ritual da Dedicação de Altar 02). Até os séculos IX e X somente a Eucaristia e o Evangeliário gozavam do privilégio de serem colocados sobre o altar.

Quando o sacerdote (diácono) tira o Evangeliário de cima do altar, dá a entender que as palavras que vai proclamar não são suas, mas de Jesus (Sacrosanctum Concilium, 07).

O altar é também o centro da assembléia celebrante. É deste centro que se enraíza a palavra de Jesus. É desse centro que ela se irradia sobre a comunidade.

É preciso que apareça sobre o altar o Evangeliário e o Corpo Eucarístico do Senhor. Embora o Missal Romano prevê que também possam ficar sobre o altar as velas e a cruz (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 307 – 308), o senso litúrgico sugere que possam ficar perto dele, que também é previsto no Missal Romano (Instrução Geral sobre o Missal Romano, 307 – 308), pois não se colocam castiçais ou cruz sobre aquilo que se venera como “sinal de Cristo”.

Os demais objetos: galhetas de água e vinho, lavabo, imagens, bandejas para âmbulas, copo com água... não podem ficar sobre o altar, pois se assim fizermos estaremos transformando o altar em depósito e aniquilamos o seu simbolismo. Fazer com que o altar seja sinal de Cristo e centro da comunidade celebrante. É claro este simbolismo do Evangeliário se torna presente quando aparece em primeiro lugar o simbolismo do altar.

Até mais...

 

Pe. Ocimar Francatto