CNBB
A 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) entrou para a história como a primeira a ser realizada totalmente de forma virtual, numa plataforma on-line. Os bispos conectados de Norte a Sul do Brasil, enfrentando as dificuldades com sistemas e a rede, encarando as novidades impostas pelos tempos de pandemia, mas no desejo de aumentar o espírito fraterno e a unidade na diversidade em vista do anúncio de Jesus Cristo. Sobre essas e outras questões, vários pastores partilharam suas impressões sobre o encontro.
Em entrevista divulgada nas redes sociais da Conferência, ainda na sexta-feira, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, ressaltou a importância e necessidade de os bispos se reunirem. “O importante é, pelo menos uma vez por ano, parar e fazer assembleia. Parar, nos encontrar, até virtualmente, para ouvir o que o Senhor tem a nos dizer. Parar e ouvir, na linguagem bíblica, o que o Espírito tem a dizer à Igreja no Brasil. Eu diria que este foi o grande aprendizado não importa tanto o modo, importa o que se faz. Parar, ouvir o Senhor, ouvir o seu Espírito e sair em missão”, disse.
O arcebispo de Mariana (MG), dom Airton José dos Santos, membro da Comissão Ad Hoc de Canonistas que orientou a Presidência da CNBB na preparação da assembleia, comentou que o formato virtual facilitou a comunicação e otimizou recursos econômicos, financeiros, tecnológicos, operacionais e humanos”. Por outro lado, citou como perda o relacionamento humano “que, nas reuniões, encontros e, especialmente, no conjunto da Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, é intenso pela sua própria natureza”.
Para dom Airton, a assembleia virtual foi uma experiência interessante e, para os objetivos propostos, respondeu adequadamente: “Pudemos experimentar um novo modo de nos organizarmos utilizando os recursos da tecnologia da informação, da internet e das mídias sociais. Neste sentido, penso que aprendemos a estar neste tempo de modo mais consciente, pois nos exige certa proximidade e conhecimento das ferramentas para o trabalho”.
O arcebispo ainda comentou sobre aprendizados: “De modo muito tranquilo, penso que cada um de nós aprendeu aproveitar destes meios para continuarmos nosso trabalho de evangelização e de contato com os fiéis de nossas Dioceses”.
Confira a entrevista na íntegra.
Bispo da prelazia mais jovem do Brasil, dom Jesús María López Mauleón está à frente de Alto Xingu (PA) desde fevereiro de 2020, quando a Igreja Particular foi criada. A 58ª Assembleia Geral da CNBB foi a primeira da qual participou. Para ele, “foi uma experiência rica, de conteúdos eclesiais e sociais fundamentais, recheada de reflexões aprofundadas, o que facilita poder caminhar em comunhão como Colégio Apostólico a serviço do Reino de Deus e da sociedade brasileira”.
Na entrevista, publicada no site do Regional Norte 2 da CNBB, dom Jesús partilha que o que mais o marcou foi a riqueza humana e espiritual da CNBB: “A visível fraternidade e respeito entre os bispos, a harmonia das equipes de comissões, o grande nível dos textos e profunda reflexão que acompanha os comunicados, a sabedoria e santidade dos irmãos do episcopado, a meticulosa programação e eficiência em toda a Assembleia”, citou.
O arcebispo da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta, comentou sobre a assembleia em um programa da Rádio Catedral, do qual também participou dom Joel Amado. Para o cardeal, o formato diferente teve bons resultados: “Um formato novo, diferente, sem aquela presença, mas que felizmente deu os resultados. São experiências que nós vamos levar para o futuro”. Dom Orani também ressaltou que as reuniões virtuais evitam deslocamentos, por exemplo. Ele parabenizou dom Joel Portella Amado pela condução da Assembleia Geral.
Em São Paulo, o bispo de Mogi das Cruzes e presidente do Regional Sul 1 da CNBB, dom Pedro Luiz Stringhini, reconheceu “o empenho e a eficiência da presidência e assessoria” da CNBB na organização do encontro episcopal. “Desta forma, a Igreja no Brasil se esforça, por todos os meios, para responder aos desafios de sua missão evangelizadora”, ressaltou dom Pedro.
“A assembleia é sempre um forte momento de amizade e fraternidade, comunhão e unidade, oração e espiritualidade, aspectos esses que, nessa assembleia, encontraram eco na palavra sinodalidade. Separados pelas grandes distâncias, no imenso território nacional, os bispos esperam com ansiedade por esse encontro anual e o apreciam”, comentou.
Em entrevista à Rádio Rio Mar, o bispo auxiliar de Manaus (AM), dom José Albuquerque, destacou que a 58ª Assembleia Geral da CNBB foi uma experiência nova, que valeu muito a pena, mas com “ganhos e perdas”.
“Penso que foi um momento muito forte, de muita comunhão episcopal vivida cada um do seu lugar. Isso facilitou por um lado, mas a gente sabe que nas periferias do nosso país as conexões de internet falham, são muito instáveis, mesmo assim deu para perceber que a grande maioria pôde participar bem em todos os momentos da Assembleia”, comentou.
O bispo de Rio Grande e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, avaliou a assembleia deste ano como um momento histórico, “não só pela qualidade do tempo que percorremos juntos de maneira virtual e online, mas também pela importância dos temas que foram tratados e ali aprofundados com a sua devida seriedade e devido comprometimento”.
Dom Ricardo manifestou em comentário divulgado pelo Portal Vida e Família a alegria em ter participado do encontro e destacou que esta Assembleia “demonstrou claramente o quanto nosso podemos superar os momentos de crise com criatividade com a tecnologia e não deixamos em nada a qualidade e o aprofundamento dos temas”.
O auge do encontro, segundo o bispo, foi na quinta-feira, quando após o retiro conduzido pelo arcebispo de Boston, nos Estados Unidos, cardeal Sean O’Malley, os bispos receberam a mensagem do Papa Francisco. “Foi um momento emocionante que todos nós sentimos a presença do Papa aqui em nosso meio”, partilhou.
CNBB