Ainda neste tempo de pandemia, quando somos convidados a fazer de nossa casa um Templo queria refletir este tema: UM POVO SACERDOTAL QUE CELEBRA NO TEMPLO DE SUAS CASAS.
Todos nós, que fomos batizados, nos tornamos um POVO SACERDOTAL. O que nós chamamos de “Sacerdócio comum do povo de Deus”.
“Vós sereis para mim um REINO DE SACERDOTES e uma nação santa” (Êxodo 19,6).
“Vós sois a gente escolhida, o SACERDÓCIO RÉGIO, a nação santa, o povo que ele conquistou, a fim de que proclameis os grandes feitos daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa” (1Pedro 1,16).
Em poucos dias, por causa da Covid-19, tivemos uma mudança radical em nossas vidas:
NOSSO RELACIONAMENTO HUMANO: Tão fraterno e espontâneo, não pode mais existir: nem abraços, aperto de mãos, um beijo... Tivemos que fazer o isolamento social. Não podemos mais nos encontrar com as pessoas.
NOSSO RELACIONAMENTO COM DEUS: Não podemos mais nos reunir para celebrar, para a catequese, para os encontros de aprofundamerto da fé, as reuniões para planejar a vida pastoral, para organizar o serviço da caridade.
Muitas pessoas começaram a se perguntar: e agora, o que faremos? Ficamos sem celebrar? Ou, ainda, como de fato celebrar em família, particularmente marcados pela insegurança, o medo e a concreta possibilidade da morte?
Então fomos convidados a exercer a função sacerdotal que recebemos no batismo, transformando a nossa casa num Templo.
Fazendo uma memória da história da nossa fé, veremos que a vida religiosa, e consequentemente celebrativa, girava em torno da casa:
PÁSCOA: nas suas origens, foi uma festa de pastores, celebrada EM FAMÍLIA. Êxodo 12, 1-14 conserva os costumes mais antigos: matar o cordeiro, função exercida pelo pai de família; aspergir o sangue sobre as portas das casas, para proteger a família contra o flagelo destruidor; comer o cordeiro EM FAMÍLIA ou, caso esta fosse pouca numerosa, com os vizinhos.
PÁSCOA DE JESUS: Jesus, também, irá a uma casa para celebrar a Páscoa: “O meu Mestre diz: ‘O meu tempo está próximo. Em TUA CASA irei celebrar a Páscoa com meus discípulos’. Os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara e prepararam a Páscoa” (Mateus 26, 18b-19).
TARDE DA RESSURREIÇÃO: Na tarde daquele mesmo dia, aos discípulos, reunidos, EM CASA, às portas fechadas, por medo dos judeus, Jesus se manifestou, dando-lhes a paz e enviando-os em missão, no Espírito (João 19-23).
APÓS A ASCENSÃO DO SENHOR: Os discípulos continuaram a se reunir em Jerusalém, na “SALA SUPERIOR”, onde, “unânimes perseveravam na oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus” (Atos dos Apóstolos 1, 12-14).
DIA DE PENTECOSTES: Foi nesta CASA, que o Espírito Santo se manifestou, no dia de Pentecostes (Atos dos Apóstolos, 2, 1-4).
AS PRIMEIRAS CELEBRAÇÕES EUCARÍSTICAS: Os que se converteram a Jesus “mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão (Eucaristia) e às orações (...) Partiam o pão pelas CASAS, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração” (Atos dos Apóstolos, 2, 42.46).
Como podemos ver, a casa também servia para ser celebrado um rito litúrgico. Desta maneira é possível fazer de nossa casa um TEMPLO.
É possível rezar sozinho e, inclusive seguir um rito litúrgico, lembrando que a ação ritual requer aquele mínimo proposto por Jesus: pelo menos duas pessoas reunidas em seu nome (Mateus 18,20).
Participe da Missa em sua casa como se estivesse na Igreja:
acenda uma vela,
participe dos movimentos que a assembléia faz (em pé, sentado...),
reze junto com a assembleia as orações propostas na missa...
Pode também fazer um rito litúrgico: Terço, Novena, Celebração da Palavra de Deus...:
sempre com mais de duas pessoas,
crer na força do rito,
ter um “espaço celebrativo” – “um cantinho”,
cultivar o recolhimento e o silêncio.
Façam de suas casas um TEMPLO VIVO DE DEUS, uma “IGREJA DOMÉSTICA” e que vocês leigos e leigas, pela força do batismo que receberam, possam exercer a sua FUNÇÃO SACERDOTAL.